Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 39

Número de vagas para ingresso em 2021: 38
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 54,886

 
Número de vagas para ingresso em 2020: 39
Classificação normalizada do último colocado em 2020: Não fechou
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia no Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada (HDES) é bastante variável consoante o Serviço/Especialidade e – mesmo no mesmo Serviço/Especialidade - consoante o tutor, o dia da semana e a quantidade de trabalho que existe para fazer, como em qualquer outro sítio.
De forma geral:
- O estágio de Pediatria divide-se em duas componentes. Duas semanas de Berçário e as restantes no Internamento de 2ª Infância. O Internamento propriamente dito (2ª infância) tem sido tendencialmente calmo, pelo menos este ano (eventualmente devido à diminuição das infeções por fecho das escolas/uso de máscara), com menos crianças internadas do que seria de esperar. Assim, após redigir as notas de entrada, observar as crianças internadas e elaborar os seus respetivos diários clínicos, temos oportunidade de observar consultas das várias subespecialidades (existindo abertura para assistir a consultas que não as do tutor que nos foi atribuído). Geralmente, existe uma grande flexibilidade para gerir o tempo de trabalho após completar o trabalho do Internamento. Durante as 2 semanas que passamos no Berçário, passamos por uma fase de observação (1/2 dias, de acordo com o conforto de cada um) e posteriormente assumimos a observação dos recém-nascidos na admissão e restantes dias (à exceção do dia da alta, em que são sempre observados por um especialista). Por fim, é realizada a apresentação de um trabalho de grupo para apresentação final do estágio, sobre um tema à nossa escolha, pertinente neste contexto.
- No estágio de Cirurgia Geral, a atividade de dia-a-dia realiza-se em 3 planos: Internamento (onde elaboramos as notas de admissão, diários e notas de alta, sob supervisão do nosso tutor e dos internos da especialidade), o Bloco Operatório (onde existe – de forma geral – uma abertura constante para a nossa observação/participação, de acordo com o interesse de cada um) e a Consulta (altamente variável de tutor para tutor). Por fim, a avaliação consiste na apresentação de um trabalho na reunião de Serviço (este ano, realizado a pares) sobre um tema à nossa escolha, e elaboramos um relatório final de estágio (com o intuito de nos preparar para a elaboração deste tipo de relatórios ao longo do restante Internato) que é discutido com o tutor e a Chefe de Serviço.
- No estágio de Medicina Geral e Familiar, a experiência dependerá (ainda mais) de cada tutor e Centro de Saúde, especialmente no que diz respeito a autonomia na realização de consultas e procedimentos. No entanto, de forma geral (na minha experiência e de outros colegas), o estágio consiste maioritariamente na observação de consultas (de Saúde de Adulto, Saúde Infantil e Saúde da Mulher) – presenciais e teleconsultas – e na realização de contactos indiretos, nomeadamente transcrição de resultados de exames complementares de diagnóstico, notas de alta de internamentos, relatórios cirúrgicos, etc. sem a presença física do utente, discutindo com os tutores o procedimento de acordo com o mesmo (marcação de nova consulta, tranquilização do doente, etc.). Há ainda alguns tutores, que permitem que seja o IFG a conduzir a consulta, intervindo quando necessário/respondendo a dúvidas. O estágio de MGF contempla ainda duas semanas de Saúde Pública, que, devido a pandemia, consistiu na nossa integração na Linha de Vigilância Epidemiológica.
- No estágio de Medicina Interna, o papel do IFG consiste maioritariamente na atividade do Internamento (sendo raro ser requerido que se assista a consultas, ainda que exista sempre essa possibilidade caso o Interno assim o deseje). Diariamente, os doentes atribuídos à equipa são divididos entre Especialistas, Internos da Formação Geral e Internos da Formação Específica. Os IFG são então responsáveis por observar o doente, escrever o diário e discutir as propostas de MCDTs e plano terapêutico com o seu tutor, elaborando ainda notas de admissão e alta. O estágio deveria contemplar uma avaliação através de um trabalho, no entanto, pelo que percebi, não se tem realizado a grande maioria das vezes este ano, por falta de disponibilidade de calendário.

Relativamente a férias, existe a regra de que apenas 50% dos IFG de determinada rotação podem estar de férias simultaneamente. Este ano partilhámos todos num Excel o período de férias que desejávamos de forma a identificar semanas/dias de potenciais conflitos, de forma a serem resolvidos entre nós da maneira mais conveniente, o que acabou por ser fácil.
 
2) Faz noites?
Como Internos da Formação Geral somos escalados apenas para fazer dias úteis e sábados (não somos escalados para fazer noites ou domingos/feriados). Este ano, ao contrário do ano passado, somos escalados para fazer sábados, mas como os sábados são rotativos entre os vários IFGs, acaba por ser uma raridade. O ano passado sei que os IFG eram responsáveis por fazer pré-triagem à COVID-19, mas este ano não fomos responsáveis por essa atividade.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O grau de autonomia na realização de atos clínicos é sempre variável de tutor para tutor e altamente dependente do contexto, no entanto, para tomada de decisões terapêuticas não é suposto o IFG ter autonomia, e as nossas decisões/planos têm sempre de ser aprovadas por um especialista ou interno da especialidade. De forma geral e de acordo com cada especialidade:
- Em Pediatria não existe autonomia na tomada de decisões clínicas, ainda que possas ter mais ou menos autonomia na observação dos doentes. Os doentes do Internamento são discutidos entre especialistas e internos todos os dias, e as decisões relativas a cada um são tomadas em equipa. No Serviço de Urgência, nunca vemos crianças sozinhos, sendo sempre acompanhados por um especialista ou interno da especialidade.
- Em Medicina Interna, a tendência no Serviço de Urgência é de juntar o IFG com um interno de especialidade. No entanto, dependendo do chefe de equipa e outras considerações como p.ex. a disponibilidade de gabinetes, pode ser pedido que o IFG assuma alguns doentes (sozinho ou em conjunto com outro IFG). A atuação terapêutica e o plano para o doente, no entanto, devem ser sempre discutidos com o chefe de equipa.
- Em Cirurgia Geral será talvez o estágio em que se tem mais autonomia na abordagem do doente, principalmente no Serviço de Urgência no primeiro contacto com o doente e primeira avaliação da gravidade da situação; visto os Cirurgiões e Internos da Especialidade poderem ser chamados para o Bloco Operatório a qualquer altura. No entanto, evidentemente, perante qualquer situação mais grave/séria, existe disponibilidade das outras especialidades para nos ajudar ou maneira de contactar os Cirurgiões/Internos da Especialidade.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
A relação dos internos com os especialistas é, regra geral, muito boa. Os médicos especialistas do HDES são tendencialmente disponíveis e interessados em ensinar, e senti sempre abertura e disponibilidade para assistir a qualquer consulta/procedimento/ato médico do meu interesse. Sinto que – de forma geral – adequam as suas expectativas e exigências ao nível de interesse de cada um na sua área específica, o que é ideal.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Os estágios são todos feitos no Hospital Divino Espírito Santo, à exceção de Medicina Geral e Familiar, em que os IFGs são distribuídos entre o Centro de Saúde de Ponta Delgada, Lagoa e dos Arrifes (que eu tenha conhecimento). Existe ainda alguma abertura para realizar este estágio fora, sei que alguns colegas fizeram o estágio de Cuidados de Saúde Primários na Madeira.
 
6) Há flexibilidade para conjugar internato de formação geral com outras atividades, por exemplo, investigação?
Apesar de não ter conhecimento de causa, penso que deverá existir. O horário tende a não ultrapassar as horas previamente estabelecidas e todos sempre se mostraram disponíveis para ajustar o mesmo em situações pontuais, e ajustar a exigência/nível de atividade ao nível de interesse de cada um. Penso existirem alguns Internos da Formação Específica que realizam paralelamente atividade de investigação, pelo que existindo essa abertura, existirá também para os IFG (tendencialmente com menor responsabilidade e carga horária menor).
Temos ainda, como nos outros hospitais, os 15 dias disponíveis para formação.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar internato de formação geral?
Vantagens de escolher o HDES: Na minha opinião, a grande vantagem do HDES é ser “o melhor de dois mundos”: por um lado, é um hospital altamente diferenciado, com presença de quase todas as especialidades e de referência no Arquipélago, o que nos permite contactar com patologias mais raras e uma grande diversidade de doentes. Por outro lado, existe a sensação de estar num hospital com um “staff” mais reduzido, o que permite um maior à vontade, familiaridade e bom ambiente entre todos. Pode ainda ser uma vantagem não ser escalado para fazer Urgência durante a noite (nem aos domingos). Este ano em específico, nos meses de Janeiro-Março, penso que o impacto menor que a COVID-19 teve em São Miguel também foi uma vantagem, pois permitiu que continuássemos focados na atividade “normal” e prevista para o Internato da Formação Geral, ao invés de sermos desviados para atividade relacionada com a COVID-19.
Desvantagens: honestamente não me ocorre nenhuma desvantagem.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O Internato da Formação Geral é uma excelente oportunidade para perceberes melhor os teus interesses e orientação clínica (especialidades Médicas vs. Cirúrgicas e Hospital vs. Cuidados de Saúde Primários e Crianças vs. Adultos). Para além disso, é um ano de aprendizagem mais “descontraído” sem momentos de avaliação demasiado formais. Aproveita bem para explorar as várias vertentes daquilo que queres ser/fazer no futuro :) 
 
Testemunho da Dra. Mariana Faustino Botelho de Griné Severino
IFG no Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/04/hospital-divino-espirito-santo-de-ponta.html

Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 44

Número de vagas para ingresso em 2021: 33
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 82,381
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 44
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 80,587
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
No geral, tenho um dia-a-dia descontraído, no sentido em que vou efetuando as minhas tarefas sem pressão. O ambiente é muito bom, pois posso partilhar experiências com colegas do ano de Formação Geral, internos mais velhos e mesmo especialistas que são, regra geral, bastante acessíveis.
Temos 2 bares no hospital, que fazemos questão de frequentar pelo menos de manhã, como rotina, promovendo-se também aqui um ambiente salutar e de convívio. Existe também um refeitório comum.
Relativamente a cada rotação:
Medicina Interna: A hora de entrada é feita entre as 8h/8h30. Começamos por ver as vigilâncias dos doentes que nos são atribuídos, seguida da visita médica e realização dos registos. Posteriormente, é feita a discussão dos casos, sempre em equipa, não recaindo sobre nós a completa responsabilidade de gerir o doente. Assim, somos incentivados, passo a passo, à tomada de pequenas decisões. A hora de saída é variável de acordo com a sobrecarga das equipas. Adicionalmente, é possível vivenciar outras valências da Medicina Interna, nomeadamente a unidade de AVC e hospitalização domiciliária. Dependendo da enfermaria poderá ser necessário realizar pequenos trabalhos/análise de artigos científicos. Realizamos ainda 12 horas de urgência semanal diurna com direito a descanso compensatório se realizado ao fim-de-semana e eventualmente a folga, caso este seja realizado no dia de domingo. O número de fins-de- semana alocados depende do número de IFGs nessa rotação, mas regra geral não ultrapassa 1 a 2 fins-de-semana por mês. No serviço de urgência somos incentivados a gerir doentes, tendo sempre a possibilidade de discutir os casos com especialistas. 
Pediatria: A hora de entrada é feita por volta das 8h30, hora da realização da passagem de turno. Posteriormente, seguimos para as rotações a que estamos alocados. Passamos pelo berçário, consultas (nas quais existe uma oferta considerável), serviço de urgência e internamento. Neste último somos, regra geral, responsáveis pelas entradas e por acompanhar os internos da formação específica (IFEs) na avaliação das crianças. A discussão é realizada sempre em equipa, sendo o nosso grau de autonomia mais limitado relativamente à Medicina Interna. Pelo contrário, no serviço de urgência somos incentivados a avaliar e gerir todo o episódio agudo, sempre com a ajuda de um especialista. Realizamos ainda uma análise crítica de um artigo científico e assistimos a pequenas apresentações sobre temas comuns da prática clínica. O serviço de urgência é maioritariamente em dias de semana, podendo ocasionalmente ser necessário realizar fins de semana de acordo com o número de IFGs na rotação.
Cirurgia: A hora de entrada é feita por volta das 8h00, seguindo-se a passagem da visita e discussão dos casos. Na Cirurgia Geral o nível de autonomia varia consoante as equipas. Numa semana temos também atribuído um dia de bloco (8h-19h) e um dia de urgência (12 horas) sempre a dia de semana. Existe também a possibilidade de passar na cirurgia de ambulatório, onde é possível gozar de mais autonomia na prática cirúrgica.
Medicina Geral e Familiar (MGF): horário altamente variável, dependendo do tutor/unidade. Aveiro dispõe de múltiplas unidades funcionais de diferentes modelos, podendo dar aos colegas com interesse na área uma visão ampla de tudo que é feito na especialidade.

2) Faz noites?
Não. Faço fins-de-semana, esporadicamente.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Diria uma autonomia “qb”, o que é ótimo. Não é bom haver uma autonomia total, na medida em que não temos autonomia do ponto de vista legal. A autonomia vai-se construindo à medida que se evolui no Internato de Formação Geral. Vamos começando a fazer cada vez mais coisas sozinhos, coisas que, no início, seriam impensáveis. Claro que há decisões que nunca somos capazes de tomar, mas faz parte do processo de aprendizagem. Notei claramente a minha capacidade de assumir doentes e geri-los, ou seja, a minha independência, a crescer a olhos vistos. Penso que funciona como em tudo na vida, ou seja, há um bom equilíbrio.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
Na globalidade, muito boa. Fiquei com uma enorme sensação de gratidão, com a perceção de ter saído deste internato com um conhecimento muito mais amplo e uma preparação prática superior. Há acessibilidade até para conviver com especialistas de outras áreas, que não se enquadram propriamente na dita rotina formativa do ano de Formação Geral e também adquirir competências junto deles.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
É praticamente tudo efetuado no Hospital Infante Dom Pedro (Aveiro). Em Cirurgia, há 2 semanas que podem ser feitas no Hospital de Águeda, o que é ótimo para aumentar a diversidade de situações clínicas, proximidade com o doente, autonomia e aprendizagem. Já na rotação de Cuidados de Saúde Primários, o estágio vai diferir tendo em conta a USF de colocação, ou seja, há algumas pequenas diferenças entre as USFs, tal como em todo o território nacional.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sem dúvida! Em termos de investigação, não sou a pessoa mais capacitada para falar sobre isso, pois não constituiu, pelo menos durante este ano, uma das minhas áreas de interesse. Mas é perfeitamente possível conjugar o Internato de Formação Geral com outras atividades, como aliás vão fazendo todos os IFGs, frequentando o ginásio ou outras atividades desportivas, fazendo viagens, jantares, indo ao teatro, museus, praia, entre outras regalias que Aveiro e seus arredores têm para oferecer.
Para quem tem interesse em investigação, a universidade de Aveiro localiza-se junto ao hospital e existem parcerias e protocolos para investigação em determinadas áreas.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Como estamos a falar de um hospital distrital que não tem todas as valências de um hospital central, ou mesmo de um hospital distrital mais completo, o interno acaba por ter de aprender a lidar com os doentes com as armas que dispõe, aguçando o engenho. Claro que isto pode ser igualmente desvantajoso, pois durante o serviço de urgência, acabamos várias vezes por ter de referenciar o doente para cuidados mais diferenciados, noutros centros hospitalares, como o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Pessoalmente, considero isto vantajoso, na medida em que acabamos por aprender mais e, se assim o desejarmos, podemos sempre acompanhar depois a evolução do doente informaticamente.
O ambiente é, no geral, muito bom, acabando por ser um centro hospitalar bastante familiar, o que deriva de o número de trabalhadores não ser muito grande.
A cidade de Aveiro também é ótima. Apesar de pequena em termos de território, é uma cidade bastante completa e densa, conseguindo englobar vários serviços essenciais e atividades lúdicas diversificadas. Tem também uma componente turística forte e crescente.
De notar que os preços praticados no alojamento estão ao nível do Porto/Coimbra (por exemplo). Os valores por quarto andam à volta dos 200-300 euros e para alugar casa sobe para os 300-350 euros por pessoa (T3/T4). Para além de recorrer aos meios tradicionais (facebook, imobiliárias) uma boa dica é sempre contactar os IFGs do ano anterior, uma vez que é comum algumas casas “passarem” de ano para ano. Para quem tem carro, talvez uma boa opção seja explorar a periferia da cidade. 
Falando em transportes e acessibilidade, o hospital de Aveiro encontra-se numa zona relativamente central e com alojamento nas redondezas o que facilita as deslocações a pé. Sendo uma cidade na sua maioria plana, facilita as deslocações de bicicleta, embora a rede de ciclovias não esteja muito desenvolvida. Relativamente a transportes públicos (autocarro) a oferta é média, sendo mais deficitária na periferia da cidade e no período noturno (ou seja depois da saída de Serviço de Urgência). A estação de comboios fica a cerca de 20-25 minutos a pé do hospital e a ligação de autocarro com o hospital pode ser difícil pelos horários.
Quanto ao trânsito diria que é uma cidade intermédia, com o pico entre 8h30-9h, não sendo, de todo, difícil de circular. O hospital dispõe de um estacionamento interno (praticamente sempre lotado) mas em volta é fácil estacionar quer em estacionamento pago e não pago. Assim sendo, mesmo morando na periferia de Aveiro é possível em 15-20 minutos estar no hospital.
Em suma, esta escolha alia um bom hospital para se realizar o ano de Formação Geral, a uma boa cidade.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Acima de tudo, o interno deve encarar o ano de Formação Geral de forma ampla. Por um lado, deve usufruir de um ano relaxado, calmo, divertido e único; por outro, deve aprender de forma a adquirir o máximo de competências possível, procurar esclarecer o máximo de dúvidas que conseguir, arriscar bastante, tomar decisões, aprender a trabalhar em equipa, colocar o conhecimento teórico em prática e aprender como ser bom médico. Conjugando estes fatores, o interno finaliza este ano com a sensação de dever cumprido e com a consciência tranquila. Conseguiu: tirar o máximo usufruto de um dos melhores anos da sua vida; ter uma rampa de lançamento para o internato de formação específica e, por fim, moldar o ano de Formação Geral de acordo com os seus interesses e com aquilo que lhe será mais útil no futuro.
Acrescentando ao conselho do meu colega Celso, diria que o ano de formação geral é um ano para fazer tudo aquilo que sempre adiaram. Aprender a cozinhar, viajar, ter o hábito de praticar exercício físico, ler, aprender um novo hobby, uma nova língua, o que quer que seja que sempre foi posto de parte por “falta de tempo”. É ano para formar novos e bons hábitos para o resto de uma vida :)
 
Testemunho do Dr. Celso Miguel Furtado Cabral Gomes da Costa
IFG no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E. em 2020
Atualizado pelo Dr. Pedro Filipe da Silva Mesquita
IFG no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 134

Número de vagas para ingresso em 2021: 131
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 52,341
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 90
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 63,521
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia varia consoante a especialidade em que se encontram. Nas especialidades hospitalares, o dia habitualmente começa às 8h da manhã. Os Internos de Formação Geral (IFGs) são responsáveis por ver o doente e escrever os diários. Em Cirurgia, os doentes eram distribuídos pelos internos diariamente na reunião das 8h. Em Medicina Interna, os doentes são distribuídos pela equipa do orientador. Todos os doentes são discutidos com o médico especialista a quem os mesmos estão atribuídos.
 
2) Faz noites?
Não, no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) - Hospital de Portimão, os IFGs não fazem noites.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Enquanto IFG, dado que temos um orientador atribuído em cada especialidade, somos autónomos qb. Como avaliamos o doente, temos facilmente a perceção dos MCDT's que necessitam e possíveis ajustes terapêuticos. Assim, no momento da discussão com o especialista, expomos a nossa opinião médica e tomamos a decisão clínica em conjunto. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
No global, acho que a relação é boa. Em todas as especialidades pelas quais passei até agora, tive orientadores muitos acessíveis e disponíveis. Senti sempre apoio e disponibilidade para questionar. 
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
No hospital onde estou a efetuar o internato (CHUA - Hospital de Portimão), era possível, para a rotação de Medicina Interna, escolher o hospital de Portimão ou a unidade de Lagos. 
Em relação a Medicina Geral e Familiar, podíamos optar por USFs em Portimão, Lagos,  Silves, Lagoa, Vila do Bispo e Aljezur. 
Para Saúde Pública, as escolhas eram entre Portimão, Silves, Lagos, Lagoa, Monchique, Aljezur e Vila do Bispo. 
Esta escolha é realizada pela ordem da média de curso e é efetuada na primeira semana de trabalho, no dia de apresentação/formações.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Honestamente, não tenho conhecimento de ninguém que esteja a fazer investigação este ano, mas quando começamos o ano, falaram-nos de várias oportunidades nesse campo, nomeadamente no ABC - Algarve Biomedical Center. Também existe a possibilidade de participar e publicar na revista do CHUA. Além disso, tenho colegas que estão a fazer outro curso, que estão na VMER ou que estão a estudar para repetir a PNA. Acho que depende muito de cada um, mas acredito que há tempo para tudo.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
No meu caso em concreto, o Hospital de Portimão foi a primeira opção para realizar o ano de formação geral. Sou do Porto e claro que é sempre uma desvantagem estar longe de casa e dos amigos. Mas isso acaba por tornar-se numa vantagem, dado que em Portimão quase todos os IFGs se encontram na mesma situação e, dessa forma, acabam por se criar laços mais fortes. Em termos hospitalares, durante o curso estagiei sempre em hospitais mais centrais e acho que é uma vantagem ter a experiência de trabalhar num hospital mais periférico.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Diria para arriscar. Como em todo o lado, existem coisas boas e coisas más, mas acredito que Portimão é uma escolha incrível para viver o ano de formação geral.
 
Testemunho da Dra. Bárbara Figueiredo
IFG no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/05/centro-hospitalar-e-universitario-do.html

Hospital Garcia de Orta, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 31

Número de vagas para ingresso em 2021: 32
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 86,969
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 42
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 74,782
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia depende da especialidade. Em Medicina Interna, passamos o dia no internamento, onde vemos doentes de forma autónoma e depois discutimos os casos ao fim da manhã. Um dia por semana fazemos urgência, 12 horas, com a nossa equipa de banco. Em Cirurgia, também passamos o dia na enfermaria, mas já só temos uma tarde de urgência, após acabar o trabalho na enfermaria. Existe abertura para ir ao bloco com a equipa, caso haja interesse. Em Pediatria é um pouco diferente, temos 3 rotações - berçário, internamento e urgência - cada uma delas com duração de 3 semanas. Fazemos ainda o dia semanal de urgência. Temos bastante autonomia para observar os miúdos sozinhos e depois discutir com o especialista, existe muito apoio. Com a Covid, as coisas mudaram um pouco, mas normalmente existem, em todas as especialidades, sessões clínicas formativas para os internos.
 
2) Faz noites?
Fazemos noites apenas em Medicina Interna.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Temos bastante autonomia, mas sempre apoiados pelo especialista.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Considero que a relação entre os internos e os especialistas é bastante boa, existe quase sempre abertura para esclarecer as nossas dúvidas. As equipas, por norma, almoçam sempre juntas, por exemplo. Não há aquela separação entre os internos e os especialistas.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Medicina Interna, Cirurgia e Pediatria no Hospital Garcia de Orta.
Medicina Geral e Familiar nas USFs do ACES Almada-Seixal.
 
6) Há flexibilidade para conjugar internato de formação geral com outras atividades, por exemplo, investigação?
Flexibilidade diria que sim, há vontade de ensinar e ter os internos envolvidos em projetos curriculares, apesar de não ter conhecimento de ninguém que o tenha feito.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar internato de formação geral?
É uma pergunta difícil, diria que a principal vantagem é o bom ambiente e a autonomia que nos proporcionam. Por outro lado, ao ser um Hospital quase central, por vezes há bastante trabalho e alguma falta de apoio/tempo para nós. 
Outras vantagens do Hospital Garcia de Orta: localização (a praia a 10 min, que sinceramente é muito bom para a qualidade de vida) e as casas são bem mais baratas. Em termos educativos, é um hospital periférico mas, por ter tantas valências, funciona quase como um central (não tens de andar de um lado para o outro, é tudo localizado ali).
Como desvantagem: na urgência, apesar de os orientadores serem no geral impecáveis, a burocracia pode complicar o trabalho, mas tudo se faz.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Devem recolher o máximo de informação possível sobre cada hospital e junto de vários internos, porque nem sempre temos a mesma visão/experiência sobre um mesmo local. Eu escolhi o Hospital Garcia de Orta já a pensar no meu internato de formação específica - não acho que tenha de ser assim, mas pode ser também um fator decisor, pensarem se o hospital vos permitirá explorar as dúvidas que têm sobre o futuro e ajudar na escolha da especialidade.
O ano de Formação Geral é uma boa oportunidade para conhecer lugares e serviços com os quais não tiveram contacto na faculdade, para perceberem como funcionam outras dinâmicas hospitalares.

Testemunho da Dra. Inês Alexandre Foz
IFG no Hospital Garcia de Orta, E.P.E. em 2020
Atualizado pela Dra. Mariana Filipa Dias Pais
IFG no Hospital Garcia de Orta, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Hospital Beatriz Ângelo

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 28

Número de vagas para ingresso em 2021: 29
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 82,347
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 30
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 81,061
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia varia muito consoante a rotação em que nos encontrarmos.
Independentemente da rotação em que se encontrem, existe sempre uma sessão clínica às 2ª feiras de manhã, com duração de 1 hora, sobre temas comuns no serviço de urgência ou na enfermaria.
Na rotação de Cirurgia Geral, normalmente, passa-se as manhãs na enfermaria. Não é habitual assistirmos às consultas dos nossos tutores e, se não gostarem muito de cirurgia, não são obrigados a ir ao bloco. Um dia por semana têm de fazer urgência de 12 horas (rotativamente turno diurno e noturno, dia útil e fim-de-semana), que não é realizada no âmbito da Cirurgia Geral/Pequena Cirurgia, mas sim urgência de Medicina Interna.
Na rotação de Pediatria é tudo mais tranquilo. Os 2 meses são divididos entre Enfermaria (3 semanas), UCInt (3 semanas) e Neonatologia (2 semanas), mas o vosso tutor é atribuído no início da rotação. Um dia por semana têm de fazer urgência de 12 horas sempre no horário das 8:30h às 20:30h (rotativamente em dia útil e fim-de-semana), pelo que os Internos de Formação Geral (IFGs) não fazem turnos noturnos. Um dia por semana, têm de assistir a consulta de pediatria com o vosso tutor, que normalmente decorre ou se prolonga pela tarde. Nos restantes dias, saem à hora de almoço. Existem sessões clínicas sobre temas da pediatria, sessões de discussão de histórias clínicas elaboradas pelos Internos de Formação Específica (IFEs) e journal club, onde terão de apresentar um artigo à vossa escolha.
Na rotação de Medicina Interna, os dias são passados na enfermaria e é raro sair-se cedo, pois a carga de trabalho é muito superior à rotação de Cirurgia ou Pediatria. Um dia por semana têm de fazer urgência de 12 horas (rotativamente turno diurno e noturno, dia útil e fim-de-semana). Não são obrigados a assistir à consulta dos tutores, até porque serão mais úteis na enfermaria, nomeadamente a observar os doentes, escrever os diários e adiantar notas de alta. Existem sessões clínicas sobre temas de Medicina Interna e das várias especialidades ou subespecialidades, sendo que poderão ter que apresentar algum trabalho.
Durante as rotações hospitalares, foi-nos solicitado que desempenhássemos tarefas relativas ao COVID, nomeadamente na plataforma TRACE-COVID, onde atualizávamos os processos dos doentes que realizavam teste no hospital.
Na rotação de Medicina Geral e Familiar, o dia-a-dia e horário são mais dependentes da USF e do tutor. Habitualmente, participam em todos os tipos de consulta e têm algum grau de autonomia, podendo fazer consultas sozinhos com posterior discussão com o vosso tutor. Em algumas USF é-vos pedido que apresentem um trabalho relativo a um tema comum nos cuidados de saúde primários. 
Quanto à Saúde Pública, em 2021, os IFGs realizavam apenas inquéritos epidemiológicos. O horário habitual foi das 9h às 17h.
 
2) Faz noites?
A escala para o serviço de urgência, tanto na rotação de Medicina Interna como na de Cirurgia Geral, incluía períodos noturnos e fins-de-semana. Em pediatria, não fazemos turnos noturnos. Têm direito a gozar descanso compensatório quando fazem urgência ao fim-de-semana, mas devem combinar com os vossos tutores em que dia da semana será.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Considero que, na globalidade, existia autonomia para tomar decisões, mas estas devem sempre ser discutidas com os tutores ou médicos responsáveis, quer especialistas, quer IFEs.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
A relação entre os vários profissionais é bastante boa, existindo muita abertura e facilidade de comunicar com todos, independentemente da posição hierárquica em que se encontram. A maioria dos profissionais encontra-se muito disponível para apoiar os IFGs e contribuir para a sua aprendizagem.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são todas no Hospital Beatriz Ângelo, já Medicina Geral e Familiar é nas USFs pertencentes ao ACES Loures-Odivelas.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, existe recetividade para ajuste de horários, possibilitando a continuação de outras atividades. Deve, no entanto, ser combinado com os chefes de serviço e com os vossos tutores.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Como principais pontos positivos: a qualidade e dinâmica das equipas médicas; a variedade de diagnósticos e patologias que se observam, atendendo a que abrange uma população muito diversa. 
Como aspeto menos positivo, para quem não possui veículo próprio, será a dificuldade de acesso por transportes públicos.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O Hospital Beatriz Ângelo presta assistência a uma vasta e diversa população, com um elevado recurso ao Serviço de Urgência (SU), pelo que os turnos de urgência são sempre muito intensos e trabalhosos, mesmo para os IFGs. Consoante os objetivos da pessoa, tal pode ser interpretado como uma vantagem, pois ganha-se mais experiência e autonomia, ou uma desvantagem pois, por vezes, podem sentir-se mais assoberbados e com pouco auxílio. No entanto, procurem sempre discutir os doentes com alguém. 
Na globalidade, considero o Hospital Beatriz Ângelo uma boa opção para realização da Formação Geral, pois permite um balanço muito razoável entre a vida profissional e a vida pessoal. As equipas são dinâmicas e com médicos jovens, pelo que existe uma grande facilidade de adaptação e um bom ambiente entre todos.
Em qualquer uma das rotações, é possível que consigam realizar alguns procedimentos, nomeadamente, colocação de CVC, paracenteses e colheita de sangue venoso via femoral.
 
Testemunho do Dr. Bernardo Miguel Henriques Marques da Silva
IFG no Hospital Beatriz Ângelo em 2020
Atualizado pela Dra. Andreia Filipa Rodrigues Lopes
IFG no Hospital Beatriz Ângelo em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 51

Número de vagas para ingresso em 2021: 53
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 74,774
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 65
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 67,197
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia de um Interno de Formação Geral (IFG) no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) varia de acordo com a rotação em que se encontra. E, a ordem das rotações é conhecida no primeiro dia, de acordo com a nota de entrada no internato. Eu escolhi a seguinte ordem de rotações: Cuidados de Saúde Primários (CSP) > Cirurgia Geral (CG) > Medicina Interna (MI) > Pediatria.
CSP tem uma duração de 3 meses e, no meu caso, fiz 6 semanas de Saúde Pública (SP), seguidas de 6 semanas de Medicina Geral e Familiar (MGF). Esta ordem varia consoante o ACES e, também, de ano para ano. Como realizei esta rotação nos primeiros meses do ano, foi necessária mais ajuda no início do ano e daí que, em algumas ACES, os meus colegas tenham feito mais tempo de SP. Portanto, entende-se que, em SP, fiz apenas inquéritos epidemiológicos. Em MGF, todos os dias, acompanhava uma Especialista nas consultas abertas, consultas programadas e consultas ao domicílio e, ainda tive a oportunidade de guiar algumas consultas, sempre sob a supervisão da Especialista.
CG tem a duração de 3 meses. Neste caso, o trabalho decorre em equipa, ou seja, cada equipa tinha, pelo menos, 3 IFGs. Acompanhámos os Especialistas e Internos de Formação Específica (IFE) na urgência, internamento, consulta, pequena e grande cirurgia. Julgo que esta rotação será mais interessante para os que adoram cirurgia e, para tal, têm que mostrar interesse desde o início, de modo a que sejam chamados a participarem. Aliás, alguns colegas meus participaram nas pequenas cirurgias.
MI tem a duração de 4 meses, mas 1 mês corresponde a uma optativa. Na minha opinião, é neste período que se tem mais autonomia, em que o IFE e/ou Especialista pretende saber a nossa opinião acerca de diagnósticos diferenciais e propostas terapêuticas, tanto no internamento como na urgência. A minha rotina nesta rotação foi um pouco diferente da dos meus colegas, pois alocaram-me à equipa Covid. Portanto, enquanto tivemos doentes Covid internados, o dia começava pela divisão dos doentes pelos elementos da equipa, ia observá-los e depois discutia com o Especialista.
O CHEDV dá-nos a oportunidade de fazer 1 mês de optativa, que se escolhe no primeiro dia juntamente com a ordem das rotações. Existem várias opções de escolha, desde Neonatologia – a que eu escolhi – Cardiologia, Medicina Intensiva, Oncologia, Medicina Física e de Reabilitação, entre outras. Tanto o horário e o dia-a-dia são definidos com o serviço e, por isso, é muito variável.
Por último, Pediatria, a rotação que ainda não realizei, tem a duração de 2 meses. Segundo os meus colegas que já passaram pelo serviço de Pediatria, basicamente, acompanha-se um tutor nas consultas, urgências e internamento. 
 
2) Faz noites?
Sim, em todas as rotações hospitalares (CG, MI e Pediatria) um IFG cumpre 12h SU por semana, podendo começar ao fim-de-semana ou num dia de semana, e o esquema altera-se dia-noite-dia, de modo a que se façam 2 noites por mês. 
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Não é suposto um IFG ter autonomia. Porém, a meu ver, a única rotação onde se pode ter verificado algum grau, ainda que ligeiro, de autonomia foi em Medicina Interna. Como disse anteriormente, tanto no internamento como na urgência, o IFE e/ou Especialista ouve a nossa opinião, mas toda a decisão diagnóstica e terapêutica era tomada após discussão com um elemento mais velho. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
De uma forma geral, a relação é muito boa. Obviamente que, nem todos têm a mesma paciência para explicar e transmitir conhecimentos, mas achei que, regra geral, a maioria dos elementos mais velhos, tanto do meio hospitalar como do meio não hospitalar esclareciam as minhas dúvidas e entusiasmavam-me a investigar os casos. 
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
A maior parte das rotações ocorre no CHEDV, mas algumas atividades podem realizar-se no Hospital de São João da Madeira, Hospital de Oliveira de Azeméis ou no Lenitudes.
Relativamente às USF’s, incluem-se em 3 ACES (ACES 1 – Feira e Arouca, ACES 2 – Aveiro Norte e ACES Gaia). O número de vagas para cada USF depende de ano para ano, porém no ACES Gaia só fica alocado 1 IFG. A escolha é feita, também no primeiro dia, pela nota de entrada no internato. 
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, apesar de não ser a melhor pessoa para falar sobre o assunto, porque não me envolvi em nenhuma atividade para além do internato. Mas conheço vários colegas IFGs que participaram na organização de congressos, fizeram pós-graduações e artigos científicos. Portanto, tempo há. Na minha opinião, apenas é necessária organização, força de vontade e encontrar algo de interesse, visto que depois do horário cumprido vai-se para casa sem levar trabalho e só se volta a pensar em trabalho na manhã seguinte. 
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
Vantagens: Bom acompanhamento do serviço administrativo do internato, que ajuda muito nas dúvidas que surgem ao longo do ano; Bons acessos (essencial para quem é de Gaia e Porto); Estacionamento gratuito; Boa organização de horários; Possibilidade de fazer CSP em Gaia; Para quem não tem interesse em Cirurgia Geral é uma vantagem, pois não há obrigatoriedade em ir ao bloco ou em participar em procedimentos.
Desvantagens: Não é um hospital central, logo não tem todas as especialidades, após uma determinada hora não há determinadas especialidades e/ou alguns exames complementares de diagnóstico; o que pode ser vantajoso para alguns, é considerado desvantajoso para outros, pois quem tem interesse em Cirurgia Geral tem de estar sempre à procura de oportunidades em que possa participar. 

8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Bem, não façam a escolha, sem pensarem primeiro em certos fatores que, no fim do ano podem ser fundamentais para quem quer começar a poupar. Posso dar o meu exemplo: sou da Ilha de São Miguel, fiz os primeiros 3 anos na Universidade dos Açores e os seguintes na Universidade de Coimbra, por isso sei como é o funcionamento de 2 hospitais e queria conhecer mais uma realidade diferente. Para tal, decidi fazer uma lista de prós e contras em que usei como tópicos: Onde posso arranjar alojamento barato e com bons acessos a autoestradas? O hospital tem bons acessos? Estacionamento gratuito? Hospital central ou periférico? Tenho que fazer noites? Posso fazer optativas?
Obviamente que estes foram alguns fatores que pesaram na minha escolha, mas tantos outros podem influenciar a vossa opção. Reflitam bem sobre tudo para terem um ano incrível e conseguirem desfrutá-lo a 100%. 
 
Testemunho da Dra. Beatriz Maria Mota Almeida
IFG no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/05/centro-hospitalar-de-entre-o-douro-e.html

Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 21

Número de vagas para ingresso em 2021: 20
Classificação normalizada do último colocado em 2021: Não fechou

Número de vagas para ingresso em 2020: 21
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 
Não fechou
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia varia muito, consoante a especialidade em que nos encontramos e mesmo dentro de cada especialidade. Existe sempre um dia em que cumprimos as 12 horas semanais de urgência (8h-20h). Nos restantes dias, temos sempre um período em que estamos na enfermaria, mas também noutras atividades, como a consulta. Durante a rotação de Cirurgia, há pelo menos um dia na semana em que a equipa em que estamos inseridos está no bloco operatório. Na Pediatria, fazemos 1 mês no berçário e 1 mês de consultas. Durante a rotação de Medicina Geral e Familiar, não fazemos serviço de urgência, mas no Centro de Saúde onde estive acabava por ter um dia na semana em que cumpria 12 horas no Centro de Saúde. 
 
2) Faz noites?
Não, durante o ano de formação geral na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) não fazemos noites, nem fins-de-semana.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Tenho a autonomia que considero ser a adequada para um Interno de Formação Geral. Temos bastante autonomia para ver doentes e assumimos doentes no Serviço de Urgência. No entanto, discutimos sempre os casos com um especialista ou interno mais velho, por isso, a decisão final é tomada em conjunto. Até agora nunca me senti abandonada ou sem apoio, todos os médicos com quem contactei demonstraram disponibilidade para me ajudar no que precisasse. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Só posso falar da minha experiência, que até agora tem sido muito positiva. Em todas as especialidades tive tutores que me receberam bem, que me colocaram à vontade para esclarecer as minhas dúvidas e que contribuíram para que aprendesse mais e crescesse enquanto médica. Para além disto, no geral, também tenho sido bem-recebida pelos restantes elementos dos diferentes serviços e, tal como referi na última pergunta, sempre que precisei todos me ajudaram e esclareceram qualquer duvida que tinha. Com base na minha experiência, posso dizer que é uma relação boa e de entreajuda.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As especialidades hospitalares (Medicina Interna, Cirurgia e Pediatria) são todas feitas no Hospital de Beja. A rotação de Medicina Geral e Familiar normalmente é realizada na UCSP de Beja. No entanto, se houver interesse por parte do interno e um tutor disponível, pode ser feita noutro Centro de Saúde pertencente ao ACES Baixo Alentejo. Por exemplo, eu realizei esta rotação na UCSP de Serpa.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, normalmente não ultrapassamos o horário obrigatório de 40h semanais. Para além disso, como disse, na ULSBA temos noites e fins-de-semana livres, o que na minha opinião nos permite ter tempo para nos podermos dedicar a outras atividades do nosso interesse. 

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Para mim uma das grandes vantagens é ser um hospital com um ambiente familiar, onde é fácil conhecer os colegas das diferentes especialidades, o que facilita a comunicação e trabalho multidisciplinar. 
Uma desvantagem é o facto de não termos algumas especialidades ou certos MCDTs disponíveis, tendo que referenciar alguns doentes para outros hospitais. 
Apesar de não termos estágios opcionais, há a possibilidade de visitarmos serviços que sejam do nosso interesse, mesmo fora do hospital, o que também considero uma vantagem.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Escolham de acordo com as perspetivas e ambições que têm para o vosso ano de Formação Geral. Se tiverem dúvidas, falem com internos de vários hospitais ou procurem informação junto de iniciativas como esta, da ANEMIA, onde podem encontrar o testemunho de vários internos. Se quiserem ter um ano de Formação Geral com fins-de-semana e noites livres, aproveitar a tranquilidade do Alentejo, mas simultaneamente aprender e crescer enquanto médicos, aconselho muito a ULSBA para realização do Internato de Formação Geral.
 
Testemunho da Dra. Leonor Manuel Eugénio Pinto
IFG na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi