Número de vagas para ingresso em 2022: 44
Número de vagas para ingresso em 2021: 45
Classificação normalizada do último colocado em
2021: 78,664
Número de vagas para ingresso em 2020: 50
Classificação normalizada do último colocado em
2020: 85,077
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno
nesse centro hospitalar?
O meu ano de formação geral
foi muito atípico devido à pandemia, portanto é possível que o meu dia-a-dia
nesse ano não tenha sido uma boa representação daquilo que é um ano normal no
Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (HFF).
Para contextualizar, o hospital é distrital, mas serve uma população
quase equivalente a um central, devido à população dos concelhos de Amadora e
Sintra. Isto significa uma grande exigência de recursos humanos no hospital,
mas que não se reflete muito no dia-a-dia de um IFG, pois somos mais ou menos
poupados nesse aspeto. Como todos os hospitais, o quotidiano depende da rotação
em que cada um está inserido. Assim:
- Medicina: existem quatro
serviços, cada um com as suas especificidades. No global, é uma rotação que
pode ser trabalhosa mas que é muito gratificante pelo conhecimento que
adquires. A maioria gosta bastante de fazer Medicina no HFF, seja no 6º ano
como estágio clínico seja na formação geral, por ser um ambiente propício de
aprendizagem. Na maioria das vezes, existe um bom equilíbrio entre autonomia e
apoio do teu tutor (claro, depende muito com quem ficas). Nos bancos, estamos
essencialmente responsáveis por camas na Sala de Observação, sendo que algumas
equipas podem colocar-nos nos balcões (mas não é a norma). Os bancos de
medicina do HFF são famosos por serem caóticos, mas penso que os IFGs não
sofrem muito com esta sobrecarga no Serviço de Urgência.
- Cirurgia: os IFGs estão
fundamentalmente responsáveis pela enfermaria.
Existem normalmente duas passagens (manhã e final da manhã) com um
assistente para se discutirem os doentes. Têm algum apoio de internos, mas o
trabalho é feito muito entre IFG. No final da manhã/início da tarde o trabalho
costuma estar feito e vamos cedo para casa. Nos bancos, estás essencialmente na
pequena cirurgia, e tens quase sempre alguém para te orientar (interno ou mesmo
um tarefeiro) e que te deixam suturar e fazer vários gestos (drenagem de
abcessos, tratamento úlceras, etc). Não é costume os IFGs estarem integrados no
bloco operatório, mas se estiverem com interesse podem perguntar aos
assistentes que costumam deixar sem problema.
- Pediatria: o serviço é
tranquilo, e estamos alocados na enfermaria e SU. Não existe grande autonomia,
estamos muitas vezes com um interno, e por vezes podemos escrever os diários
dos doentes. A carga horária desta rotação costuma ser bastante leve.
- Medicina Geral e
Familiar/Saúde Pública: depende muito do tutor, mas é um dia-a-dia transversal
a quase todos, acompanham o tutor nas consultas, por vezes podem dar vos
autonomia para fazer consultas.
2) Faz noites?
No meu ano apenas se faziam
noites nos bancos de Medicina Interna.
3) Tem autonomia para tomar decisões
clínicas?
Legalmente, os IFGs não têm
autonomia para tomar decisões clínicas de forma independente. No HFF, não
existe problema em expressar o nosso raciocínio clínico e sugestões em relação
à abordagem do doente com os assistentes, sendo uma componente bastante boa
para aprendizagem. Claro que em certos contextos podemos estar mais
desacompanhados, nomeadamente no Serviço de Urgência, mas não se deve ter medo
de perguntar a um interno mais velho ou assistente, pois os doentes depositam a
sua confiança em nós e as decisões devem ser acertadas e bem fundamentadas.
4) Como é a relação médico interno-médico
especialista?
Como disse na pergunta
anterior, por norma a relação é muito boa e é uma das valências que o HFF tem.
Sendo um hospital relativamente recente, está composto por muitos jovens
especialistas que têm o bichinho da formação médica. Não quero com isto dizer
que não possa haver alguns casos em que a comunicação pode não ser a mais
fácil, mas isso é igual em todo o lado.
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser
efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são
feitas no HFF. Quanto às USFs, podemos escolher entre o ACES Amadora e ACES
Sintra, sendo depois colocados nas várias USFs dessas zonas (não é uma escolha
nossa qual a unidade).
6) Há flexibilidade para conjugar o
internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Tirando uma ou outra rotação,
a carga horária não é exagerada, e portanto é perfeitamente compatível conjugar
o internato geral com outras atividades. Em relação à investigação, se a
pergunta é se existem oportunidades evidentes para integrar trabalhos de
investigação, então a resposta é negativa. No entanto presumo que, caso haja
interesse, exista sempre a possibilidade de falar com o assistente e elaborar
algum trabalho numa área particular.
7) Quais são as vantagens e desvantagens
de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
Vantagens: Em termos
formativos, é um ótimo sítio para aprenderes. O ambiente é tranquilo na maioria
dos serviços, e por ser distrital todos se conhecem uns aos outros, sendo muito
mais fácil pedires a colaboração de outras especialidades, havendo mais
entreajuda do que por exemplo um hospital universitário central. O número de
IFGs também é reduzido, havendo um sentimento de grupo e mais facilidade na
criação de amizades. De destacar também o Internato Médico, que tem um papel
ativo no apoio dos internos, ao contrário de alguns hospitais.
Desvantagens: Por ser um
hospital distrital cuja população é enorme, a afluência ao SU é exagerada e
leva a que o hospital se torne mais centrado na urgência do que noutros
aspetos. Isto torna evidente alguma falta de organização nos quadros superiores
e a tomada de decisões que são no mínimo polémicas. No meu ano, com a pandemia,
a escassez de recursos humanos tornou-se mais gritante, e foi necessário
realocar os IFGs noutras tarefas relacionadas com o COVID-19 (penso que tenha
sido um problema nacional). Não sei como será no futuro, mas penso ser importante
terem em a pandemia em consideração.
8) Que conselho daria a um finalista de
medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Concluindo, penso que o HFF é
um local bastante bom para fazer o internato geral. Nenhum hospital vai ser
perfeito, vão sempre haver deficiências e críticas que podemos fazer. O HFF não
é de todo perfeito, mas tem um bom equilíbrio entre a componente formativa e
vida pessoal. A norma é sair cedo e não ficamos muitas vezes sobrecarregados.
Aconselho-vos a falarem com pessoas de outros hospitais, e várias pessoas do
mesmo hospital, pois a opinião e perspetiva podem diferir. Pensem se querem um
hospital distrital ou central e se junto da vossa área de residência ou noutra
cidade. Juntem as vantagens e desvantagens de cada um e façam a vossa decisão!
Testemunho do Dr. André Jin Ye
IFG no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca,
E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/11/hospital-prof-dr-fernando-fonseca-epe.html
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