Centro Hospitalar do Médio Ave, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 23

Número de vagas para ingresso em 2021: 24
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 72,877
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 32
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 73,691
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O quotidiano do Interno de Formação Geral (IFG) no Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA) é variável consoante a rotação onde estiver alocado. No caso das rotações de Medicina Interna e de Cirurgia, o IFG dá apoio ao internamento durante o período da manhã e poderá ter até duas tardes de consulta externa, exceto em um dos dias da semana, no qual estará de urgência durante 12 horas. No caso da rotação de Pediatria, haverá lugar a uma sub-rotação entre os IFGs, alternando períodos nos quais darão apoio ao berçário, ao internamento de crianças e adolescentes, períodos de consulta externa, existindo também um dia de serviço de urgência semanal. Nos Cuidados de Saúde Primários, o dia-a-dia passa sobretudo pela consulta.
 
2) Faz noites?
Não. Nenhum IFG faz noites no CHMA. O horário de trabalho difere entre rotações, mas acontece sempre em algum período do dia compreendido entre as 8h00 e as 20h30. Por outro lado, em algumas rotações, os IFGs terão turnos de serviço de urgência aos fins de semana, nomeadamente no caso da rotação de Medicina Interna e de Cirurgia Geral, nas quais cada IFG fará cinco vezes urgência num dia fixo entre segunda e quinta-feira, seguido de um turno à sexta, depois um turno ao sábado e, na oitava semana, um turno ao domingo, repetindo-se este ciclo de oito em oito semanas. Importa também dizer que os descansos compensatórios são respeitados e que, pelos turnos de fim-de- semana, é conferida uma remuneração adicional.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Não. Quer no internamento, quer no serviço de urgência, é expectável que o IFG observe doentes de forma autónoma e que proceda aos devidos registos sobre as suas observações, no entanto, não é expectável que tome decisões clínicas sobre esses doentes autonomamente. Em qualquer uma das situações existe sempre algum especialista, preferencialmente o seu orientador de formação, com quem o IFG deve discutir o caso clínico do doente que observou e junto de quem deve decidir quais os exames complementares de diagnóstico a pedir e tratamento a instituir.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Diria que, regra geral, é muito boa! Os especialistas mostram-se bastante disponíveis para ensinar, esclarecer todas as possíveis dúvidas e até para nos ensinar a realizar alguma técnica. O CHMA não tem muitos internos nem muitos alunos, portanto, o IFG é, frequentemente, o único ou um dos poucos elementos em formação da equipa, o que acaba por se traduzir em mais oportunidades de ser chamado para ver algum caso interessante ou para realizar alguma técnica que seja necessária.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
O CHMA é constituído pela unidade de Famalicão (UF) e pela unidade de Santo Tirso (UST). Todos os IFGs terão rotações na UF, mas apenas alguns passarão pela UST. Os IFGs são normalmente distribuídos em 4 rotações sendo que 2 delas estarão exclusivamente na UF e as 2 restantes farão metade das rotações de Medicina Interna e de Cirurgia (2 meses) na UF e a outra metade na UST.
Em relação à rotação de Cuidados de Saúde Primários, os IFGs serão distribuídos pelos ACES de Famalicão e de Santo Tirso, podendo integrar qualquer USF ou UCSP do ACES ao qual estão alocados.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Em todas as rotações é o IFG que combina o seu horário com o tutor de formação que lhe é atribuído, portanto, se houver outra atividade a conjugar com o internato, acredito que não seja difícil. Quanto a trabalhos de investigação, infelizmente, o CHMA não tem um centro de investigação associado; no entanto, encontrarão certamente apoio caso queiram realizar um projeto dessa natureza.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Em relação a principais vantagens de ser IFG no CHMA, apontaria o facto de não se fazerem turnos noturnos e de se ter poucos turnos ao fim-de-semana; de o IFG se sentir sempre acompanhado pelos especialistas e nunca ficar desamparado, tendo, no entanto, alguma autonomia na observação dos doentes; e de haver oportunidade para lidar com doentes com patologia muito diversa, porque os cuidados não estão tão subdivididos como em hospitais mais diferenciados; e de se conseguir treinar técnicas e participar em diferentes atividades, nomeadamente em intervenções cirúrgicas caso haja interesse para isso.
Quanto a desvantagens, diria que, por ser um hospital relativamente pequeno no qual não existem todas as especialidades, o contacto com especialidades mais diferenciadas fica prejudicado; não existir oportunidade para realizar estágios opcionais; e estar associado a um centro de investigação.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O conselho que daria a um finalista de medicina seria para tentar imaginar se gostaria de realizar o seu internato de formação específica num hospital distrital e menos diferenciado ou num hospital central, mais diferenciado, e que escolhesse o oposto para ser IFG. Isto porque, a meu ver, ambas as tipologias hospitalares são diferentes e cada uma delas tem as suas vantagens e desvantagens, por isso, conhecer as duas realidades, será certamente uma grande mais valia no futuro!
Para além disso, que aproveitem muito o IFG, que será o vosso primeiro ano como médicos e no qual terão certamente oportunidade de evoluir muito como profissionais e como pessoas.
Espero que o meu relato tenha sido informativo e que vos ajude nas vossas escolhas. Fico à disposição para responder a qualquer questão adicional e, se assim o desejarem, escolham o CHMA! Eu voltaria a escolhê-lo de certeza.
Boa sorte e um excelente internato de formação geral para todos!
 
Testemunho da Dra. Andreia Marisa Salgado Gonçalves
IFG no Centro Hospitalar do Médio Ave, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano


Hospital Distrital Figueira da Foz, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 30

Número de vagas para ingresso em 2021: 23
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 80,947
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 30
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 76,055
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
A rotina do Interno de Formação Geral no Hospital Distrital da Figueira da Foz depende muito do serviço em que ele esteja inserido, mas normalmente corresponde a cerca de 40 horas semanais de atividade assistencial, das quais 28 horas são passadas em regime normal de trabalho e 12 horas são em regime de serviço de urgência, de acordo com o Regime de Internato Médico vigente.
 
2) Faz noites?
A grande vantagem de realizar o Internato de Formação Geral no Hospital Distrital da Figueira da Foz em termos de Serviço de Urgência (SU) é a possibilidade de não realizar turnos noturnos, e nunca turnos superiores a 12 horas seguidas.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
A autonomia de tomar decisões clínicas neste hospital nunca é total, felizmente para o Médico Interno de Formação Geral. A abertura para discussão dos casos clínicos com o Médico Especialista em serviço ou com Médicos Internos de Formação Específica é total, o que confere ao SU/Serviços de Internamento do Hospital ótimos locais de aprendizagem clínica onde existe uma evolução progressiva de conhecimentos práticos e essenciais para os Médicos do futuro.
 

4) Como é a relação médico interno-médico especialista?

A relação médico interno-médico especialista é muito boa. De uma forma geral, todos os médicos especialistas estão abertos a prestar qualquer tipo de esclarecimento de dúvidas e vêem com bons olhos espírito proativo e vontade de aprendizagem da parte de médicos internos. O ambiente em contexto extra-hospitalar é igualmente muito especial e extremamente gratificante.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são realizadas dentro do Hospital Distrital da Figueira da Foz e as rotações dos Cuidados de Saúde Primários nas USFs da cidade (USF Buarcos, USF São Julião da Figueira e USF Nautilus) e extensão de saúde de Alhadas. A rotação de Saúde Pública decorre na USP da Figueira da Foz, no mesmo espaço físico que a USF São Julião da Figueira.
 
6) Há flexibilidade para conjugar internato de formação geral com outras atividades, por exemplo, investigação?
Existe abertura para realizar investigação, se existir esse interesse da parte do Interno de Formação Geral, e normalmente existe possibilidade de apresentar trabalhos com valorização curricular dentro das diferentes rotações. No entanto, com a pandemia alguns desses momentos sofreram suspensão temporária.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar internato de formação geral?
A grande vantagem de realizar o Internato de Formação Geral num hospital distrital, como o Hospital Distrital da Figueira da Foz, para mim, é a possibilidade de aprender muito e de trabalhar num local de trabalho acolhedor com bom ambiente, aliado a uma localização geográfica invejável (a cerca de menos de 50 metros da praia). A principal desvantagem tem a ver com as deslocações. Os transportes públicos com ligação ao Hospital são praticamente inexistentes, pelo que têm de se deslocar de carro para o Hospital.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O meu conselho é pensarem fazer o Internato de Formação Geral num sítio em que o ambiente seja realmente bom, em que se sintam bem e que sintam que o trabalho que estiverem a desempenhar seja de facto útil e proveitoso, tanto para os vossos doentes como para vocês e o vosso futuro enquanto Médicos de qualidade clínica e humana, características essenciais para desempenhar o melhor exercício da Medicina possível.
 
Testemunho do Dr. Guilherme João Calado dos Santos Portas de Almeida
IFG no Hospital Distrital Figueira da Foz, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/11/hospital-distrital-figueira-da-foz-epe.html



O Desassossego na Criação Literária e Artística

O poeta quer, a palavra significa. Não obstante, quando algemado pela forma, o conteúdo erradica por ficar preso, enclausurado, na métrica e na rima que a tantos “amigos das letras” estima. Ora quem forma, terá necessariamente que esquecer norma e ser, pois, eterno e insaciável peregrino das palavras, tornando-as ricas, com significado, sem que o pensamento fique a nado. A natureza e a vida são pura poesia, mas quando a queremos por imposição arrumada no papel, deturpando a realidade, a poesia rima somente com melodia, muitas vezes vazia. Deste modo, traído pela algema da forma, torna-se pesada e inútil a criação, sem permitir a devida fruição.
O escritor que efetivamente o é renasce constantemente da morte e do fracasso, enfrentando-se sem mais receios ao ser pássaro fugido dessa e de tantas outras gaiolas, recebendo do vento o alento. Livre, dará mundos ao mundo, lutando por seus anseios, cruzando os céus altos, sem sobressaltos, onde se consola e consolará os que o rodeiam. Fará ainda pinceladas de cor, amores à sorte, levantará marés e tocará as estrelas, roubando centelhas ao fogo dos céus, vivendo, pelos menos aquando do momento da criação artística, o silêncio das palavras sem o peso que esmaga.
Na dimensão holística do ser que o é quando a si se significa, o escritor beija a dor, açucarando e sobressaltando a inquietude humana. É, pois, cocktail de melancolia q.b. e alegria q.b. na dor escrita, lida e vivida que desafia a imortalidade. Já a mente que mente a si mesma, ao viver confinada a pequenos mundos, não se permite abrir aos mares alheios revoltos, irados, permanecendo no recato salutar do lar, do baloiço da sua alma, que chia e se desgasta com os anos cinzentos. Ainda importante, o retornar constante ao passado coloca a nu o perigo de ficar aprisionado como sendo um frustrado falhado ou sábio presunçoso, portador de chaves de fechaduras jamais existentes para flagelos e emoções cujo semblante está deturpado e cujos anos ajudaram a desfigurar ou mesmo a sumir em definitivo. Para além disso, a demanda incessante pelo perfecionismo e por pertencer ao rebanho nas ideias e opiniões impele a inércia da mente, tornando-o marionete dos tempos, clone de uma sociedade gasta, fútil. Por último, os que se apelidam de realistas, afagando as suas incertezas, nada mais serão do que sonhadores que embebidos dos seus receios se perderam no trilho da vida. Impera, pois, que, de pés assentes no presente, se desprenda do pedantismo e do pedestal, sendo mais humanista e humanitário do que humano e verdadeiro para consigo e para quem o lê, recorrendo à escrita quando deveras perceciona que só a ela tem naquele momento como fonte que sacia o âmago.
Por outro lado, mas em perfeita sintonia, a pintura na sua conceção artística abraça vivências surreais, pessoais ou coletivas e permitirá colher e coligir o perfume que exala da flor do momento que quer ver-se viva no papel, na tela, numa parede que separe mundos, unificando-os. Por ao seu redor gravitarem emoções e sobressaltos, no sentido de se reencontrar, expressa o que sente, por linhas que se unem harmoniosas no papel e cores, na esperança alva de permitir o cruzamento dos mundos em que participa. Assim, por relevar a subjetividade seja na sua perceção como seja na sua conceção, será reflexo do fluir unidirecional nas veias artísticas do sujeito, que fará uso da imensurável teia de cores, texturas e contrastes de que dispõe. É, deste modo, que percorre traços de realidade ou de índole onírica, abraçando-os na plenitude do ímpeto emocional que se gera e contagia, dando, finalmente, nova cor ao quotidiano, preenchendo o vazio da vida, representado pela tela em branco.
 

Luís Bernardo Fernandes, 4º ano

Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 44

Número de vagas para ingresso em 2021: 45
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 78,664
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 50
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 85,077
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O meu ano de formação geral foi muito atípico devido à pandemia, portanto é possível que o meu dia-a-dia nesse ano não tenha sido uma boa representação daquilo que é um ano normal no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (HFF).  Para contextualizar, o hospital é distrital, mas serve uma população quase equivalente a um central, devido à população dos concelhos de Amadora e Sintra. Isto significa uma grande exigência de recursos humanos no hospital, mas que não se reflete muito no dia-a-dia de um IFG, pois somos mais ou menos poupados nesse aspeto. Como todos os hospitais, o quotidiano depende da rotação em que cada um está inserido. Assim:
- Medicina: existem quatro serviços, cada um com as suas especificidades. No global, é uma rotação que pode ser trabalhosa mas que é muito gratificante pelo conhecimento que adquires. A maioria gosta bastante de fazer Medicina no HFF, seja no 6º ano como estágio clínico seja na formação geral, por ser um ambiente propício de aprendizagem. Na maioria das vezes, existe um bom equilíbrio entre autonomia e apoio do teu tutor (claro, depende muito com quem ficas). Nos bancos, estamos essencialmente responsáveis por camas na Sala de Observação, sendo que algumas equipas podem colocar-nos nos balcões (mas não é a norma). Os bancos de medicina do HFF são famosos por serem caóticos, mas penso que os IFGs não sofrem muito com esta sobrecarga no Serviço de Urgência.
- Cirurgia: os IFGs estão fundamentalmente responsáveis pela enfermaria.  Existem normalmente duas passagens (manhã e final da manhã) com um assistente para se discutirem os doentes. Têm algum apoio de internos, mas o trabalho é feito muito entre IFG. No final da manhã/início da tarde o trabalho costuma estar feito e vamos cedo para casa. Nos bancos, estás essencialmente na pequena cirurgia, e tens quase sempre alguém para te orientar (interno ou mesmo um tarefeiro) e que te deixam suturar e fazer vários gestos (drenagem de abcessos, tratamento úlceras, etc). Não é costume os IFGs estarem integrados no bloco operatório, mas se estiverem com interesse podem perguntar aos assistentes que costumam deixar sem problema.
- Pediatria: o serviço é tranquilo, e estamos alocados na enfermaria e SU. Não existe grande autonomia, estamos muitas vezes com um interno, e por vezes podemos escrever os diários dos doentes. A carga horária desta rotação costuma ser bastante leve.
- Medicina Geral e Familiar/Saúde Pública: depende muito do tutor, mas é um dia-a-dia transversal a quase todos, acompanham o tutor nas consultas, por vezes podem dar vos autonomia para fazer consultas.
 
2) Faz noites?
No meu ano apenas se faziam noites nos bancos de Medicina Interna.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Legalmente, os IFGs não têm autonomia para tomar decisões clínicas de forma independente. No HFF, não existe problema em expressar o nosso raciocínio clínico e sugestões em relação à abordagem do doente com os assistentes, sendo uma componente bastante boa para aprendizagem. Claro que em certos contextos podemos estar mais desacompanhados, nomeadamente no Serviço de Urgência, mas não se deve ter medo de perguntar a um interno mais velho ou assistente, pois os doentes depositam a sua confiança em nós e as decisões devem ser acertadas e bem fundamentadas.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Como disse na pergunta anterior, por norma a relação é muito boa e é uma das valências que o HFF tem. Sendo um hospital relativamente recente, está composto por muitos jovens especialistas que têm o bichinho da formação médica. Não quero com isto dizer que não possa haver alguns casos em que a comunicação pode não ser a mais fácil, mas isso é igual em todo o lado.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são feitas no HFF. Quanto às USFs, podemos escolher entre o ACES Amadora e ACES Sintra, sendo depois colocados nas várias USFs dessas zonas (não é uma escolha nossa qual a unidade).
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Tirando uma ou outra rotação, a carga horária não é exagerada, e portanto é perfeitamente compatível conjugar o internato geral com outras atividades. Em relação à investigação, se a pergunta é se existem oportunidades evidentes para integrar trabalhos de investigação, então a resposta é negativa. No entanto presumo que, caso haja interesse, exista sempre a possibilidade de falar com o assistente e elaborar algum trabalho numa área particular.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
Vantagens: Em termos formativos, é um ótimo sítio para aprenderes. O ambiente é tranquilo na maioria dos serviços, e por ser distrital todos se conhecem uns aos outros, sendo muito mais fácil pedires a colaboração de outras especialidades, havendo mais entreajuda do que por exemplo um hospital universitário central. O número de IFGs também é reduzido, havendo um sentimento de grupo e mais facilidade na criação de amizades. De destacar também o Internato Médico, que tem um papel ativo no apoio dos internos, ao contrário de alguns hospitais.
Desvantagens: Por ser um hospital distrital cuja população é enorme, a afluência ao SU é exagerada e leva a que o hospital se torne mais centrado na urgência do que noutros aspetos. Isto torna evidente alguma falta de organização nos quadros superiores e a tomada de decisões que são no mínimo polémicas. No meu ano, com a pandemia, a escassez de recursos humanos tornou-se mais gritante, e foi necessário realocar os IFGs noutras tarefas relacionadas com o COVID-19 (penso que tenha sido um problema nacional). Não sei como será no futuro, mas penso ser importante terem em a pandemia em consideração.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Concluindo, penso que o HFF é um local bastante bom para fazer o internato geral. Nenhum hospital vai ser perfeito, vão sempre haver deficiências e críticas que podemos fazer. O HFF não é de todo perfeito, mas tem um bom equilíbrio entre a componente formativa e vida pessoal. A norma é sair cedo e não ficamos muitas vezes sobrecarregados. Aconselho-vos a falarem com pessoas de outros hospitais, e várias pessoas do mesmo hospital, pois a opinião e perspetiva podem diferir. Pensem se querem um hospital distrital ou central e se junto da vossa área de residência ou noutra cidade. Juntem as vantagens e desvantagens de cada um e façam a vossa decisão!
 
Testemunho do Dr. André Jin Ye
IFG no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/11/hospital-prof-dr-fernando-fonseca-epe.html



Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 46

Número de vagas para ingresso em 2021: 45
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 60,085

Número de vagas para ingresso em 2020: 46
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 48,352
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia depende do serviço a que o IFG está alocado.
- Medicina Interna: O horário de entrada ronda as 8h30. O IFG está sob tutela de um orientador, mas muitas vezes integrado numa equipa com outros especialistas, IFE e IFG. No início da manhã é feita a distribuição dos doentes entre os vários integrantes da equipa. Durante a manhã é realizada a colheita da história clínica, realização do exame objetivo e escrita do diário clínico. Posteriormente é feita a discussão dos doentes com os especialistas, realizados os pedidos de exames, e o ajuste terapêutico pelo especialista. Uma vez por semana é realizada uma urgência de 12 horas, onde o IFG realiza a história clínica, exame objetivo e pedido de exames complementares, sempre com orientação dos especialistas também de urgência.
- Pediatria: é realizada uma divisão pelos vários serviços de pediatria (internamento, neonatologia, berçário, consulta externa, urgência), de acordo com o horário do orientador e de forma a passar por todos os serviços. Os IFG acompanham os especialistas nas visitas, na realização do exame objetivo e na realização dos registos e pedidos de exames necessários em todas estas áreas. As urgências realizam-se uma vez por semana, das 8h00-20h00, nos mesmos moldes dos restantes serviços.
- Cirurgia: semelhante a Medicina Interna. Os IFGs são distribuídos em três equipas, conforme a equipa do seu orientador (grupo hepatobiliopancreático, colorretal, e mama e tiróide). Durante a manhã procede-se à divisão dos doentes. O IFG passa visita, escreve diários e pede exames complementares, após discussão com especialista da equipa de serviço. Se assim o pretender, o IFG pode acompanhar a sua equipa no bloco operatório. Realizam-se urgências das 8h00-20h00, estando o IFG responsável pela avaliação inicial dos doentes, pedido de exames complementares necessários e realização de pequenas intervenções, como sutura de feridas.
- Medicina Geral e Familiar (MGF) e Saúde Pública: cada IFG é colocado num centro de saúde, conforme disponibilidade de orientadores, e sob acordo entre os vários IFGs. Em MGF acompanha um especialista, cumprindo o horário deste. Assiste às consultas, auxilia no registo de exames e na renovação do receituário, na gestão de consultas e outros pedidos, e dependendo do orientador, na realização de consultas (com discussão dos casos). Em Saúde Pública, atualmente auxilia na realização das várias tarefas relativas ao Covid-19, mas também acompanha na realização de várias outras atividades (análise de águas, fiscalizações, gestão de outras patologias com impacto na saúde pública).
 
2) Faz noites?
Na Unidade Local de Saúde do Nordeste, os IFGs não fazem noites nem fins-de-semana. As urgências realizam-se no período das 8h00 às 20h00.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Os IFGs não devem tomar decisões clínicas sem que as mesmas sejam discutidas e aprovadas por um especialista, tanto num contexto de internamento como de urgência. Muitas vezes os doentes são observados autonomamente pelos IFGs, pelo que o seu juízo é tido em consideração na discussão dos casos.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
De uma forma geral, é uma boa relação. Grande parte dos especialistas têm vontade de orientar e ensinar, e estão abertos à discussão clínica. Compreendem bem qual o papel do IFG, as suas limitações, e como devem ser protegidos.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Os hospitais englobados na Unidade Local de Saúde do Nordeste são a Unidade Hospitalar de Bragança, a Unidade Hospitalar de Macedo de Cavaleiros e a Unidade Hospitalar de Mirandela. As unidades de saúde primária envolvidas são as que constituem o Agrupamento de Centros de Saúde Alto Trás-os-Montes I – Nordeste. A escolha das unidades (hospitalares) é feita de acordo com a média dos IFG.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Tirando a limitação da distância, que pode ser impeditiva para a realização de algumas atividades de investigação, há muita flexibilidade para a conjugação com outras atividades e na criação do seu horário de trabalho.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
Ressalvo que os especialistas compreendem que é um ano de adaptação, pelo que têm o cuidado de não nos atribuírem tarefas que não podemos nem devemos cumprir (prescrição, “abandono” nos serviços de urgência). Surge uma grande variedade de patologias que, noutros hospitais mais centrais, estariam atribuídos a outras especialidades não englobadas no internato de formação geral.
Existe, no geral, um bom ambiente nos serviços e em todo o hospital, com um ambiente muito familiar e confortável.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
A escolha baseia-se muitas vezes na obtenção de um equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. No entanto, dada a curta duração do internato de formação geral, aconselho que façam escolhas que vos poderão trazer experiências diferentes. Dado que grande parte dos cursos de Medicina são realizados em grandes meios, é importante e interessante passar por hospitais periféricos, com realidades e meios disponíveis completamente diferentes.
 
Testemunho da Dra. Ana Beatriz de Sousa e Castro Guimarães
IFG na Unidade Local de Saúde do Nordeste, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/09/unidade-local-de-saude-do-nordeste-epe.html





Os Gritos Silenciados da Pandemia

“Um em cada cinco [estudantes] pensaram, pelo menos uma vez, durante o período da pandemia, em suicidar-se.” 81% dos estudantes pensaram pelo menos uma vez que nada tinham a esperar do futuro. Nos meses de verão de 2020, o número de suicídios entre estudantes foi notavelmente superior aos anteriores. Num inquérito realizado por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e respondido por mais de três centenas de alunos do ensino superior, 76% dos que negaram ter ansiedade clinicamente diagnosticada, admitiram sentir, frequentemente, níveis elevados de ansiedade fora de épocas de avaliação.
Estas estatísticas, estes números, representam gritos de todos os que precisam de ajuda.
Nas notícias, nas redes sociais, em todo lado “vemos” o grito de alguém, de um estudante que já pensou na opção de pôr fim à sua vida. Um grito em cada cinco vozes, segundo o estudo da Associação Académica de Coimbra sobre a saúde mental e o impacto da pandemia. As vozes soaram em diversas plataformas e, mesmo assim, o grito foi calado pouco depois. A pessoa que gritava viu uma vez mais o seu pedido de ajuda ignorado.
Saúde mental é sempre um tópico difícil de falar e discutir, pois uns não a sentem e nem sempre o tentam perceber, ou então porque é tabu, porque é difícil ouvir alguém, porque todos têm os seus problemas, não é verdade? Pois, por vezes, o grito por ajuda não é ouvido por ninguém e, a cada 40 segundos, alguém no mundo põe, de facto, fim à sua própria vida por não conseguir gritar mais.
Stress e tristeza afetam o dia a dia de qualquer um, mas é o dobro do trabalho quando se é estudante e se tem uma doença mental. Não se pode deixar uma cadeira por fazer ou um trabalho por entregar. Não ter força para sair da cama, mas há uma aula no computador à espera e, faltando, há consequências. São noites sem dormir e, por vezes, dias sem conseguir comer uma refeição. Mas, das pessoas que passam por isto, é esperado o mesmo que de qualquer outro indivíduo.
“Estamos todos no mesmo barco”, dizem. Desenganem-se. Um estudante com uma depressão tem de se levantar e passar cinco horas da manhã a ver aulas no computador, e outras cinco a estudar para a frequência seguinte, quando não sente réstia de esperança quanto ao dia de amanhã, quando tudo o que lhe trazia prazer na vida parece ter perdido qualquer emoção. Estes estudantes, em vez de sentirem tristeza e felicidade, sentem desespero e pânico na maior parte dos seus dias, quando não conseguem sair fisicamente de casa para fazerem um exame e não conseguem explicar isto aos que se encontram à sua volta, pois sair de casa é uma coisa simples e “provavelmente não estudou e está a arranjar desculpas”. A ansiedade é um instinto animal, que serve para nos proteger. Quando um carro vem na nossa direção, fugimos. Mas e quando esse instinto de pânico e medo extremo ataca quando temos de sair de casa? Ou quando temos de estudar, mas o medo de não conseguir corresponder às nossas próprias expectativas, toma conta de nós? Quando tudo o que conhecemos é medo, olhamos para o mundo com duas mãos à frente dos olhos, não nos permitindo viver o quotidiano.
A ansiedade e depressão são as duas doenças mentais mais comuns. Com a pandemia, veio a falta de convivência com amigos e família, a falta de motivação, ter de passar os dias na mesma divisão. Com as desigualdades sociais mais acentuadas do que nunca, os sintomas depressivos e de ansiedade são amplificados, como foi comprovado pelos inúmeros estudos. No entanto, onde está o tempo de antena destas doenças? Que faculdades andam a agir perante os resultados destes estudos e a compreender realmente o que “um quinto” significa. Façamos um exercício: se um em cada cinco estudantes universitários estivesse contaminado com a COVID-19, seria notícia de todos os jornais, certo? Agora imaginem uma em cada cinco pessoas do grupo de risco para COVID-19, ter COVID-19, ainda pior, não é verdade? Porque não há esta mesma mentalidade e atitude quando é afirmado que um em cada cinco estudantes pensou, pelo menos uma vez, no suicídio nos últimos tempos?
Mais do que nunca, é preciso ter em conta quem temos à nossa volta, é preciso levar a sério o comentário “tenho andado triste”, é preciso não arranjar desculpas para quando temos de ajudar o outro. Todos temos os nossos problemas, mas e se uma conversa - ouvir o grito do outro, for suficiente para que o mesmo não seja mais um número no lado negro das estatísticas? Acredito que medicina seja um curso de Humanidade, mais do que de ciências exatas, pois estamos aqui para tratar do outro. Então, que não nos esqueçamos do outro, quando esse é um amigo, colega, familiar, aluno que precisa de nós, mesmo que não o diga tão diretamente. Alguém que precisa de uma palavra amiga e de um pouco mais de motivação para continuar na luta. Queremos mudar o mundo de alguma forma? Então comecemos por quem nos rodeia, lembrando-nos de quem já pediu ajuda e de quem ainda não pediu. Ser estudante torna ter uma doença mental mais difícil, ter uma doença mental torna ser estudante mais difícil. 
Pedir ajuda é difícil, ainda mais quando não se sabe como o fazer e quando se fala pouco de como o fazer. Um primeiro passo... Na Universidade de Coimbra (UC), existem consultas de Psicologia Clínica, a consulta do jovem universitário, que disponibiliza, em parceria com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), consultas de Psiquiatria gratuitas a estudantes da UC (mediante referenciação), e a linha de suporte emocional "UCare", que se dedica a dificuldades decorrentes da situação pandémica e medidas de isolamento (ucare@uc.pt). Há ainda linhas de apoio como o SOS Voz Amiga das 16h às 24h, através dos contactos 213 544 545 / 912 802 6699 ou o Serviço de Aconselhamento Psicológico SNS 24, aberta 24h por dia e gratuita, através do contacto 808 24 24 24.
Pedir ajuda não é fácil, por isso, vamos ouvir quando alguém o faz e não silenciar mais gritos.



Filipa Silva, 1º ano

Sesaram, E.P.E.

Número de vagas para ingresso em 2022: 40

Número de vagas para ingresso em 2021: 39
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 60,552
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 40
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 55,729
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia como Interna de Formação Geral dependia dos estágios. Em todas as especialidades, o dia de urgência apenas se realiza durante a semana e sempre das 9h- 21h.
No caso de Medicina Interna, a semana divide-se em internamento, serviço de urgência (SU) e consulta externa. Todos os internos têm um orientador atribuído, o horário de internamento é das 8h30 às 15h30, um dia de SU e a consulta com o orientador é opcional.
Relativamente a Cirurgia Geral, não há um orientador atribuído, mas ficam alocados a uma das equipas (CR, HBP, EGE). O estágio divide-se entre o internamento, SU e bloco operatório. No internamento, há reunião de serviço à 2ª feira às 8h15 e visita médica diária, o horário é das 8h30-15h30; um dia de SU e quanto ao bloco operatório apenas vai quem estiver interessado em áreas cirúrgicas.
Quanto a Pediatria, também não há um orientador atribuído, o estágio organiza-se por uma rotação fixa em que passam 4 semanas na neonatologia, 3 semanas no internamento, 1 semana na cirurgia pediátrica e 1 semana de serviço de urgência diariamente, todos com horário das 8h30-15h30. A esta rotação, acrescenta-se um dia de SU.
Em todas as especialidades hospitalares o horário é flexível e dependente da carga de trabalho, sendo possível por vezes sair mais cedo ou mais tarde e compensar nos dias seguintes.
No caso do estágio de Cuidados de Saúde Primários, o horário é semelhante ao do tutor podendo incluir manhãs e/ou tardes e abrange também um dia de SU que pode ter de ser realizado num Centro de Saúde diferente; nas 2 semanas de Saúde Pública o estágio realiza-se no Centro de Saúde do Bom Jesus e no 1º dia, é atribuído um horário diferente para os 2 IFGs. Nestas 2 semanas, têm a oportunidade de acompanhar para além dos médicos de Saúde pública também técnicos de Saúde Ambiental. Para além disto, normalmente à 4ª feira das 14h-16h e à 5ª feira das 8h-9h, todos os IFGs, independentemente dos estágios, têm sessões clínicas obrigatórias.
 
2) Faz noites?
No SESARAM, os IFGs não fazem fins de semana nem turnos noturnos, o SU é sempre das 9h-21h. Se necessário, é possível realizar um turno ao fim de semana em troca de um dia de semana.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O Interno de Formação Geral, em termos legais, não tem autonomia para exercer medicina e por isso, é praticada em todos os estágios medicina tutelada. Os doentes são sempre discutidos com especialistas, aos IFGs é dada autonomia para colher a história clínica, realizar o exame objetivo e escrever o diário clínico correspondente. Toda a conduta diagnóstica, assim como as decisões clínicas, são realizadas em conjunto com os especialistas do serviço.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
Penso que a relação de proximidade depende do serviço em questão assim como do orientador. No geral, penso que na grande maioria das situações os IFGs se sentem parte integrante dos serviços.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
O SESARAM abrange 2 hospitais: Hospital Dr. Nélio Mendonça (HNM) e Hospital dos Marmeleiros (HM), sendo que dos estágios obrigatórios apenas o Serviço de Medicina Interna se localiza maioritariamente no HM. O SU de todos os estágios hospitalares localiza-se no HNM. Quanto aos Cuidados de Saúde Primários na Região Autónoma da Madeira (RAM), estes estão inseridos no ACES - Agrupamento dos Centros de Saúde da RAM.
Este agrupamento contempla 47 Centros de Saúde, distribuídos por sete zonas geográficas: CS da Zona Oeste, CS de Câmara de Lobos, CS do Funchal Zona I, CS do Funchal Zona II, CS de Santa Cruz, CS da Zona Leste e CS Dr. Francisco Rodrigues Jardim. Apenas 4 dos 47 Centros de Saúde têm Serviços de Urgência.
A distribuição dos internos é feita no 1º dia por sorteio, sendo possível realizar trocas.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
A carga horária são 40 horas por semana, organizadas de forma a ter tardes ou manhãs livres, consoante o estágio.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
A principal vantagem é a possibilidade de viver durante um ano numa ilha incrível com bom tempo durante todo ano, qualidade de vida não vai faltar; ótima carga horária, sempre respeitada; têm bom ambiente intra-hospitalar, entre as equipas dos diferentes profissionais de saúde; o serviço de urgência é calmo comparativamente aos hospitais centrais e não existem médicos indiferenciados, logo há a possibilidade de atender todas as categorias da Triagem de Manchester.
As principais desvantagens: dificuldade em participar em congressos ou cursos pela distância física do continente; não haver oportunidade de realizar “opcional” ou um estágio fora do hospital de origem, na especialidade do nosso interesse; não ter experiência em realizar turnos noturnos ou ao fim de semana; sair sem experiência suficiente para nos sentirmos confortáveis em praticar serviços médicos de forma autónoma no fim da formação geral; pouca flexibilidade para realizar formações fora do SESARAM comparativamente com outros hospitais; fraca rede de transportes públicos para as regiões periféricas no caso do estágio de Cuidados de Saúde Primários; na altura da escolha da especialidade, há dificuldade em visitar diferentes hospitais e especialidades (no SESARAM não existem todas as especialidades médicas) devido à distância física.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Penso que a escolha do local para a Formação Geral deve ser pessoal e individualizada, tendo em conta as preferências e as perspetivas de futuro de cada candidato. No meu caso, eu preferi um local mais calmo que me desse oportunidade de realizar atividades extracurriculares do meu interesse e que me ajudassem a traçar o meu futuro; no SESARAM encontrei espaço para crescer, sempre apoiada e sempre com abertura para direcionar o meu percurso. A escolha do hospital deve ter em conta as vossas dúvidas, têm no ano de formação geral a possibilidade de as esclarecer e de tentar abrir horizontes, que como estudantes nunca pensaram. Por isso, antes de escolherem, façam uma lista dos objetivos a cumprir no fim deste ano e escolham o local que pensem que melhor vos vai ajudar a cumpri-los.
 
Testemunho da Dra. Andreia Fonte Boa Mandim
IFG no Sesaram, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano



Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E.

Número de vagas para ingresso em 2022: 93

Número de vagas para ingresso em 2021: 96
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 63,836
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 97
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 61,071
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia de um IFG no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra depende muito do estágio onde se encontra, e da equipa onde é inserido ou local onde fica. De uma forma geral, o horário é tranquilo e acaba-se por se conseguir fazer menos do que as 40 horais semanais, mas há colegas que, em algumas das rotações e em determinados locais, se calhar fazem um bocadinho mais. Exceto no estágio de Medicina Geral e Familiar, há sempre 12 horas de Serviço de Urgência por semana. De resto, as horas são distribuídas entre internamento ou consultas, dependendo do estágio. Em Medicina Interna e Cirurgia, a maior parte do tempo é passado no internamento, havendo possibilidade de assistir a algumas consultas, caso haja interesse do próprio e abertura do tutor. Em Pediatria, os IFGs são alocados a um único serviço, onde passam o estágio inteiro, e tanto podem ficar no internamento como em consulta, sendo estas de várias especialidades (alergologia, pediatria geral, desenvolvimento, adolescente,…). Em Medicina Geral e Familiar, o dia-a-dia é mesmo muito variável, há colegas a assistir a consultas, outros a fazê-las com alguma autonomia, outros ajudam mais na parte burocrática, varia muito de Centro de Saúde para Centro de Saúde e de tutor para tutor.
 
2) Faz noites?
Sim, em Medicina Interna o SU pode ser de noite (21h-09h). Em Cirurgia varia, no início do ano não fizemos, mas para o final do ano pediram a nossa colaboração e começamos a fazer, também no mesmo horário.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Depende mais uma vez do estágio, da circunstância e da equipa. No Serviço de Urgência de Medicina Interna, se calhar não temos tanta autonomia como no de Cirurgia – no primeiro, acabamos mais por fazer a anamnese do doente, escrevemos a história clínica e depois o interno mais velho/especialista pede os exames e avalia a partir daí; no segundo, já somos mais autónomos e, depois de discutir o doente, já é usual darmos medicação e pedir exames. Nunca damos altas em nome próprio, nem nunca fazemos nada sem falar com alguém superior. No internamento, dependendo também da equipa e do estágio, normalmente fazemos notas de entrada, diários clínicos e exame objetivo, depois discutimos o doente e, consoante o especialista decidir, podemos pedir análises e outros exames, por exemplo. Mas a decisão de como atuar é sempre do especialista/interno mais velho e, embora tenhamos acesso a pedir todo o tipo de exames e colocar medicação, normalmente, não o fazemos de forma autónoma.
 

4) Como é a relação médico interno-médico especialista?

É muito variável. De forma geral, as pessoas são acessíveis e estão dispostas a ajudar, e mesmo quando não está o especialista disponível, há sempre um interno mais velho a quem pedir ajuda.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
A rotação de Medicina Interna e Cirurgia tanto pode ser no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra como no Hospital Geral dos Covões. A de Pediatria pode ser no Hospital Pediátrico, na Maternidade Bissaya Barreto e na Maternidade Daniel de Matos. A de Medicina Geral e Familiar pode ser em vários Centros de Saúde do distrito de Coimbra (S. Martinho do Bispo, Mira, Miranda do Corvo, Condeixa, Mealhada…), sendo que os Centros de Saúde disponíveis para uma determinada rotação só se sabem mais ou menos um mês antes.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, claro! O horário é flexível e tranquilo de uma forma geral, por isso é possível conjugar com qualquer atividade extra que se goste.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Eu escolhi o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra mais pela proximidade a casa. Sabia que, à partida, não teria uma melhor qualidade de vida em relação a outros hospitais (como ter talvez mais doentes ou fazer noites e fins de semana), mas pessoalmente, a minha linha de pensamento foi – sendo este um ano essencialmente de aprendizagem, achei que seria uma ótima oportunidade de “treino”, digamos assim, para o início do internato da especialidade. Assim, a principal vantagem que aponto ao internato é mesmo essa, o facto de o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra ser uma boa escola. Aprendi muito, quer a nível teórico quer a nível de “desenrascanço”, e acho que isso me preparou para o próximo ano. E posso dizer que a nível de qualidade de vida, não considerei que fosse assim tão má como me diziam, tive tempo para estudar, e para ter vida social e pessoal, embora claro que condicionada pela pandemia. Como desvantagem apontaria talvez a desigualdade entre a experiência de cada um dos IFGs, porque tudo depende da equipa e da rotação onde se está, mas isso acaba por acontecer um pouco por todos os hospitais.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Aconselharia a informarem-se sobre o Internato de Formação Geral em cada um dos hospitais que têm em vista antes da dita decisão, por forma a optarem pelo hospital que mais se coadune às vossas preferências pessoais.
 
Testemunho da Dra. Ana Sofia Lourenço Jardim
IFG no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano



Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 134

Número de vagas para ingresso em 2021: 131
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 52,341
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 90
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 63,521
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Habitualmente o meu dia começava, no hospital, às 8h da manhã. Na especialidade de Cirurgia fazíamos visitas diárias, acompanhados pelo chefe da equipa, às enfermarias. Em Medicina Interna, para além das visitas diárias, tínhamos reuniões semanais com a diretora de serviço para discussão dos casos clínicos e apresentação de trabalhos pelos internos da especialidade. No âmbito das visitas, eram discutidas as fases atuais dos tratamentos de cada paciente e planeava-se as fases subsequentes do mesmo. Após as visitas diárias, eram distribuídos doentes aos internos. que seguidamente visitavam cada um deles e analisavam as vigilâncias, faziam o exame físico, avaliavam o doente, faziam os diários e procediam como delineado na ronda matinal.
 
2) Faz noites?
Não, no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) - Hospital de Portimão, os Internos de Formação Geral não faziam noites.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Enquanto interna, tinha autonomia para solicitar exames complementares de diagnóstico que se mostrassem adequados ao caso e alterar a terapêutica se se mostrasse necessário. Sem prejuízo de tal autonomia, os internos procuravam sempre averiguar junto do chefe de equipa ou dos colegas da especialidade a acuidade de tais tomadas de decisão.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Durante o meu internato todos os médicos especialistas, com raras exceções, se mostraram disponíveis para ministrar os conhecimentos que possuíam. Prestavam atenção nas nossas necessidades, dúvidas ou dificuldades e orientavam-nos sempre que solicitado ou quando as circunstâncias lhes revelavam que tal orientação se impunha.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
No hospital onde efetuei o internato (CHUA - Hospital de Portimão) e da minha experiência, era possível, escolher USFs em Portimão e Lagos, para a rotação de Medicina Geral e Familiar. Para Saúde Pública, tivemos possibilidade de optar entre Portimão, Silves e Lagos.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Da minha experiência são escassas as possibilidades de conjugar o Internato de Formação Geral com investigação. No meu caso em concreto, optei por conjugá-lo com uma pós-graduação.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
No meu caso concreto, e em função da atipicidade de circunstâncias pessoais, vivenciadas em momento imediatamente anterior ao início do internato, decidi optar por ficar no CHUA pela proximidade com o meu agregado familiar. Sem prejuízo desta motivação, posso referir que tive o privilégio de trabalhar com profissionais de saúde com características únicas e de excelência. Em termos de desvantagens, indicaria as escassas oportunidades de enveredar pela investigação e a escassez de meios locais para efetuar alguns exames complementar de diagnóstico.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Caso tivesse que aconselhar um Interno a fazer a Formação Geral no Hospital de Portimão, indicaria como fatores predominantes a excelência dos profissionais de saúde e a dedicação demonstrada por estes, aos internos, na partilha dos respetivos conhecimentos.
 
Testemunho da Dra. Ana Catarina Ferreira de Azevedo Palhau
IFG no Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º ano
Atualização em 2021 disponível em: https://revistanemia.blogspot.com/2021/11/centro-hospitalar-universitario-do.html