Associativismo: Clichés e Outras Coisas

Até há um ano, o Associativismo era apenas mais uma palavra da língua portuguesa. Pensava-o como um grupo de pessoas especiais, que, de alguma forma, se destacavam dos demais pelo facto de terem cargos com alguma visibilidade.
Olhava-os como uma elite: pessoas interessantes, na sua maioria com um ar sério e aparência mais velha. Sempre me questionei: “Como será que se chega ali? O que terão feito para o conseguir?”, mas recordo que o pensamento mais recorrente era “Como têm tempo para tudo? Há pessoas com sorte!”
Hoje, para mim, o Associativismo é uma realidade, faz parte da minha vida! Afinal de contas, neste momento, também faço parte deste grupo de pessoas e sei que não somos mais do que meros estudantes. Estudantes que, ao se interessarem e envolverem em projetos, acabam por ser convidados para pertencer a uma lista, concorrendo a um cargo. E, hoje, consigo compreender que é uma evolução natural, sem lugar a “tachismo”. As pessoas que chegam a estes lugares têm mérito e mereceram-no. Claro que esta é a minha realidade.
Hoje, sei que o Associativismo é uma Escola. E atenção que é uma escola como muito poucas: é uma Escola Familiar. Familiar porque, na realidade, é mesmo disso que se trata, uma família. Estamos lá, uns para os outros, como em qualquer família exemplar. Por vezes, basta um olhar para sabermos que tudo vai correr bem. E, mesmo que não corra, no final de tudo vamos estar lá uns para os outros, como no primeiro dia! E Escola porque nos ensina mais do que qualquer curso superior, não em quantidade, mas em qualidade dos ensinamentos. As modernamente chamadas soft skills: a gestão de tempo, a gestão de uma equipa, a gestão de conflitos, o poder da comunicação. Ensina, igualmente, o valor do trabalho de equipa, da entreajuda, o saber ouvir e respeitar a opinião do outro, mesmo que diferente da nossa, o trabalhar com pessoas diferentes de nós - valores estes que serão fundamentais ao longo da nossa vida!
Mas, desengane-se quem pensa que é tudo um mar de rosas, porque não o é. “É só festas, casacos giros com o nome e muitos ainda têm direito a estatuto.” Ainda há em demasia esta visão redutora e é, até, ofensiva. Estar no associativismo é lutar com todo o esforço para mudar coisas e continuar tudo na mesma, é lidar com o fracasso, é ter (demasiadas) reuniões até às 5h da manhã com aulas no “dia seguinte” às 8h, é na mesma semana ter quatro reuniões, é arrumar convívios no fim destes, é desesperar à espera da resposta a um email, é ter fins-de-semana seguidos ocupados com atividades, assembleias gerais ou congressos, é querer estudar/namorar/passear/procrastinar mas ter algo que não pode ser adiado porque assumimos esta responsabilidade.
Quem me é próximo já me ouviu dizer “Porque é que me meti nisto?”. Admito, já quis desistir por diversas vezes. Mas (e há sempre um mas), existe a tal família de que vos falei, temos pessoas que estão a contar connosco, temos parceiros de equipa que precisam de nós, temos compromissos assumidos, e sempre farei por honrar os meus.
Um ano passou, um ano duro, um desafio constante, um sem número de vezes a pensar “não vou ser capaz”. Apesar disto, um ano de uma Escola que não teria de outra forma. Cresci tanto! O Associativismo ensina-nos tanto!
Vivi momentos indescritíveis que levarei para sempre na minha memória. E mais do que isso, levarei estas pessoas (parceiros do Associativismo) no meu coração, pela vida fora (não todas, porque não temos de nos identificar com todas; temos, sim, de respeitar todos!).
Se me perguntassem “Terias aceitado o convite para o cargo, novamente?”, hoje, diria que sim! Amanhã, não sei… Mas, hoje, sim!
Marta Neves, 5º ano

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