Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 42

Número de vagas para ingresso em 2021: 41
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 60,350

Número de vagas para ingresso em 2020: 42
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 56,202
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Medicina Geral e Familiar - integramos a equipa do nosso tutor, fazemos o seu horário e acompanhamos as suas consultas/vemos doentes sozinhos e, no fim, discutimos para orientar. No fundo, cada um consegue ter autonomia, se quiser. Se não, também acompanha o tutor e isso é ok.
Cirurgia - acompanhamos o tutor no dia-a-dia de internamento, bloco e consulta. Não tive oportunidade de entrar em cirurgias e quem o fez foi em raras vezes. Suturamos na urgência mas está sempre alguém mais velho a supervisionar. Geralmente são os IFGs que fazem os diários do internamento.
Medicina Interna - somos responsáveis por x doentes diariamente. O serviço é um pouco desorganizado. Em certos dias, havia pouca gente para muitos doentes e senti-me um pouco mais sobrecarregada, mas tudo fazível. Assim que os teus doentes estão orientados, há alguma liberdade para sair um pouco mais cedo. No Serviço de Urgência (SU), aprendemos imenso e fazemos de tudo um pouco. Há oportunidade para realizar  procedimentos como paracenteses, toracocenteses, biópsias medulares, punções lombares, entre outros. Há 4 equipas e uma delas é o caos, mas tirando essa todas são tranquilas.
Pediatria - no fundo não se passa muita coisa. O serviço é bastante grande mas há poucas crianças no interior... Acaba por ser "seca" às vezes...
O horário tipo é 09h-18h com uma hora de almoço a meio. Temos de "picar" à entrada e saída e à hora do almoço antes e depois.
No dia de SU é jornada contínua das 08h-20h.
 
2) Faz noites?
Nunca fazemos noites, feriados ou fins-de-semana. Se, por um lado, não ganhamos mais porque não fazemos horas incómodas, por outro sabemos que vamos poder viajar ou ir a casa no dia x ou y. Nada paga qualidade de vida!
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
A nossa opinião é tida em conta e certas coisas vamos fazendo de acordo com o nosso senso clínico mas regra geral, todas as decisões são tomadas em equipa ou com alguém mais graduado.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Os médicos especialistas são, por norma, muito simpáticos e acessíveis. Estão disponíveis para tirar dúvidas e ajudar e não te fazem sentir "burro" se não souberes alguma coisa. Não há aquela coisa do "sr professor". Mas para todas as regras há exceção, não esquecer.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Hospital Pêro da Covilhã maioritariamente. Em Medicina Interna, podemos ir ao hospital do Fundão, mas, por norma, em períodos curtos de duas semanas.
Os centros de saúde são mais variáveis. Covilhã, Teixoso, Fundão, Belmonte... Sempre relativamente perto, mas muitas vezes é preciso carro - eu, ou tive sorte ou toda a gente é acessível para dar boleias, não tenho carta, nem carro, e nunca não cheguei a algum lado por isso.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Há sem dúvida flexibilidade para fazer muitas atividades, desde que o trabalho em si não saia prejudicado. O facto de haver a Faculdade de Medicina mesmo ao lado ajuda. 
Alguns colegas auxiliaram na avaliação prática de alunos dos primeiros anos - avaliação de como desinfetar as mãos, suturas simples, medição de sinais vitais, etc. 
Nesta era COVID, muitos integraram as equipas de testes na universidade. O SNS24 aqui funciona continuamente e há muito trabalho remunerado para ganhar uns trocos extra - já que não fazemos as noites, feriados e fins-de-semana. 
Penso que ninguém integrou equipas do centro de investigação, mas se houvesse interesse duvido que fosse recusado. 
Há ainda colegas a leccionar aulas de casos clínicos de preparação para a Prova Nacional de Acesso (PNA) a alunos de sexto ano. No fundo, há muita oferta de atividades extra-emprego.

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Vantagens: custo de vida da cidade acessível; não fazer noites/feriados/fins-de-semana; imensa natureza com lagos, praias fluviais ou poços para descobrir; neve no inverno e muito sol no verão; tutores acessíveis e simpáticos; autonomia com tutoria - há sempre alguém disposto a tirar dúvidas e a ajudar a tomar decisões; bom para conhecer uma realidade diferente de hospitais centrais ultra-especializados - estudei em Lisboa e a experiência é diferente mas muito positiva; bastante tempo livre para aproveitar (há uma tarde compensatória pelo dia de urgência e, às vezes, conseguimos sair mais cedo).
Desvantagens: acesso de transportes públicos limitado; em tempo COVID, há poucas atividades culturais (não sei como era na época não COVID); para quem é muito tímido, é preciso sorte com os colegas que calham porque, se for como este ano, há muita gente que estudou cá e que já se conhece - eu tive sorte porque é tudo malta simpática; carro é um must (ou boleia).
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O meu conselho é escolherem um sítio onde aprendam alguma coisa, mas consigam aproveitar para descansar depois do ano intenso que é o estudo para a PNA. Se forem parar ao sítio para onde não queriam nada ir, go with the flow, é um ano fixe e o mindset ajuda a que o aproveitem ao máximo.
 
Testemunho da Dra. Sara Inês Pinto Sousa
IFG no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi 
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