Número de vagas para ingresso em 2022: 51
Número de vagas para ingresso em 2021: 53
Classificação normalizada do último colocado em
2021: 74,774
Número de vagas para ingresso em 2020: 65
Classificação normalizada do último colocado em
2020: 67,197
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto
interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia de um Interno de
Formação Geral (IFG) no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga varia bastante
com a rotação em que nos encontramos.
Comecei pela rotação de
Medicina Geral e Familiar, o que no ano de 2020, considero uma vantagem, pois
os primeiros meses do ano permitiram uma normalidade que não se verificou
após o aparecimento dos primeiros casos de COVID-19 em Portugal. Nesta
rotação estamos alocados a um especialista e cumprimos o horário que a ele
lhe está atribuído, seja consulta programada, consulta aberta e até
acompanhamento nas saídas para consulta ao domicílio.
Na rotação de Cirurgia Geral, pertencemos a
uma equipa. Assim, o trabalho deixa de ser “de um para um”, e passamos a
trabalhar com um conjunto de pessoas fixo. Desde o internamento, consulta,
urgência e pequena cirurgia, somos chamados a participar ativamente em tudo.
Se o interesse for por áreas cirúrgicas e for importante saber se é dado
tempo no bloco, a resposta é sim. Não foi a experiência que tive, dadas as
circunstâncias (limitação do número de pessoas no bloco operatório), mas
conforme a evolução da pandemia houve colegas que tiveram oportunidade até
de participar em cirurgias.
Medicina Interna foi vivida
nos meses de verão, ou seja, foi o mais aproximado da experiência comum a
anos anteriores, pois foi uma fase calma na evolução da pandemia. Voltamos a
estar atribuídos a um especialista, mas esta é, na minha opinião, a
rotação em que mais autonomia temos. O trabalho é feito em conjunto com o
médico especialista que nos acompanha, mas em trabalho de equipa. A minha
rotina era ao início da manhã dividir entre as duas os doentes que pertenciam
à minha tutora, passava visita e no final da manhã discutia os doentes com
ela. Permitia uma dinâmica de autonomia e aprendizagem enorme, pois para além
de o trabalho feito ter impacto, o momento de discussão permite resolver
dúvidas vistas na prática. A urgência, uma vez por semana, é feita em turno
contra-lateral com o tutor de forma a que o internamento seja sempre
assegurado.
No Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, dão-nos a oportunidade de fazer um mês de uma optativa, que
completa os 4 meses de Medicina Interna (3 meses de Medicina Interna + 1 mês
de optativa). No meu caso, a escolha foi Neonatologia, mas a lista é grande,
desde Cuidados Intensivos, Psiquiatria, Cardiologia, Medicina Física e de
Reabilitação, Oncologia, entre outras. Nestas, o horário e dia-a-dia são
definidos com o serviço e por isso, muito variável.
Por fim, a rotação de
Pediatria, acabou por, no meu caso, ser a mais prejudicada pela pandemia. A
rotina, em teoria, não foge muito à de Medicina Interna, desde a alocação a
um tutor e acompanhamento da rotina do mesmo (consulta e urgência), até às
manhãs passadas no internamento. Contudo, pela necessidade de integração dos
IFGs em turnos COVID, a experiência não foi vivida por inteiro, acabando
apenas por assegurar os turnos de urgência da Pediatria e as consultas com o
tutor.
2) Faz noites?
Em todas as rotações
hospitalares (Cirurgia Geral, Pediatria e Medicina Interna), os Internos de
Formação Geral fazem noite. É atribuído um turno de urgência uma vez por
semana, e é rotativo, uma semana é de dia e na seguinte, noite. Ou seja, são
feitas duas noites por mês.
3) Tem autonomia para tomar decisões
clínicas?
Por inerência ao próprio
Internato de Formação Geral, não é suposto ter autonomia para decisões
clínicas. Há sim uma autonomia relativa, se assim o puder chamar. Por
exemplo, no Serviço de Urgência de Medicina Interna foram-me atribuídos
doentes. Contudo, qualquer decisão deveria passar por um elemento mais velho,
seja decisões diagnósticas, como decisões terapêuticas. Apesar de ser tida
em conta a minha opinião e sugestão, não podia decidir sem discutir com um
elemento mais velho primeiro (o que nessa fase, não deixa de ser uma
segurança extra).
4) Como é a relação médico
interno-médico especialista?
A relação médico
interno-médico especialista é como qualquer outra relação humana. É
altamente dependente da personalidade de ambas as partes. Há pessoas mais
dadas e outras menos. Contudo, no que diz respeito à relação profissional é
muito boa. Regra geral, há um grande interesse em passar conhecimentos e
contribuir para uma melhor formação dos recém-formados.
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser
efetuadas as rotações?
A maior parte da formação
centra-se no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga. Contudo, em algumas
rotações (e dependendo das deslocações do tutor) pode haver atividades que
decorram noutros polos, como o Hospital de São João da Madeira, Hospital de
Oliveira de Azeméis (consulta externa essencialmente) ou no Lenitudes
(optativa de Oncologia).
Quanto às USFs, estas estão
incluídas em duas ACES (ACES Entre Douro e Vouga I - Feira e Arouca e ACES
Entre Douro e Vouga II - Aveiro Norte). As USFs e respetivos números de vagas
dependem do ano em questão. Há USFs que estão na mesma rua do hospital, mas
há também aquelas que implicam deslocação até Arouca. A escolha é feita,
normalmente, pela ordem correspondente à nota de entrada no internato.
6) Há flexibilidade para conjugar o
internato de formação geral com outras atividades, por exemplo
investigação?
O ano de Formação Geral é a
oportunidade ótima para investir em atividades extra. Há um horário, há
responsabilidades a cumprir, mas no fundo acabando o horário, acaba o
trabalho. Raramente, é necessário o cumprimento de horas extras e o trabalho
fica no hospital, não vem para casa. Assim, há tempo para investir em várias
coisas. Acredito que uma delas seja a investigação, não tenho grande
perspetiva para revelar, pois não a procurei, desta forma não faço ideia se
é um procedimento fácil ou sequer possível. Mas se o problema for a falta de
tempo, não me parece que seja um obstáculo inerente ao trabalho desenvolvido
pelo IFG.
7) Quais são as vantagens e desvantagens
de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
As vantagens são várias, algumas
que me lembro, são, entre outras, as seguintes: bom acompanhamento do serviço
administrativo do internato, bons acessos, estacionamento gratuito, boa
organização dos horários e formações obrigatórias no ano de formação
geral, inclusão e integração no trabalho pelos serviços.
As desvantagens são
essencialmente devidas a não se tratar de um hospital central: não inclui
todas as especialidades, a partir de um certo horário, não há especialidades
ou alguns meios complementares de diagnóstico disponíveis e há pouco
estímulo no ganho de autonomia.
8) Que conselho daria a um finalista de
medicina que está prestes a fazer essa escolha?
São muitos os fatores que
vão ponderar quando estiverem a escolher o local para um ano que se anseia
incrível. Pensem em cada um deles, nos prós e contras. Eu fiz uma lista do
que era importante para mim, coisas como ser perto o suficiente para poder
ficar em casa (poupar em alojamento), bons acessos, estacionamento fácil e de
preferência gratuito. Depois queria sair do que estava habituada, tirei o
curso no ICBAS, queria tentar fugir dos centrais e conhecer outras
perspetivas. São muitos os motivos para a escolha e nenhum errado! Pensem no
que vos fará mais felizes e realizados e de certeza que vão escolher bem.
Testemunho da Dra. Ana Rita Matos Guerra
IFG no Centro Hospitalar de Entre Douro e
Vouga, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/11/centro-hospitalar-de-entre-douro-e.html
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