Uma Pequena Reflexão Sobre Viajar:

Desde o início da humanidade que viajamos. Primeiro para sobreviver, mais tarde para conhecer, por fim para crescer. Podemos viajar andando ou pensando, mantendo-nos firmes no mesmo local ou percorrendo o mundo.
Como diz Álvaro Campos:

“Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,”

- Álvaro de Campo, in Poemas

Através deste excerto percebemos que viajar pode ser muito mais que visitar espaços físicos. Viajar pode ser percorrer memórias antigas, reviver o nosso passado, visitar os nossos momentos mais felizes e marcantes. Podemos ainda viajar pelo passado. Ao visitarmos locais históricos, museus ou mesmo lendo manuais de História, conseguimos experienciar os mistérios da Idade Média, sentir o calor e a suavidade das pinturas de Miguel Ângelo ou até saborear as notas dançantes de Mozart. Viajar é refletir sobre tempos, ideais e ideias. Criar momentos únicos que desafiam as leis da física e do real, mundos mágicos ou futuros distópicos. Ou simplesmente esvaziar a mente de todo o ruído interior.
No entanto, o que é que nos impulsiona a viajar sem sair de um lugar? Será um cheiro do passado, um manear clássico, um sorriso há muito esquecido? Os sentidos podem, sem dúvida, alimentar as melhores viagens, aquelas que embora sem valor monetário, exigem o máximo dos nossos sentimentos e criam saudade, arrependimento e felicidade… Aquelas que, fazendo-nos “sentir tudo excessivamente”, nos levam a reviver os nossos maiores desejos e pesadelos. Um livro, um filme ou mesmo uma música, também nos podem dar um bilhete para uma viagem emocionante, por “mares nunca de antes navegados”, transportados por uma “passarola” de um “voador”, ou seguindo Carlos até ao seu consultório no Rossio. Por fim, um espaço físico, como já referido anteriormente, pode transportar-nos no tempo, provando que as viagens no tempo são, há muito, uma realidade.
Já todos sabemos quais as vantagens de visitar novos locais. Ganhamos mais cultura, experiência, somos confrontados com realidades e perspetivas diferentes, e é uma excelente maneira de aprender de forma divertida. No entanto, quais as vantagens destas viagens mentais? Primeiramente, ajudam-nos a conhecer o nosso interior. Quando recordamos memórias ou refletimos sobre a nossa vida ou decisões, apercebemo-nos das nossas qualidades, manias e defeitos e, assim, conseguimos entender e mudar atitudes, bem como comportamentos menos corretos. Mais ainda, a nossa criatividade aumenta, ao fazer-nos imaginar diferentes situações. Pode ser ainda um mecanismo anti-stress, ajudando a libertar a tensão do quotidiano, visto que ao esvaziarmos a mente, permitimos que o nosso cérebro tenha uma pausa da quantidade de informação com que é bombardeado diariamente.
Em jeito de conclusão, viajar ajuda-nos a perceber o eu e o tu, o meio e as tradições, a relaxar e a compreender o mundo, e o que o transcende. Pode curar-nos, aumentar o nosso conhecimento ou, simplesmente, levar-nos pela mão à conquista de novos mundos. Faz parte do nosso ser e, como tal, é necessário viajar.


Inês Pires, 4º ano

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