O
NEM/AAC transformou-me. As suas portas, peculiares, no polo I, abriram outras,
tão inesperadas quanto maravilhosas, na minha vida.
Com
o NEM/AAC aprendi a escutar. A escutar os outros, a entender o que podíamos
fazer por eles. A escutar as questões pedagógicas, as políticas. A escutar a
FMUC. Que casa, a FMUC, que nos acolheu e preparou.
Aprendi
a acreditar. A acreditar no todo e só nele. A viver em equipa. Aprendi que nada
do que é belo se constrói estando sozinha.
Aprendi
a organização, ampla e complexa, de projetos e eventos. Aprendi a
responsabilidade e a responsabilização, a ser e estar representando os outros.
Aprendi a gerir recursos escassos, que não nos pertencem. Pertencem apenas às
funções que assumimos. Em equipa, sempre em equipa.
Aprendi
que a amizade não tem fim e que precisamos uns dos outros para superar
desafios, concretizar soluções. Aprendi a construir.
Aprendi
a viver a esperança, que projetos e soluções adequadas ajudariam a melhorar a
vida dos estudantes de Medicina.
Aprendi
que a reação prejudica, mas que agir com sensatez e reflexão move montanhas.
Aprendi a esperar, pelo tempo certo, para avançarmos. Aprendi que existem
respostas novas para questões antigas.
Aprendi
a crítica construtiva, a respeitar a diferença. Aprendi a pedir, quando era
preciso. Aprendi a ajudar, quando capaz. Sempre em conjunto.
Fui
feliz a ser abalroada pela energia de gente magnífica, humilde, dedicada,
criativa, rigorosa, inteligente, que, com abnegação, deram tudo o que tinham
pelos projetos em que acreditávamos. Pelas causas da verdade, por vezes contra
vozes que soavam alto. Mas juntos, sempre juntos, pelas causas do que era
certo.
E recebi,
de rompante, o amor à Academia Coimbrã. NEM de capa e batina, fundido num só de
academismo intenso e marcante, de praxe, reuniões, convívio(s), serenatas,
gargalhadas e ternura. O NEM do Hospital do Ursinho, do Fim de Semana
Terapêutico, da receção ao caloiro. Das febradas, da FMUC League, dos Cursos de
Iniciação à Clínica, da agenda do NEM. Das tertúlias ao luar, na varanda do
bar. Dos intercâmbios pela cidade, do processo, surpreendente, de Bolonha. O
NEM dos workshops, do aNEMia, dos rastreios à periferia, do voluntariado, da
informação sobre boas práticas em saúde. Tantas histórias para contar, com a
Cabra como guardiã e companheira.
Aprendi
a gerir o tempo, as tarefas e a dedicar-me aos compromissos. Aprendi que
funcionários, investigadores e alunos são amigos que vivem na mesma casa, que
acolhe outros tantos amigos, em cada evento que púnhamos de pé. Aprendi que os
Professores são, como nós, de carne e osso, nos seus cargos de liderança e que
o conteúdo, a discrição, a seriedade e a sensatez movem os bons corações.
Chorei
de alegria quando tudo corria bem e aprendi a viver as frustrações, quando nem
por isso. Aprendi que há dificuldades quando menos se espera. Estivemos sempre,
sempre juntos.
Aprendi
a humildade, quando vemos os limites, quando não é possível fazer mais. A
humildade de assumir os erros e aprender com eles, a rir, depois, deles.
Sempre, sempre em equipa.
Aprendi
que os livros são só uma parte de estudar Medicina. E que o que não está
escrito é uma viagem e tanto, com a beleza e a surpresa de não haver mapa.
Aprendi
que o coração tem muito espaço para as amizades tão profundas que o NEM me deu
como presente de vida. Laços do “Perto de Ti”, do “Por ti”.
Mais
de 10 anos passados, certa do NEM como um caminho de alegria, descoberta,
partilha, crescimento, emoções e muito, muito respeito. E muito amor pela
Academia de Coimbra.
Obrigada
NEM/AAC.
Inês de Mesquita
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