Sou quem sou, ponto final


Cartaz: Maria Gomes, 5º ano e Fotografia: Andreia Nossa, Erasmus 2020/2021

Sociedade esta exigente,

Que cuida da vida de além,

Quando os telhados da sua própria gente,

Se perdem e ficam aquém.

Longínqua vejo a ternura

Parco vejo o respeito

O que interessa se no arco-íris uns veem a liberdade crua,

Enquanto noutros apenas três cores lhe brilham no peito?

Sejamos quem somos minha gente,

Preguemos para que a liberdade nos acompanhe sempre,

Deixemos ser quem quiser ser

Destranquemos armários,

Deixemos ser quem quiser ser

Deixemo-nos de amarras,

Deixemos ser quem quiser ser

Respeitemos todas as bandeiras,

Aceitem quem são,

Aceitem o outro, aquele, o tal,

E gritem a pleno pulmão:

Sou quem sou, ponto final.


Andreia Nossa Ferreira, Erasmus 2020/2021

Guardo tudo para mim...



Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Guardo tudo para mim... 

Tudo não, mas tudo o que realmente importa. 

Sorrisos superficiais não mostram bem-estar real, mas ninguém o sabe. 

Guardo para mim porque é demasiado complicado explicar o que sinto. 

Guardo para mim porque ninguém quer saber dos meus dramas. 

Guardo para mim porque tenho medo de afastar quem gosto ao mostrar a essência do meu ser. 

Guardo para mim por todas as razões estúpidas que possam encontrar. 

Mas guardo.

E vou continuar a guardar.

Guardo até explodir. Ninguém vê, mas eu sinto. Notam talvez uma certa infelicidade que a dada altura já não dá para esconder com sorrisos, mas nada mais. Nada mais porque se perguntam "Está tudo bem?", a resposta é imediata. Formatei-me para responder "sim". Raramente é verdade, mas as pessoas aceitam e eu agradeço.

Guardo, guardo, guardo. Às vezes escrevo, ponho por palavras, mas guardo o que escrevo. E nunca ninguém sabe. É mais fácil assim. 

Enquanto guardar, está seguro. E enquanto estiver seguro, está tudo bem. Está tudo bem se ninguém souber que não está nada bem. 

O importante é nunca ninguém saber, só eu, que guardo tudo para mim. 



Fonte anónima (o importante é nunca ninguém saber)