De Mulher, para Mulher


Quando li o desafio da aNEMia e me decidi aventurar, achei que escrever algo sobre a mulher não deveria ser assim tão difícil. Mas aqui estou eu, a cismar, vezes e vezes, no que cada um de vocês leitores irá pensar, o que irão dizer, ansiosa dos que se vão rir, das Mulheres que não se vão identificar. Simplesmente, por sentir que muito mais ficará por dizer. Assusta-me um mundo que tanto de mim quer, mas que nada de mim faz. Percebi que aceitar este desafio obriga-me a deixar de ser uma alma presa a um corpo, a deixar-me simplesmente ir…por nós.
O Feminismo baseia-se na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Não obstante, defende a liberdade de cada uma de nós poder traçar o destino com o qual mais se identifica. Pelo menos, assim era, antes de um movimento Neofeminista ter vindo inundar as nossas redes sociais, deturpando a essência desta que deveria ser uma causa nobre. O Neofeminismo enche-se de contradições, enche as nossas mentes de rótulos, estereotipa a felicidade individual, chegando a parecer que existe uma receita com o necessário para se ser Mulher.
E se eu não for assim? E se não me identificar com essa “receita”? Neste feminismo extremo, as mulheres esquecem aquilo que lhes dá prazer, acabando muitas vezes por se rebaixar ao fazerem coisas de que não gostam realmente, apenas para garantirem que nenhum homem se sobrepõe a elas.
O que me acontecerá, se quiser colocar a família à frente da carreira? Se quiser ser “à moda antiga”? Estarei errada? Serei machista? Ou estarei simplesmente a usufruir do meu livre-arbítrio? As neofeministas defendem o acesso a cargos de chefia por capacidade e mérito individual, não pelo género. Então, porque são as primeiras a censurar quem vota num homem que é, efetivamente, mais apto para o cargo? Deverei votar sempre numa mulher, mesmo que acredite ser menos competente que o oponente do sexo masculino?
Estaremos ainda a falar de Feminismo? Estaremos realmente a lutar pela Igualdade? Até que ponto deixaremos o medo de regressar a um passado submisso nos influenciar?
Hoje, venho aqui dizer aos homens e mulheres que deturpam o Feminismo: Não! Não me vão obrigar a desigualar! Venho dizer a todos os que me querem calar, a todos que o meu caminho querem traçar: Não! Digo NÃO a todos que condenam as minhas decisões, apenas por não seguir o Neofeminismo. E não sou menos por pensar diferente.
Eis o que sinto: há uma “irmandade” a pressionar-me para ser aquilo que não sou, para lutar por causas que não entendo. Uma “irmandade” que me obriga a viver num modelo em que não encaixo, que não me deixa descobrir um mundo que também é meu.
Sou feminista.  Escolho livremente ser feminista - à minha maneira. Por mim, por Ti e pelo perpetuar da sororidade.
Porque isto é o que sinto e também sou Mulher.
 
Relato de uma Mulher, no século XXI

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