Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 51

Número de vagas para ingresso em 2021: 53
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 74,774
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 65
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 67,197
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia de um Interno de Formação Geral (IFG) no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) varia de acordo com a rotação em que se encontra. E, a ordem das rotações é conhecida no primeiro dia, de acordo com a nota de entrada no internato. Eu escolhi a seguinte ordem de rotações: Cuidados de Saúde Primários (CSP) > Cirurgia Geral (CG) > Medicina Interna (MI) > Pediatria.
CSP tem uma duração de 3 meses e, no meu caso, fiz 6 semanas de Saúde Pública (SP), seguidas de 6 semanas de Medicina Geral e Familiar (MGF). Esta ordem varia consoante o ACES e, também, de ano para ano. Como realizei esta rotação nos primeiros meses do ano, foi necessária mais ajuda no início do ano e daí que, em algumas ACES, os meus colegas tenham feito mais tempo de SP. Portanto, entende-se que, em SP, fiz apenas inquéritos epidemiológicos. Em MGF, todos os dias, acompanhava uma Especialista nas consultas abertas, consultas programadas e consultas ao domicílio e, ainda tive a oportunidade de guiar algumas consultas, sempre sob a supervisão da Especialista.
CG tem a duração de 3 meses. Neste caso, o trabalho decorre em equipa, ou seja, cada equipa tinha, pelo menos, 3 IFGs. Acompanhámos os Especialistas e Internos de Formação Específica (IFE) na urgência, internamento, consulta, pequena e grande cirurgia. Julgo que esta rotação será mais interessante para os que adoram cirurgia e, para tal, têm que mostrar interesse desde o início, de modo a que sejam chamados a participarem. Aliás, alguns colegas meus participaram nas pequenas cirurgias.
MI tem a duração de 4 meses, mas 1 mês corresponde a uma optativa. Na minha opinião, é neste período que se tem mais autonomia, em que o IFE e/ou Especialista pretende saber a nossa opinião acerca de diagnósticos diferenciais e propostas terapêuticas, tanto no internamento como na urgência. A minha rotina nesta rotação foi um pouco diferente da dos meus colegas, pois alocaram-me à equipa Covid. Portanto, enquanto tivemos doentes Covid internados, o dia começava pela divisão dos doentes pelos elementos da equipa, ia observá-los e depois discutia com o Especialista.
O CHEDV dá-nos a oportunidade de fazer 1 mês de optativa, que se escolhe no primeiro dia juntamente com a ordem das rotações. Existem várias opções de escolha, desde Neonatologia – a que eu escolhi – Cardiologia, Medicina Intensiva, Oncologia, Medicina Física e de Reabilitação, entre outras. Tanto o horário e o dia-a-dia são definidos com o serviço e, por isso, é muito variável.
Por último, Pediatria, a rotação que ainda não realizei, tem a duração de 2 meses. Segundo os meus colegas que já passaram pelo serviço de Pediatria, basicamente, acompanha-se um tutor nas consultas, urgências e internamento. 
 
2) Faz noites?
Sim, em todas as rotações hospitalares (CG, MI e Pediatria) um IFG cumpre 12h SU por semana, podendo começar ao fim-de-semana ou num dia de semana, e o esquema altera-se dia-noite-dia, de modo a que se façam 2 noites por mês. 
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Não é suposto um IFG ter autonomia. Porém, a meu ver, a única rotação onde se pode ter verificado algum grau, ainda que ligeiro, de autonomia foi em Medicina Interna. Como disse anteriormente, tanto no internamento como na urgência, o IFE e/ou Especialista ouve a nossa opinião, mas toda a decisão diagnóstica e terapêutica era tomada após discussão com um elemento mais velho. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
De uma forma geral, a relação é muito boa. Obviamente que, nem todos têm a mesma paciência para explicar e transmitir conhecimentos, mas achei que, regra geral, a maioria dos elementos mais velhos, tanto do meio hospitalar como do meio não hospitalar esclareciam as minhas dúvidas e entusiasmavam-me a investigar os casos. 
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
A maior parte das rotações ocorre no CHEDV, mas algumas atividades podem realizar-se no Hospital de São João da Madeira, Hospital de Oliveira de Azeméis ou no Lenitudes.
Relativamente às USF’s, incluem-se em 3 ACES (ACES 1 – Feira e Arouca, ACES 2 – Aveiro Norte e ACES Gaia). O número de vagas para cada USF depende de ano para ano, porém no ACES Gaia só fica alocado 1 IFG. A escolha é feita, também no primeiro dia, pela nota de entrada no internato. 
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, apesar de não ser a melhor pessoa para falar sobre o assunto, porque não me envolvi em nenhuma atividade para além do internato. Mas conheço vários colegas IFGs que participaram na organização de congressos, fizeram pós-graduações e artigos científicos. Portanto, tempo há. Na minha opinião, apenas é necessária organização, força de vontade e encontrar algo de interesse, visto que depois do horário cumprido vai-se para casa sem levar trabalho e só se volta a pensar em trabalho na manhã seguinte. 
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o IFG?
Vantagens: Bom acompanhamento do serviço administrativo do internato, que ajuda muito nas dúvidas que surgem ao longo do ano; Bons acessos (essencial para quem é de Gaia e Porto); Estacionamento gratuito; Boa organização de horários; Possibilidade de fazer CSP em Gaia; Para quem não tem interesse em Cirurgia Geral é uma vantagem, pois não há obrigatoriedade em ir ao bloco ou em participar em procedimentos.
Desvantagens: Não é um hospital central, logo não tem todas as especialidades, após uma determinada hora não há determinadas especialidades e/ou alguns exames complementares de diagnóstico; o que pode ser vantajoso para alguns, é considerado desvantajoso para outros, pois quem tem interesse em Cirurgia Geral tem de estar sempre à procura de oportunidades em que possa participar. 

8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Bem, não façam a escolha, sem pensarem primeiro em certos fatores que, no fim do ano podem ser fundamentais para quem quer começar a poupar. Posso dar o meu exemplo: sou da Ilha de São Miguel, fiz os primeiros 3 anos na Universidade dos Açores e os seguintes na Universidade de Coimbra, por isso sei como é o funcionamento de 2 hospitais e queria conhecer mais uma realidade diferente. Para tal, decidi fazer uma lista de prós e contras em que usei como tópicos: Onde posso arranjar alojamento barato e com bons acessos a autoestradas? O hospital tem bons acessos? Estacionamento gratuito? Hospital central ou periférico? Tenho que fazer noites? Posso fazer optativas?
Obviamente que estes foram alguns fatores que pesaram na minha escolha, mas tantos outros podem influenciar a vossa opção. Reflitam bem sobre tudo para terem um ano incrível e conseguirem desfrutá-lo a 100%. 
 
Testemunho da Dra. Beatriz Maria Mota Almeida
IFG no Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/05/centro-hospitalar-de-entre-o-douro-e.html

0 Comentários