Centro Hospitalar Universitário de São João, E.P.E.

 

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 72

Número de vagas para ingresso em 2021: 75
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 78,664

Número de vagas para ingresso em 2020: 85
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 70,545
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Depende da especialidade e da dinâmica de cada equipa, mas geralmente o trabalho de um IFG no Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) divide-se entre o internamento e a urgência. No internamento as nossas tarefas incluem a visita aos doentes, redigir diários e participar na discussão clínica. Na urgência, vemos doentes e orientamos o diagnóstico e a terapêutica após discussão com os tutores.
 
2) Faz noites?
Sim, faço noites e fins de semana no Serviço de Urgência durante os estágios de Medicina Interna, Cirurgia e Pediatria.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Não temos autonomia para prescrever no internamento nem para o exterior, embora possamos prescrever fármacos em contexto de urgência após discussão com os tutores. Ao fim de algum tempo, é esperado que saibamos orientar os doentes e acabamos por assumir algumas responsabilidades, embora as decisões clínicas major não estejam a nosso cargo.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
Depende muito das equipas, das especialidades e do próprio interno, mas, no geral, existe um ambiente propício para a aprendizagem e para o desenvolvimento enquanto médico.
 
5) Em que hospitais e USFs podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são feitas no Hospital de S. João; a rotação de Cuidados de Saúde Primários pode ser feita nas USFs/USP dos ACES Porto Oriental e Maia/Valongo.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim. Raramente são ultrapassadas as 40 horas de trabalho semanal, pelo que é possível dedicar o restante tempo a outras atividades.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Para mim, a principal vantagem de escolher o CHUSJ é o enorme potencial de aprendizagem e treino clínico a que temos acesso, aliado a um horário de trabalho que não é demasiadamente extenso, permitindo-nos obter “o melhor dos dois mundos”. Uma potencial desvantagem é sermos expostos a situações de grande responsabilidade e stress, sobretudo no contexto da Urgência em que nem sempre temos apoio no imediato; isso faz com que o IFG neste hospital não seja tão “relaxado” como noutros locais.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Diria para escolher o local para o ano de Formação Geral de acordo com as expectativas que tem para este ano. Se a expectativa for aprender bastante e ganhar treino em competências clínicas, sem comprometer a possibilidade de ter algum tempo livre para explorar outros interesses, o CHUSJ poderá ser um bom local!
 
Testemunho da Dra. Mariana Martins de Andrade
IFG no Centro Hospitalar Universitário de São João, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/03/centro-hospitalar-universitario-de-sao.html

Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 42

Número de vagas para ingresso em 2021: 41
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 60,350

Número de vagas para ingresso em 2020: 42
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 56,202
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Medicina Geral e Familiar - integramos a equipa do nosso tutor, fazemos o seu horário e acompanhamos as suas consultas/vemos doentes sozinhos e, no fim, discutimos para orientar. No fundo, cada um consegue ter autonomia, se quiser. Se não, também acompanha o tutor e isso é ok.
Cirurgia - acompanhamos o tutor no dia-a-dia de internamento, bloco e consulta. Não tive oportunidade de entrar em cirurgias e quem o fez foi em raras vezes. Suturamos na urgência mas está sempre alguém mais velho a supervisionar. Geralmente são os IFGs que fazem os diários do internamento.
Medicina Interna - somos responsáveis por x doentes diariamente. O serviço é um pouco desorganizado. Em certos dias, havia pouca gente para muitos doentes e senti-me um pouco mais sobrecarregada, mas tudo fazível. Assim que os teus doentes estão orientados, há alguma liberdade para sair um pouco mais cedo. No Serviço de Urgência (SU), aprendemos imenso e fazemos de tudo um pouco. Há oportunidade para realizar  procedimentos como paracenteses, toracocenteses, biópsias medulares, punções lombares, entre outros. Há 4 equipas e uma delas é o caos, mas tirando essa todas são tranquilas.
Pediatria - no fundo não se passa muita coisa. O serviço é bastante grande mas há poucas crianças no interior... Acaba por ser "seca" às vezes...
O horário tipo é 09h-18h com uma hora de almoço a meio. Temos de "picar" à entrada e saída e à hora do almoço antes e depois.
No dia de SU é jornada contínua das 08h-20h.
 
2) Faz noites?
Nunca fazemos noites, feriados ou fins-de-semana. Se, por um lado, não ganhamos mais porque não fazemos horas incómodas, por outro sabemos que vamos poder viajar ou ir a casa no dia x ou y. Nada paga qualidade de vida!
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
A nossa opinião é tida em conta e certas coisas vamos fazendo de acordo com o nosso senso clínico mas regra geral, todas as decisões são tomadas em equipa ou com alguém mais graduado.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Os médicos especialistas são, por norma, muito simpáticos e acessíveis. Estão disponíveis para tirar dúvidas e ajudar e não te fazem sentir "burro" se não souberes alguma coisa. Não há aquela coisa do "sr professor". Mas para todas as regras há exceção, não esquecer.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Hospital Pêro da Covilhã maioritariamente. Em Medicina Interna, podemos ir ao hospital do Fundão, mas, por norma, em períodos curtos de duas semanas.
Os centros de saúde são mais variáveis. Covilhã, Teixoso, Fundão, Belmonte... Sempre relativamente perto, mas muitas vezes é preciso carro - eu, ou tive sorte ou toda a gente é acessível para dar boleias, não tenho carta, nem carro, e nunca não cheguei a algum lado por isso.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Há sem dúvida flexibilidade para fazer muitas atividades, desde que o trabalho em si não saia prejudicado. O facto de haver a Faculdade de Medicina mesmo ao lado ajuda. 
Alguns colegas auxiliaram na avaliação prática de alunos dos primeiros anos - avaliação de como desinfetar as mãos, suturas simples, medição de sinais vitais, etc. 
Nesta era COVID, muitos integraram as equipas de testes na universidade. O SNS24 aqui funciona continuamente e há muito trabalho remunerado para ganhar uns trocos extra - já que não fazemos as noites, feriados e fins-de-semana. 
Penso que ninguém integrou equipas do centro de investigação, mas se houvesse interesse duvido que fosse recusado. 
Há ainda colegas a leccionar aulas de casos clínicos de preparação para a Prova Nacional de Acesso (PNA) a alunos de sexto ano. No fundo, há muita oferta de atividades extra-emprego.

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Vantagens: custo de vida da cidade acessível; não fazer noites/feriados/fins-de-semana; imensa natureza com lagos, praias fluviais ou poços para descobrir; neve no inverno e muito sol no verão; tutores acessíveis e simpáticos; autonomia com tutoria - há sempre alguém disposto a tirar dúvidas e a ajudar a tomar decisões; bom para conhecer uma realidade diferente de hospitais centrais ultra-especializados - estudei em Lisboa e a experiência é diferente mas muito positiva; bastante tempo livre para aproveitar (há uma tarde compensatória pelo dia de urgência e, às vezes, conseguimos sair mais cedo).
Desvantagens: acesso de transportes públicos limitado; em tempo COVID, há poucas atividades culturais (não sei como era na época não COVID); para quem é muito tímido, é preciso sorte com os colegas que calham porque, se for como este ano, há muita gente que estudou cá e que já se conhece - eu tive sorte porque é tudo malta simpática; carro é um must (ou boleia).
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O meu conselho é escolherem um sítio onde aprendam alguma coisa, mas consigam aproveitar para descansar depois do ano intenso que é o estudo para a PNA. Se forem parar ao sítio para onde não queriam nada ir, go with the flow, é um ano fixe e o mindset ajuda a que o aproveitem ao máximo.
 
Testemunho da Dra. Sara Inês Pinto Sousa
IFG no Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi 

Hospital de Cascais

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 8

Número de vagas para ingresso em 2021: 9
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 89,496
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 12
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 85,077
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
No que concerne ao horário laboral, este depende bastante do estágio em questão (Medicina Interna, Cirurgia, Pediatria e Medicina Geral e Familiar – e, dentro desta, a especificidade da Unidade de Saúde Pública) e interesse e envolvimento do interno na área. Dito isto, regra geral, o dia inicia-se por volta das 8h00/9h00, estendendo-se de forma variada consoante o estágio. Com exceção do estágio de Medicina Geral e Familiar, em que há organização dos profissionais por turnos (turno da manhã: 8h00-14h00 e da tarde: 14h00-20h00), fazendo uma média dos restantes estágios hospitalares, diria que 16h00 é a hora de saída mais comum, com exceções pontuais tanto para mais tarde, como para mais cedo (e, claro, nos dias de "banco"!). Reforço o segundo ponto anteriormente mencionado. De acordo com a minha experiência, muitas vezes permaneci mais tempo no hospital por estar particularmente interessada e envolvida numa atividade em particular. Acho que este ano é justamente o grande (e talvez o único) ano que temos para experienciar o máximo que possamos das diversas especialidades e fica ao nosso critério aproveitá-las ou não, de acordo com as prioridades que delineámos para o corrente ano e, claro, interesse pessoal.
Quanto ao dia-a-dia de um interno de formação geral em Cascais, uma vez mais, varia muito em função da especialidade em que estamos inseridos naquele período. A nível hospitalar, nos dias de enfermaria e de forma mais transversal, o dia inicia-se com um breve "catch-up" dos doentes internados e sua distribuição pelos diversos elementos da equipa. Segue-se a revisão individual de cada doente, em termos de exame objetivo, avaliação de intercorrências, sinais vitais e resultados de exames complementares efetuados, incluindo, idealmente, a comunicação com a equipa de enfermagem responsável. Por fim, de novo em equipa, discutem-se os doentes de forma mais pormenorizada, delineando-se o plano apropriado. Além dos dias de enfermaria, têm-se os dias de "banco" nas 3 especialidades hospitalares, os dias (ou parte de dias) de consultas (em Medicina Interna e Pediatria) e, no caso especial de Pediatria, 2/3 semanas de berçário. Já no estágio de Medicina Geral e Familiar, as valências incluem a Saúde de Adultos, Saúde Infantil, Saúde Materna, Planeamento Familiar e Saúde da Mulher. O dia-a-dia depende da valência em questão, sempre em regime de consulta, bem como da independência que é dada a cada interno ao longo do seu estágio. No meu caso, se inicialmente acompanhava o meu tutor nas consultas, estando eu encarregue essencialmente do exame objetivo, acabei por passar a ser eu própria a conduzir a consulta, discutindo o plano com o meu tutor no final, com um grau de autonomia em crescendo.
 
2) Faz noites?
Os moldes de internato de formação geral mantiveram-se face ao ano anterior. Por conseguinte, neste centro hospitalar não se faz serviço de urgência no horário noturno, apenas no diurno. Este horário diurno varia consoante a especialidade, sendo formalmente, das 8h00-20h00 em Medicina Interna e das 9h00-21h00 em Pediatria. Em ambas as especialidades, o horário efetivo acaba por se estender um pouco além do previsto, uma vez que tem de ser feita a passagem dos doentes de uma equipa para a outra. Não obstante, a escala de urgência em que somos integrados inclui fins-de-semana, a que corresponde um dia sem horário durante a semana prévia, que é respeitado. Em regime de exceção, face a sobrecarga de trabalho e/ou ausência de elementos de equipa, esse dia sem horário poderá ter de ser protelado para a semana seguinte, sem, contudo, ser posto em causa.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Um dos aspetos que considero ser mais positivo em Cascais é o facto de nos ser dada bastante autonomia sem com isso existir qualquer tipo de “abandono”. Isto é, qualquer doente que esteja a nosso cargo é, em qualquer momento, discutido com um assistente. Na enfermaria, na maioria das vezes, o assistente corresponde ao nosso tutor, chefe da nossa tira. Porém, nos dias em que o tutor está ausente, é-nos sempre atribuído, no início do dia, um assistente com quem a discussão e delineamento do plano dos doentes da tira deve ser executado. No Serviço de Urgência, o assistente em questão pode ser o chefe de urgência ou um dos assistentes da equipa de banco, consoante a disponibilidade dos mesmos e podendo ou não ficar definido a priori. Importa referir que, informaticamente, o acesso ao sistema operativo é limitado para os IFGs, não tendo acesso a todos os serviços do hospital, à terapêutica do doente, nem a alguns dos exames complementares de diagnóstico (mais específicos). Desta forma, ainda que o plano seja discutido entre o interno e o especialista, tem de ser através do acesso informático do médico residente que estas prescrições e requisições são feitas.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
O ambiente hospitalar varia de acordo com a especialidade, como em qualquer hospital. De uma forma global, o ambiente é muito bom e a relação com os especialistas também, com bastante proximidade entre todos. É-nos dado completo à vontade para discussão de casos e esclarecimento de dúvidas e, regra geral, fazem-nos sentir em casa e parte integrante da equipa.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Todos os estágios hospitalares são feitos no Hospital de Cascais, sem possibilidade de estágios opcionais, não incluídos no programa obrigatório do internato de formação geral. No que concerne às Unidades de Saúde Familiar associadas, no presente ano houve alteração face ao ano anterior, estando disponíveis para estágio: USF São Domingos de Gusmão e USF Alcabideche. Já o estágio de Saúde Pública é realizado na Unidade de Saúde Pública de São João do Estoril.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sem dúvida que sim. Este é o ano em que a disponibilidade para outras atividades extra-laborais é maior desde há alguns anos e, indubitavelmente, maior do que a dos anos subsequentes. Em comparação com o internato de formação geral noutros centros hospitalares, consigo reconhecer que o Hospital de Cascais se destaca por proporcionar uma carga de trabalho bastante equilibrada, variando obviamente de acordo com o estágio, como acontece em todos os hospitais. Destaco uma vez mais que este ano é também um ano que depende muito do próprio e dos seus interesses pessoais em determinada área, que facilmente leva ao prolongamento de horários e maior envolvimento em áreas de maior apreço, sem que se descure aqueles que são os deveres transversais a qualquer área, claro. Neste centro hospitalar há abertura para que esse envolvimento aconteça, sendo inclusive fomentado pelas equipas respetivas.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Começando pelas desvantagens, creio que a maior é o acesso ao hospital, dificultado para quem não tenha transporte próprio. Isto porque em termos de transportes públicos, o único disponível é o autocarro, cujos horários e rotas são limitados. Porém, para quem tem transporte próprio, existe um grande parque de estacionamento, totalmente gratuito para os funcionários, de fácil acesso e sempre com lugares disponíveis. Ademais, reconhece-se um espaço de refeições pequeno, ainda mais limitado pelas restrições impostas pela pandemia corrente, o que, em horas de maior afluência, pode levar a maiores tempos de espera e a dispersão de pessoas do mesmo grupo. Por fim, há grande dificuldade na atribuição de cacifos, com limitação na sua aquisição sobretudo pelo sexo feminino. Só tardiamente no ano é que consegui adquirir um cacifo, numa janela de oportunidade excecional e sempre partilhado com outra colega.

Relativamente às vantagens deste hospital, começo por mencionar a ótima localização e instalações. É um hospital novo, moderno, com equipamentos também eles novos e em excelente estado e quartos com condições extraordinárias. O refeitório tem igualmente bastante qualidade e variedade. À parte destas questões mais funcionais, o hospital ganha sobretudo pelo ambiente, pautado de juvenilidade e descontração, num ambiente mais familiar, face também ao menor número de profissionais de saúde existentes, inerente ao menor número de especialidades quando comparado aos grandes centros hospitalares mais centrais. Daqui advém uma maior comunicação e interajuda entre os demais, inclusive inter-especialidades, o que se mostra altamente benéfico e contribui para uma melhor prestação de cuidados de saúde ao doente, objetivo major.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Pegando naquela que foi a minha experiência pessoal e partilhando o meu raciocínio de deliberação, creio que os fatores mais importantes a ter em conta, sem ordem definida, são:
- Experiência hospitalar prévia e feedback de internos de anos anteriores: ao longo do curso fomos contactando com diversos hospitais em variadas especialidades, o que nos levou a ter experiências melhores e piores em cada um deles, que devem ser tidas em consideração aquando da nossa escolha. À parte essa experiência pessoal, construída em fases mais precoces e imaturas do nosso percurso, facilita muito perguntar a quem já passou pelo mesmo processo de decisão e cuja opção levou a uma opinião formada e conhecedora do internato de formação geral no local em causa, reconhecendo prós e contras de elevada fidedignidade, tanto maior quanto mais recente tiver sido a experiência.
- Local de residência e meio de transporte: sem dúvida que, no caso deste hospital, poderá ser um fator limitante, pelos motivos supramencionados na questão 7).
- Objetivos e prioridades para o ano de internato de formação geral: neste ponto, creio que o Hospital de Cascais permite quer um ano mais tranquilo em termos de sobrecarga horária e de trabalho, se essa for uma prioridade do interno; quer um maior envolvimento em área(s) de interesse, desde que integradas no plano obrigatório do internato (ou seja, que correspondam a Cirurgia Geral, Medicina Interna, Pediatria e Medicina Geral e Familiar). Há espaço, portanto, para um espectro alargado de opções individuais em termos de entrega e exigência no desempenho.
- Objetivos e prioridades para o ano de internato de formação específica: uma vez que o Hospital de Cascais é um hospital distrital, o número de especialidades existentes é restrito, mesmo em relação a outros hospitais distritais. Este pode ser um aspeto limitante se os interesses do interno enquanto escolha futura fugirem às 4 especialidades previamente mencionadas. Uma vez que não é dado espaço temporal para estágios fora dos obrigatórios, é necessário ponderar bem esta limitação, ponderando eventualmente realizar o internato num centro que tenha a(s) especialidade(s) de interesse, o que facilita o contacto intra-hospitalar e acesso à(s) mesma(s).
 
Testemunho da Dra. Rita Neves Ferrão Relvas
IFG no Hospital de Cascais em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/04/hospital-de-cascais.html

Centro Hospitalar de Leiria, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 38

Número de vagas para ingresso em 2021: 37
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 63,916
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 38
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 58,929
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O papel enquanto Interno de Formação Geral neste hospital varia muito consoante a especialidade ou o local em que se fica colocado. Por esta razão o dia-a-dia varia igualmente.
Na Medicina Interna, a rotina prende-se grandemente com tempo de internamento (para ver e avaliar os doentes internados) durante a manhã, e por vezes também no início da tarde, seguindo-se, geralmente, de consultas na parte da tarde. Este horário trata-se apenas de uma generalização, pois dependerá do orientador a que cada um estiver alocado.
Na rotação de Cirurgia Geral, o dia começa geralmente às 8h00 com uma visita rápida aos doentes internados e com o registo no processo clínico. Após estar tudo orientado segue-se para o bloco, que poderá ser só manhãs ou manhãs e tarde. Quando não há bloco marcado acompanhamos o nosso orientador ou outro médico para as consultas.
MGF prende-se essencialmente com consultas.
Pediatria não tenho ainda feedback por ser a única rotação por onde ainda não passei.
Os dias de urgência decorrem uma vez por semana das 8h00-20h00 para para quem está na Medicina Interna ou na Cirurgia Geral. Na Pediatria os horários são diferentes.
Na urgência de Cirurgia Geral, vemos os doentes geralmente sozinhos e discutimos com o orientador sempre antes de tomar alguma ação (exame/diagnostico/terapêutica). Na Medicina Interna, temos um pouco mais de autonomia, sendo que, dependendo de cada caso e da sua complexidade, podemos por vezes realizar a marcha diagnóstica por nossa conta discutindo só depois com quem estiver a orientar para decidir acerca de exames adicionais ou prescrever a terapêutica.
 
2) Faz noites?
Os Internos de Formação Geral não fazem noites neste hospital, por enquanto. Mas fazem fins de semana. Também não fazem extras.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O grau de autonomia varia muito consoante a especialidade, o local e o orientador com quem se está colocado. Como regra geral, apenas na medicina interna, existe mais alguma autonomia para pedir exames, fazer diagnósticos e mesmo propostas terapêuticas (sendo que estas últimas necessitam sempre de ser efetivadas por um interno de formação específica ou especialista). Nas restantes especialidades é quase tudo sempre discutido com o médico que estiver a orientar.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Existe uma boa relação entre internos e especialistas na grande maioria dos casos.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares decorrem todas no Hospital de Santo André, com algumas exceções. Na Medicina Interna entre 1 a 3 internos (em cerca de 10) são alocados para fora, ficando uns no Hospital de Pombal e outros no Hospital de Alcobaça. A alocação ocorre por sorteio caso ninguém se voluntarie em primeiro lugar.
As rotações de Cirurgia Geral e Pediatria decorrem inteiramente no Hospital de Santo André. 
Na rotação de Medicina Geral e Familiar os internos são alocados da seguinte forma consoante escolha por ordem de média de curso: USF Marquês, em Pombal (1 vaga); USF Cidade do Lis, em Leiria (1 vaga); USF Santiago, em Leiria (2 vagas); Centro de Saúde Arnaldo Sampaio, em Leiria (1 vaga); USF Condestável, na Batalha (1 vaga); USF Novos Horizontes, em Porto de Mós (1 vaga); USF Vitrius, na Marinha Grande (2 vagas); USF São Martinho, em Pombal (1 vaga). Isto é referente a 2021, poderá variar nos próximos anos.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Em termos de tempo existe possibilidade para integrar outras atividades sem qualquer problema. No entanto, relativamente a investigação existe falta de oportunidade para IFGs (e mesmo para outros internos) de integrarem grupos de investigação, pela escassez dos mesmos, por não ser divulgado, e por, infelizmente, a investigação não ser algo envolvente no dia-a-dia dos serviços por onde se passa. Existem vários colegas que se encontram a participar em projetos e existe a oportunidade de se estruturar um projeto por iniciativa própria, no entanto não é algo que seja amplamente divulgado ou pelo menos percetível.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Como grande vantagem apontaria o facto de ser um hospital de dimensão intermédia que dá apoio a uma área populacional enorme. Embora seja centro hospitalar, carece ainda de alguma diferenciação em termos de especialidades, pelo que se acaba por acompanhar um leque relativamente amplo de patologias. Outra grande vantagem é a localização e custo de vida. É um hospital localizado numa cidade cujos preços médios de renda se encontram ainda relativamente acessíveis quando comparados com Lisboa, Porto, Coimbra, etc..., sendo que se encontra numa localização que permite estar perto destas.
Como desvantagem vem o outro lado da moeda de ser um hospital de dimensão intermédia, exatamente para quem pretenda ter uma experiência mais especializada em alguma área (por exemplo, não existe unidade de AVC's no hospital). Outra desvantagem prende-se com o difícil acesso a grupos de investigação.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Escolhe o sítio consoante o objetivo que tenhas. Se a investigação representar um peso forte nas ambições de carreira o ideal será um hospital central ligado a uma universidade. Se for para viajar e/ou ter um ano relaxado, o melhor será escolher um hospital numa cidade onde o custo de vida seja tolerável ou já se tenha casa. Independentemente da situação, esta é uma escolha pessoal em que pesam também outros fatores como a experiência pessoal em cada centro.
 
Testemunho do Dr. Ricardo Miguel Martins da Ascenção
IFG no Centro Hospitalar de Leiria, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Centro Hospitalar Barreiro Montijo, E.P.E.

                                                 Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 45

Número de vagas para ingresso em 2021: 44
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 58,117
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 45
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 69,245
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia é passado maioritariamente na enfermaria, mas depende também do estágio em que estamos e do tutor. Na Pediatria temos a oportunidade de assistir a consultas e na Cirurgia Geral de ir ao bloco e participar em cirurgias conforme o nosso interesse.
 
2) Faz noites?
Não, fazemos o turno de dia das 9h às 21h. Em Medicina Interna e Cirurgia Geral fazemos também “bancos” ao sábado e na Pediatria fazemos tanto sábados como domingos e com maior frequência. Para os “bancos” do fim de semana, o descanso compensatório é cumprido.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Temos sempre apoio de um especialista e as decisões são tomadas com base nas discussões dos casos com o nosso tutor ou em equipa. Mas, à medida que o tempo vai passando, vamos ganhando alguma autonomia gradualmente. A Pediatria é o estágio onde temos menos autonomia.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Sendo um hospital pequeno e com um ambiente familiar considero que no geral a relação entre especialistas e internos é boa. Mas depende também do serviço em que estamos, do especialista e do próprio interno.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
O Centro Hospitalar Barreiro Montijo, E.P.E. é constituído pelo Hospital do Barreiro e pelo Hospital do Montijo que é mais pequeno. Os estágios hospitalares são feitos no Hospital do Barreiro, mas houve alguns internos que foram por vezes ao Hospital do Montijo para consultas e cirurgias de ambulatório.
O estágio de Cuidados de Saúde Primários é feito nos centros de saúde do ACES do Arco Ribeirinho.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, temos um horário de 40 horas semanais, pelo que é possível conciliar com outras atividades.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Tenham em conta que está pergunta é subjetiva e que vantagens para uma pessoa podem ser desvantagens para outra.
Para mim, as vantagens são o facto de ser um hospital pequeno com ambiente familiar, não fazer noites e ter horários bons e o grupo de IFGs que se formou. 
Como desvantagem, destaco o facto de ser um hospital um pouco desorganizado.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O meu conselho é que pensem o que querem privilegiar no ano de formação geral, se por um lado um hospital mais pequeno e menos diferenciado, mas com um ambiente mais familiar ou por outro lado um hospital maior em que terão oportunidade de contactar com maior diversidade de patologias e especialidades mas com uma maior carga de trabalho. Para além disso, que encarem o ano de IFG como um ano em que tem oportunidade para explorarem outras atividades para além da medicina e para fazerem novas amizades com os IFGs do vosso hospital.
 
Testemunho da Dra. Madalena Roque do Vale Afonso
IFG no Centro Hospitalar Barreiro Montijo, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Hospital Santa Maria Maior, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 26

Número de vagas para ingresso em 2021: 27
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 70,445
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 36
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 67,792
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
No Hospital Santa Maria Maior (HSMM), o IFG integra as equipas da especialidade onde está inserido, realizando 40 horas semanais. Neste sentido, nas especialidades hospitalares fazemos serviço de urgência (SU), internamento, consulta externa e, na Cirurgia Geral, bloco operatório. Participamos ativamente nas atividades de cada valência. Em Pediatria, também fazemos apresentações de trabalhos relacionados com casos clínicos ou com alguma temática em particular.
 
2) Faz noites?
Não fazemos noites. O máximo que pode acontecer relativamente a horário é fazer SU de Medicina Interna das 12h00 às 24h00 e trabalhar na manhã do dia seguinte. Na minha rotação isso não aconteceu, pois éramos apenas 5 e não houve necessidade de fazer horário rotativo. Neste sentido, todos os SUs que fiz foram das 8h00-20h00, mas os meus colegas fizeram 12h00-24h00 também.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O internato de formação geral no HSMM funciona muito na base da discussão clínica dos doentes como método de aprendizagem. Portanto, mesmo tendo autonomia para realização de anamnese e de requisição de MCDT’s no SU, por exemplo, estamos na grande maioria das vezes apoiados por especialistas.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Na sua generalidade, é bastante boa. O hospital é pequeno e o ambiente é bastante familiar. Sendo um hospital periférico que não recebe muitos alunos, os especialistas estão recetivos a ensinar e valorizam a nossa ajuda.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Todas as especialidades hospitalares são realizadas no HSMM. Os Cuidados de Saúde Primários são realizados em qualquer USF do ACES Barcelos/Esposende, desde que a mesma abra vagas para os IFGs. Durante o meu internato, as unidades que abriram vagas foram ficando cada vez mais reduzidas, pelo que não tivemos grande poder de escolha.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Fora do nosso horário de trabalho, somos livres para fazermos o que quisermos e, felizmente, a maioria dos serviços permite que adaptemos o horário semanal às nossas necessidades, desde que cumpramos as 40h semanais. De referir que dois colegas concluíram o doutoramento durante a primeira metade do internato!
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Sendo um hospital periférico, aprende-se muito porque não perdemos doentes para as outras especialidades e trabalhamos com menos recursos, o que confere uma maior autonomia e prática. Estacionamento gratuito no campo da feira (mesmo em frente ao hospital), exceto no dia de feira, é outra vantagem.
Em relação às desvantagens, para quem quiser ingressar pela pediatria, não recomendo escolher o HSMM, pois o serviço é muito pequeno, não há neonatologia e não há muito contacto com a prática clínica. Para além disso, é um hospital com poucas especialidades, o que impede o contacto com algumas das quais poderão estar interessados.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Considero o ano de internato de formação geral um ano de muita aprendizagem e de ganho de autonomia. Neste sentido, conheçam especialidades e serviços nos quais poderão estar interessados no futuro e falem sobre os mesmos, não só com os internos, mas também com os especialistas. E, claro, aproveitem o tempo livre e independência que este ano pode proporcionar para desenvolver um novo passatempo, praticar desporto ou realizar qualquer outra atividade que tenha sido adiada ao longo do curso. Boa sorte!
 
Testemunho da Dra. Rafaela Gomes Noversa
IFG no Hospital Santa Maria Maior, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/04/hospital-santa-maria-maior-epe-barcelos.html

Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 27

Número de vagas para ingresso em 2021: 26
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 32,449
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 27
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 58,681
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
No Hospital Espírito Santo de Évora, o IFG acompanha o seu tutor/equipa, a que fica atribuído no início do estágio, nas suas tarefas diárias: ver doentes em ambiente de enfermaria ou consulta; realizar diários clínicos com proposta e discussão terapêutica; ajudar no bloco operatório; executar diversas técnicas (suturar, gasimetrias, punções venosas, punções lombares, mielogramas, etc), entre outros. Já o horário depende do tutor. Realização de 12 horas semanais de Serviço de Urgência (SU) (fins-de-semana: cerca de 3/4 em Medicina Interna; nas restantes rotações são durante a semana).
 
2) Faz noites?
Não.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Não. Pode ver doentes sozinho, mas há sempre discussão com um interno mais velho ou assistente.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Muito boa! A maioria dos especialistas está disposta a ensinar e gosta de o fazer.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
As rotações hospitalares são no Hospital do Espírito Santo de Évora.
Em Medicina Geral e Familiar, pode ser na USF Eborae, Planície, Salus, Sol, Lusitânia (ou em outra do distrito, que seja previamente acordado com a Direção do Internato Médico).
 

6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?

Sim, há! Apesar de alguns estágios poderem exigir mais algum tempo, pode-se conjugar com outras atividades.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Vantagens: ambiente familiar, possibilidade de execução de técnicas, ajudar no bloco operatório, acompanhamento na enfermaria e SU, possibilidade de de fazer algumas semanas de estágio noutras especialidades (especialidades médicas durante os meses de Medicina Interna e cirúrgicas durante os meses de Cirurgia Geral, ou médico-cirúrgicas), conhecimento das limitações da medicina no interior (nomeadamente, para desmistificar certas crenças), possibilidade de realizar múltiplas viagens pelo Alentejo e Espanha.
Desvantagens: poucos locais para investigação científica, difícil acesso a alguns MCDTs na prática clínica.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O melhor conselho é pensar se é um ano que quer economizar para o futuro (ficando perto de casa), ou um ano que quer desfrutar de determinados aspetos (praia, amigos, etc). Um equilíbrio entre ambos pode mostrar-se perfeito.
 
Testemunho do Dr. Filipe Jorge Pencas Alfaiate
IFG no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. em 2020
Atualizado pela Dra. Beatriz Maria Figueira Vilela
IFG no Hospital Espírito Santo de Évora, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 58

Número de vagas para ingresso em 2021: 60
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 69,783
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 65
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 68,526
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Depende da rotação.
Em Medicina Interna está divida em 4 alas: 9A, 9B, 10A e 10B sendo que no primeiro dia de estágio os IFGs dividem-se pelas alas e ficam 4 meses nessa ala. Nesse dia é também escolhida a equipa de Serviço de Urgência (SU). As manhãs começam às 9h00 no internamento e, em média, ficava com 3 doentes. Observa-se os doentes, escrevem-se os diários/notas de admissão e no final da manhã reúne-se com a equipa constituída por vários internos e no mínimo um especialista para discutir os doentes.
O dia de urgência decorre entre as 13h00 e a 01h00 da manhã durante a semana e as 9h00 e as 21h00 ao fim-de-semana. No SU, assumimos e observámos os doentes sob supervisão de um especialista/interno complementar, sendo o plano terapêutico é sempre discutido com um médico mais graduado. Relativamente à consulta externa esta é subdividida em 5 “áreas”: Medicina Interna Geral, Doenças Autoimunes, Doenças Infecciosas, Diabetes e Hipertensão/Doenças renais. Cada IFG escolhe 2 temas do seu interesse sendo o seu horário organizado com as consultas escolhidas. Em termos de carga horária é bastante variável e dependente da hora a que acabasse a discussão dos doentes no internamento. No Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães (HSOG) não existem, como em outros hospitais, opcionais médicas.
Em Cirurgia Geral, o serviço está dividido em 4 grupos: “Hepatobiliopancreático”; “Tiróide, Mama e Trauma”; “Colorretal” e “Esofagogástrico”. No início da rotação os IFGs dividem-se por cada um dos grupos e ficam os 3 meses nesse grupo. Na maioria dos dias estava no internamento de manhã. Nos dias de SU o horário era das 9h00 da manhã às 23h00. Quando o SU era ao fim-de-semana, de manhã passava visita aos doentes internados e de tarde/noite víamos doentes no SU. Um dos dias da semana é destinado ao bloco das 14h00 às 20h00 quando solicitada pela equipa a presença de um IFG. Os IFGs mais interessados podem participar como 3º cirurgião. No internamento, passava a visita aos doentes que me eram atribuídos na distribuição do início da manhã e no final da manhã estes eram discutidos com um interno complementar/especialista. Ficava responsáveis pelos diários, notas de admissão/pedido de exames e adiantar as notas de alta, sendo este o serviço em que nos é dada uma maior autonomia. No SU, depende sempre bastante da equipa. No meu caso assumia os doentes, colhia a história clínica e pedia os exames complementares de diagnóstico e, no final procurava um especialista para discutir o plano terapêutico do doente. Em Cirurgia Geral no HSOG para quem gostar e quiser suturar terá muita oportunidade para tal, pois a equipa de SU dá bastante apoio e liberdade para que o IFG assuma esse papel. No HSOG não existe a oportunidade, como em outros hospitais, de fazer opcionais cirúrgicas (ex: ortopedia, oftalmologia, etc)
Em Pediatria: cada IFG faz 1 mês de Neonatologia no berçário e 1 mês de Pediatria. Na Neonatologia há autonomia e liberdade para a primeira avaliação dos bebés (as dúvidas são depois discutidas com os especialistas) e faz-se um dia de SU das 12h00 às 00h00. Na Pediatria, há a dinâmica dos outros serviços: internamento, uma tarde de consulta e urgência e é o estágio com menor grau de autonomia. O dia de SU era das 12h00 às 00h00 durante a semana e das 9h00 às 21h00 ao fim-de-semana, sendo também mais observacional.
Em Medicina Geral e Familiar (MGF), variava imenso com o tutor que nos é atribuído, bem como a USF para a qual somos “destacados”.
 
2) Faz noites?
Não. O SU termina em Medicina Interna à 01h00 durante a semana, em Cirurgia Geral às 23h00 e na Pediatria à 00h00 durante a semana.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O grau de autonomia varia consoante o serviço em que nos encontramos. Existe em Cirurgia maior liberdade de pedir MCDTs e orientar doentes nas etapas mais simples. Pelo contrário, em Pediatria, temos um nível de autonomia bastante mais limitado.
Em qualquer dos casos nunca somos obrigados a prescrever terapêutica em nosso nome. Adicionalmente, também não assinamos notas de alta (apesar de frequentemente ser o IFG a escrevê-las).
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
É muito variável, mas pessoalmente não tive más experiências.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Todas as especialidades hospitalares decorrem no HSOG. A nível de estágio de MGF/Saúde Pública este pode ser feito em qualquer USF do ACES do Alto Ave conforme disponibilidade, sendo a escolha da mesma efetuada logo no primeiro dia de trabalho e tendo por base a ordenação com base na média ponderada.
Este ano, e excepcionalmente devido à terceira vaga da pandemia SARS-COV2 em Portugal, fomos convocados para realizar 1 mês de estágio de forma a colaborar nos rastreios epidemiológicos e noutras questões relacionadas com a pandemia.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Pessoalmente não conheço nenhum caso de um IFG que esteja a conciliar ambas as atividades contudo, penso que seja perfeitamente possível conjugar o Internato de Formação Geral no HSOG com atividades como investigação, docência ou até mesmo pós-graduação.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Como vantagens:
- Autonomia
- O estacionamento é gratuito no parque do Guimarães Shopping em frente ao HSOG
- Guimarães é uma cidade dinâmica no que diz respeito a atividades culturais e sociais, sendo sem dúvida aquela com melhor “Programa Social”.

Como desvantagens:
- A introdução de estágios opcionais não é permitida como noutros hospitais.
- Nas noites de SU semanal de Medicina Interna em que se sai à 01h00 da manhã, entra-se no dia seguinte às 09h00 ao serviço no internamento.
- As complicações burocráticas criadas pelos recursos humanos.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Aconselho a que obtenham o máximo de informação acerca dos hospitais nos quais têm interesse e, que definam quais as prioridades para este ano de Internato de Formação Geral.
É importante também pensar que mesmo que em determinado hospital não existam estágios opcionais podem ter a possibilidade de visitar outros serviços e falar com internos e especialistas do mesmo.
Em jeito de conclusão, espero que acima de tudo aproveitem este ano para aprender e amadurecer não só clinicamente mas também que aproveitem para socializar e conhecer os colegas dos vários pontos do país.

Testemunho da Dra. Ana Patrícia Martins Brito
IFG no Hospital da Senhora da Oliveira - Guimarães, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi