Centro Hospitalar Universitário do Porto, E.P.E

Número de vagas para ingresso em 2022: 72

Número de vagas para ingresso em 2021: 75
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 75,113
 
Número de vagas para ingresso em 2020: 80
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 69,894
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Este ano, tivemos algumas rotações comprometidas, uma vez que fomos alocados em várias frentes de resposta à Covid-19, como as enfermarias, urgência, realização de testes, acompanhamento de doentes que se encontravam no domicílio. Possibilitou sempre a aprendizagem, mas em ambientes díspares e que eram novos para todos os profissionais.
Na Pediatria, passamos pelas várias valências, enfermaria, neonatologia, consultas. É uma rotação mais observacional, apenas no berçário é que temos um papel mais ativo.
Em Medicina Interna, talvez seja o sítio em que a rotina é um pouco mais “pesada”, uma vez que temos de passar a visita aos doentes, ver o plano de cada um, os exames a fazer.  É necessário uma discussão de equipa no final do dia, posteriormente escrever o diário clínico e, por fim, delinear um plano. Um dos aspetos positivo que denoto no Centro Hospitalar Universitário do Porto, é a forma minuciosa como são escritos os planos, nomeadamente a lista de problemas, o que nos faz estar despertos para todos os problemas do doente. Ao estarmos num hospital central, temos disponíveis todas as valências, o que proporciona contactos e discussões interessantes. Assim, no meu caso, foram raros os dias em que conseguimos sair a horas.
Em Cirurgia, acho que não somos tão ativos como em Medicina Interna, acabamos exclusivamente por acompanhar os especialistas na visita e escrever os diários.
Com a exceção de Medicina Geral e Familiar, nas restantes rotações temos uma urgência por semana de 12 horas, que realizamos sempre com a mesma equipa.
 
2) Faz noites?
Não se faz noites, apenas pode acontecer fazermos algumas na rotação de Pediatria, quando se faz urgência no Centro Hospitalar Universitário de São João.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
De uma forma geral, no Centro Hospitalar Universitário do Porto, o IFG tem alguma autonomia e é sempre acompanhado por especialistas. Nas áreas de Medicina Interna e Cirurgia, nomeadamente na urgência, sendo um hospital central, acaba por ter uma maior afluência de pessoas, fazendo-nos ter que assumir a gestão de doentes. Porém, nunca me senti desamparada, cada doente que observei e orientei foi discutido com o especialista que estaria destacado para tal. O mesmo na enfermaria, onde tinha tanto o apoio de internos mais velhos como dos especialistas.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
Da minha opinião e experiência, a relação é boa. Claro que não há regra sem exceção e há sempre dias em que podemos receber uma resposta mais “torta”. Mas de uma forma global, tive sempre boas relações, tanto com os internos como com os especialistas e sempre que necessitei de apoio, com dúvidas ou realização de técnicas, obtive o apoio necessário.
 

5) Em que hospitais e USFs podem ser efetuadas as rotações?

No geral, é no Centro Hospitalar Universitário do Porto. A pediatria encontra-se no Centro Materno Infantil do Norte (CMIN). A rotação de Medicina Geral e Familiar é realizada nas USF/CS do Porto Ocidental e Gondomar, havendo ainda possibilidade de fazer em Viana do Castelo. Como sou natural de lá, optei por realizar os três meses na USCP de Viana do Castelo e foi, sem dúvida, uma excelente opção pela equipa que tive oportunidade de integrar. Apesar de a atividade dos centros de saúde estar reduzida, consegui desempenhar várias tarefas e ter a perceção clara de quais são as competências de um médico de Medicina Geral e Familiar.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Todos nos dizem que o IFG é o melhor ano da carreira médica, por não termos tantas responsabilidades e termos mais tempo livre. Contudo, o ano passado, devido à situação pandémica, tornou-se num ano completamente distinto e cheio de desafios. Ainda assim, quanto às atividades extra-hospitalares, conseguimos participar em congressos através dos dias de comissão. Nunca houve problemas em deixarem-nos tirar os dias de comissão, mesmo para eventos online. O próprio hospital, através do Departamento de Formação, oferece várias formações, mesmo na área da investigação.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Ficar no Centro Hospitalar Universitário do Porto não foi a minha primeira opção. Mas se fosse para a cidade do Porto, preferia estar no centro. Sabia que era um sítio exigente, possibilitando-me aprender e crescer a nível profissional. Em todos os locais vamos encontrar vantagens e desvantagens, ou porque falta organização, ou porque não usam os recursos corretamente... o nosso espírito critico também leva a que questionemos muitas coisas. Não sei se a podemos destacar como desvantagem, mas muitas vezes temos de assumir certas coisas autonomamente… acredito que noutros locais não coloquem tantos IFG nessa posição. Contudo, mais uma vez, tive sorte nas equipas com que trabalhei e nunca me senti desamparada ou perdida. A meu ver, as maiores desvantagens são não pagarem horas extra e, às vezes, não nos valorizarem como deve ser.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O ano de Formação Geral é o ano que contactamos com a Medicina de uma forma completamente diferente. Sei que todos passamos algum tempo no hospital durante os 6 anos de curso, mas é diferente. No IFG, pelo menos para mim, assumi responsabilidades diferentes, um compromisso para com uma equipa e para com os doentes que fui acompanhando. A escolha do local para fazer o IFG pode ser feita através de vários critérios. Há quem prefira um hospital central a um periférico, ou vice-versa. Um hospital central, como o próprio nome diz, acaba por acolher doentes mais complexos e o grau de exigência dos pacientes é maior. A meu ver, em ambos os cenários, a aprendizagem é sempre boa e válida, tudo depende do que queremos retirar desta experiência. Para qualquer sítio que vamos ou escolhamos, somos nós que fazemos o local, as oportunidades e a dita “sorte”. Acabamos por ter o que procuramos e aquilo a que nos propomos, na intensidade com que nos dedicamos.
 
Testemunho da Dra. Carina Daniela Castro e Silva
IFG no Centro Hospitalar Universitário do Porto, E.P.E. em 2020
Entrevistadora: Andreia Gi, 6º Ano



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