Significa
atuar na preservação e recuperação da Visão, um sentido fundamental para a
experiência que os indivíduos têm de si próprios e do mundo que os rodeia.
Principais frentes de ação:
Vertente
Clínica = Parte Médica + Parte Cirúrgica
Vertente
Científica = Publicação de Artigos, Posters e Vídeos de Cirurgias
Vertente
Académica = Lecionação de Aulas de Oftalmologia para alunos da FMUL
Em que momento do seu
percurso académico decidiu que tinha interesse em seguir esta especialidade?
Enquanto
estudava Oftalmologia no Curso de Medicina. Não só pela atratividade do tema,
mas também pelo dinamismo das pessoas com quem me cruzei na cadeira de
Oftalmologia.
Quais as principais
razões para ter tomado esta escolha? O que mais procurava e entusiasmava nesta
decisão?
Impacto
na Qualidade de Vida dos Doentes
Técnicas
Envolvidas e Dificuldade das Mesmas
Diferenciação
e Especialização (Supra-Especialização até)
A
Oftalmologia é uma especialidade médico-cirúrgica, com uma vertente cirúrgica
minuciosa (Microcirurgia) e sempre me fascinou poder realizar procedimentos
tecnicamente muito difíceis e nos quais pudesse fazer uma grande diferença na
qualidade de vida das pessoas. A Oftalmologia oferece-nos isso. Enormes
potenciais de recuperação de doentes com uma acção limitada no tempo
(cirurgicamente por exemplo).
Por
outro lado, o Olho é uma estrutura de enorme complexidade e uma das
características que permite uma maior versatilidade na experiência que fazemos
do Mundo. Devido a essa complexidade, exige também intervenções muito complexas
e com enorme detalhe para que os resultados possam ser bons! Intervenções
complexas, fazem com que as curvas de aprendizagem sejam relativamente longas,
mas isso também faz sobressair as qualidades e aprendizagens prévias do interno
em formação. Para além disso, dentro da própria Oftalmologia, há necessidade de
uma dedicação preferencial a uma das várias subespecialidades, uma vez que só
assim é possível ser suficientemente capaz de atingir os resultados a que nos
propomos.
Quais são os principais
locais/serviços onde acontece o seu trabalho diário?
Hospital
de Santa Maria – Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte.
A
Oftalmologia é uma especialidade altamente diferenciada e exigente em termos
técnicos e materiais. Por este motivo, o seu internato compreende apenas a
própria especialidade. A experiência de interdisciplinaridade ocorre sobretudo
nos pedidos de avaliação que os restantes serviços nos realizam.
Como descreveria o
ambiente entre médicos internos/médicos especialistas/ enfermeiros/doentes nos
serviços por onde passa?
Muito
bom! Recomendo vivamente.
Considera que existe
idoneidade na maior parte das valências pelas quais passa? Como é a qualidade
de ensino?
Sim,
absolutamente. A qualidade do serviço é exímia e existe um ambiente muito
propício à aprendizagem.
Existe, no seu
trabalho, a possibilidade de realizar estágios complementares (estrangeiro, formação
complementada noutro centro, …)?
Sim,
sobretudo no estrangeiro. O meu centro hospitalar tem representação em todas as
valências possíveis de observar na Oftalmologia, pelo que a realização de
estágios complementares é encorajada sobretudo para realização internacional,
no sentido de contactar com realidades metodologicamente diferentes ou com
recursos técnicos diferentes, de forma a maximizar o aproveitamento possível de
um estágio deste tipo.
Como descreveria um dia
de trabalho nesta especialidade? Como caracteriza o nível de esforço e de
dedicação a que é sujeito diariamente, na sua profissão?
Muito
exigente. A Oftalmologia é como toda uma nova Medicina que estava escondida e
da qual só arranhámos a superfície na nossa passagem pelo mestrado integrado em
Medicina. Requer estudar (novamente) os básicos da anatomia e fisiologia (mais
detalhadamente) e exige um enorme grau de compromisso para aprender não só a
vertente prática clínica, mas também os princípios básicos que lhe estão
subjacentes.
Considera que esta
especialidade é capaz de dar uma boa abertura para a existência de hobbies? E
relativamente à vida pessoal/familiar?
Depende
da capacidade de gestão de tempo. E depende também do “timeframe” da avaliação.
É
uma especialidade exigente e com um internato que implica muita dedicação.
Se
soubermos gerir bem o tempo, isso não passa a significar que a nossa vida seja
exclusivamente o internato, mas algumas concessões acabarão por ser feitas
necessariamente…
Relativamente à carga
horária, como considera ser a sua carga de trabalho e como descreve as
restantes obrigações (horas de trabalho extra, bancos, …)? Ainda nesta questão,
o que varia, ao longo dos anos de internato?
Sou
um interno muito recente, ainda não posso avaliar variação ao longo dos anos de
internato. A carga horária contratual são 40 horas semanais, 12 das quais
cumpridas em Serviço de Urgência (banco).
A
carga horária efetiva acaba por ser muito mais, mas sobretudo devido às
necessidades adicionais de aprendizagem inerentes ao primeiro ano de internato.
Nos anos seguintes, de acordo com o que me é transmitido pelos restantes
colegas de internato, essa necessidade de aprendizagem teórica diminui, sendo substituídas
essas horas de investimento cognitivo por responsabilidades clínicas e treino
prático para com os doentes.
Como interno, como
é/foi o seu grau de independência nas técnicas e abordagem para com os doentes?
Ainda
não tenho independência na maioria das tarefas, como seria de esperar num
interno que tem neste momento 3 meses de internato. Apesar de tudo, tenho tido
uma experiência óptima no que concerne à aprendizagem com supervisão, uma vez
que me deixam experienciar múltiplas técnicas muito diferenciadas sob
supervisão desde muito cedo na minha curva de aprendizagem.
Quais as
subespecialidades pelas quais se poderá optar? Existe liberdade total para esta
escolha? Como acontece o processo?
As
subespecialidades são imensas em Oftalmologia: Córnea, Glaucoma, Retina Médica,
Retina Cirúrgica, Oculoplástica, Oncologia, Inflamação Ocular, Cirurgia
Implanto-Refractiva, Estrabismo, Neuroftalmologia, Pediátrica.
Como acontecem os
momentos de avaliação? Em que período do ano? Qual o grau de dedicação e
maiores dificuldades?
Uma
avaliação por ano de internato e uma avaliação final de internato.
Habitualmente no início do ano (datas variáveis de acordo com calendário do
serviço).
Qual diria ser a maior
dificuldade que encontra nesta especialidade?
Equilibrar
ensino teórico com aquisição de competências práticas. Há vários procedimentos
que têm curvas de aprendizagem muito longas.
Quais os principais
fatores positivos na sua especialidade?
Elenquei
em cima como fatores para a minha decisão.
Reconhecimento
do trabalho pelo doente, tipologia do trabalho, etc. Há muitos pontos que não
serão positivos para toda a gente.
Como descreveria a sua
especialidade em relação à possibilidade de:
Progressão
de Carreira – Diria que a progressão é
limitada em todo o SNS, há poucas categorias de carreira e pouquíssimos
concursos. Penso que será semelhante em todas as especialidades.
Carreira
Investigacional / Inovação Científica – A
Oftalmologia é uma área em constante renovação e inovação. As oportunidades de
investigação e inovação são imensas e constantes. Pode abordar-se essas
oportunidades para inovação pura e dura com perspetivas de desenvolvimento de
novos produtos, mas também do ponto de vista da carreira investigacional.
Oportunidades
de trabalho sector Público vs. Privado – Continua
a existir alguma escassez de especialistas em determinados pontos do país, mas
não no país como um todo. Existem aproximadamente 1000 Oftalmologistas em
Portugal, o que é um número bastante superior à média Europeia em ratio por nº
de habitantes. O mercado privado é atrativo e muito competitivo. Pode ser
compensador, mas depende extensivamente das concessões que o profissional
aceite fazer.
Existe
mercado para trabalhar apenas mais algumas horas neste sector, mas a recompensa
não é desproporcional. Trabalhando muitas horas, a recompensa mantém-se
proporcional, sendo possível atingir valores remuneratórios absolutos elevados.
Escolhia novamente esta
especialidade? Está a corresponder às expectativas que tinha? Quais foram as
principais surpresas?
Sem
dúvida. Até agora foi uma aposta de sucesso. A minha principal surpresa foi a
qualidade que o serviço me demonstrou até agora e ainda a elevada recetividade
que encontrei para a Pedagogia apoiada.
Diria que é necessário
mais talento/arte ou, por outro lado, estudo/dedicação para se prosseguir esta
especialidade?
Diria
que é sempre preciso um bom equilíbrio de ambas as vertentes. Sempre que uma
delas fique para trás, a outra terá de se esforçar muito mais para compensar!!!
Texto redigido com a ajuda do Dr. Diogo Matos, interno do 1º ano no Hospital de Santa Maria, Lisboa
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