Sou quem sou, ponto final


Cartaz: Maria Gomes, 5º ano e Fotografia: Andreia Nossa, Erasmus 2020/2021

Sociedade esta exigente,

Que cuida da vida de além,

Quando os telhados da sua própria gente,

Se perdem e ficam aquém.

Longínqua vejo a ternura

Parco vejo o respeito

O que interessa se no arco-íris uns veem a liberdade crua,

Enquanto noutros apenas três cores lhe brilham no peito?

Sejamos quem somos minha gente,

Preguemos para que a liberdade nos acompanhe sempre,

Deixemos ser quem quiser ser

Destranquemos armários,

Deixemos ser quem quiser ser

Deixemo-nos de amarras,

Deixemos ser quem quiser ser

Respeitemos todas as bandeiras,

Aceitem quem são,

Aceitem o outro, aquele, o tal,

E gritem a pleno pulmão:

Sou quem sou, ponto final.


Andreia Nossa Ferreira, Erasmus 2020/2021

Guardo tudo para mim...



Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Guardo tudo para mim... 

Tudo não, mas tudo o que realmente importa. 

Sorrisos superficiais não mostram bem-estar real, mas ninguém o sabe. 

Guardo para mim porque é demasiado complicado explicar o que sinto. 

Guardo para mim porque ninguém quer saber dos meus dramas. 

Guardo para mim porque tenho medo de afastar quem gosto ao mostrar a essência do meu ser. 

Guardo para mim por todas as razões estúpidas que possam encontrar. 

Mas guardo.

E vou continuar a guardar.

Guardo até explodir. Ninguém vê, mas eu sinto. Notam talvez uma certa infelicidade que a dada altura já não dá para esconder com sorrisos, mas nada mais. Nada mais porque se perguntam "Está tudo bem?", a resposta é imediata. Formatei-me para responder "sim". Raramente é verdade, mas as pessoas aceitam e eu agradeço.

Guardo, guardo, guardo. Às vezes escrevo, ponho por palavras, mas guardo o que escrevo. E nunca ninguém sabe. É mais fácil assim. 

Enquanto guardar, está seguro. E enquanto estiver seguro, está tudo bem. Está tudo bem se ninguém souber que não está nada bem. 

O importante é nunca ninguém saber, só eu, que guardo tudo para mim. 



Fonte anónima (o importante é nunca ninguém saber)

Hospital das Forças Armadas - Polo Lisboa

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 3

Número de vagas para ingresso em 2021: 3
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 88,270

Número de vagas para ingresso em 2020: 2
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 
78,897
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
Cada serviço tem a sua dinâmica. Em geral entrada às 9h, tempo para café e para almoço garantido. Horário de saída variável, consoante número de consultas/cirurgias. 
 
2) Faz noites?
Apenas em Cirurgia Geral e em Pediatria porque são os períodos em que se está associado ao Hospital de Santa Maria.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Sim. Os tutores e a equipa em geral é muito acessível. Fiz algumas urgências só para aprender e deixavam-me ver doentes sozinha. Também vi muitos doentes sozinha em consulta de Medicina Geral e Familiar (MGF) militar. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Eu diria excelente. As equipas médicas com quem contactei eram todas extremamente simpáticas e acessíveis, seja a nível profissional seja a nível interpessoal. Há poucos Internos de Formação Geral (IFGs) e cada um é o único na sua rotação, o que facilita muito a aprendizagem e o contacto com os seniores e com o tutor. 
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Medicina Interna e Cirurgia Geral no Hospital das Forças Armadas (HFAR), com 12 horas de urgência de Cirurgia Geral semanais no Hospital Santa Maria, sendo semana dia, semana noite. 
A rotação inteira de Pediatria é no Hospital de Santa Maria. 
MGF e Saúde Pública calcula-se aproximadamente 2/3 Civil e 1/3 Militar, sendo a USF/UCSP em Lisboa (pode ser Lisboa Central, Lisboa Norte ou outra) e militar numa base, sendo que Saúde Pública militar centra-se no Centro de Epidemiologia e Intervenção Preventiva (CEIP), localizado no HFAR. 

6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim, eu fiz a minha Pós-Graduação em Medicina Aeronáutica com a Academia da Força Aérea no entretanto e também o Young Medical Leaders Program da Católica Lisboa, sem contingências especiais. Para a Pós-Graduação, foi necessário acordar com a tutora de MGF civil pois as aulas eram semanais mas a Doutora foi muito flexível e acordou que eu fizesse cerca 1/2 de MGF civil e 1/2 MGF militar.

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
A única desvantagem é não poder ser tudo no HFAR e os bancos de Cirurgia e Pediatria serem no Hospital de Santa Maria. Claro que também é um Hospital de pequena dimensão e não tem a subespecialização nem o movimento de um grande centro hospitalar. 
Já as vantagens são todas, para além das oportunidades únicas de estagiar na Centro de Medicina Subaquática, Medicina Aeronáutica, Base de Saúde Militar e CEIP, ambiente amigável, horário muito aceitável e uma cultura laboral eficaz. 

8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Se gostas e tens respeito pela cultura militar para além de quereres um Internato de Formação Geral num lugar diferente, acolhedor e que te proporcione autonomia, eu recomendo o HFAR a 300%. 
O facto de ter gostado tanto de lá ter trabalho triplicou a dor da minha decisão de rescindir. Acho sinceramente que não poderia ter escolhido um local melhor para o meu primeiro emprego oficial enquanto médica.

Testemunho da Dra. Ana Sofia Rodrigues de Oliveira Mota
IFG no Hospital das Forças Armadas - Polo Lisboa em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Unidade Local de Saúde da Guarda, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 43

Número de vagas para ingresso em 2021: 42
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 48,651

Número de vagas para ingresso em 2020: 43
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 49,742


1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno na ULS Guarda?

Como em qualquer sítio, temos de fazer 40h semanais, que são distribuídas como queremos, havendo sempre a obrigatoriedade de termos 1 dia com 12h de urgência nos estágios em que lá estamos e uma hora para o almoço que não conta para essas 40h (exceto nos dias de urgência em que as 12h contam seguidas). Portanto para fazermos 8h num dia em que entremos às 9h, teremos de “picar” a saída às 18h. E sim, há registo biométrico em todos os estágios.

Posto isto, o horário e o dia-a-dia variam consoante o estágio/tutor atribuído:

- Medicina: o serviço está dividido entre Medicina A e B (eu estive apenas na A). Entramos às 9h e temos de fazer um dia de 12h de urgência em que entramos às 8h, que vai variando consoante as disponibilidades de todos e a escala. O trabalho no internamento é orientado pelos especialistas e IFE’s com quem estamos. Eu acabava por ter sempre o trabalho orientado à hora de almoço, mas depende um pouco da Medicina em que ficamos. Na Medicina A limitávamo-nos a ver apenas os doentes atribuídos aos nossos tutores, mas na B funcionava por tiras e por vezes acabavam por ter um pouco mais de trabalho. No que toca a consultas, por exemplo, volta a depender de com quem estamos, havendo tutores que preferem que vão despachando o internamento e outros que gostam que vão às consulta, prolongando-se um pouco o horário de trabalho. Resumindo, eu acabava por ter as tardes livres, mas nem sempre é o caso.

- Cirurgia: Entramos todos os dias às 8h30, incluindo o da urgência. Mais uma vez depende do tutor, mas na maioria das vezes tínhamos as coisas no internamento orientadas ao fim da manhã e a maioria das tardes livres. Também tivemos sempre liberdade para ir assistir ao bloco, ambulatório ou pequena cirurgia (apesar de ter havido pouco quando passei por lá) e também consultas.

- Cuidados de Saúde Primários: Nesta rotação, sim, depende completamente dos tutores. Normalmente acompanhamos os horários dos tutores de MGF, mas há alguns que nos dispensam nas alturas de trabalho mais “burocrático” (passar receitas, baixas, MCDT´s). Eu acompanhei todo o horário da minha tutora, mas acabava na mesma por ter uma tarde livre e uma manhã, por exemplo. Na saúde pública depende um pouco da quantidade de trabalho que há nessa altura por causa do COVID. No meu caso estava mais calmo, por isso só tinha trabalho praticamente de manhã e era dispensado durante a tarde. Entrava às 9h e “saía” às 19h, tendo a tarde de sexta completamente livre.

- Pediatria: Na minha opinião, o estágio mais calmo. Entramos às 9h e há uma reunião para passagem dos casos todos os dias a essa hora. Depois disso, íamos para o internamento/consulta/urgência. Acompanhamos sempre os internos ou os especialistas, mesmo na visita ao internamento, e tentamos estar sempre no mesmo sítio dos nossos tutores. Temos as mesmas 12h de urgência semanais, que são das 9h às 21h.

2) Faz noites ou fins de semana?

Não, obrigatoriamente. Este ano houve colegas que fizeram urgência em regime voluntário e em horas extra, devidamente remuneradas. No entanto, a diretora do serviço de urgência queria que os fizéssemos obrigatoriamente, portanto não sei dizer com certeza como será no próximo ano. Normalmente estas horas extra eram feitas na triagem da urgência geral e na urgência respiratória, em que eram um pouco abandonados e, apesar do que nos era “prometido”, nem sempre tínhamos apoio na orientação dos doentes.

3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?

Pedimos análises e MCDT´s e também temos acesso à prescrição intra-hospitalar, apesar de o fazermos sempre (idealmente) com a devida orientação dos especialistas ou internos. Muitas vezes discutimos os doentes e somos nós a tratar dos pedidos e do ajuste das tabelas terapêuticas.

4) Como é a relação médico interno-médico especialista?

No geral, boa. Há sempre pessoas menos acessíveis e mais complicadas, mas da minha experiência é sempre possível ter muito boas relações com os nossos tutores e as outras pessoas do serviço, existindo sempre algum drama em todos os serviços (principalmente o de cirurgia), especialmente agora que toda a gente está exausta pela pandemia. Posto isto, a grande maioria dos IFG estão satisfeitos com as relações que desenvolvem com os tutores.

5) Em que Hospital/ais e, no estágio de MGF, em que Unidades de Cuidados Saúde Personalizados (UCSP)/ Unidades de Saúde Familiares (USF) podem ser efetuadas as rotações? Há disponibilidade para fazer estágios opcionais?

No Hospital Sousa Martins (Hospital da Guarda), na USF Ribeirinha, UCSP Guarda, conhecida também por Lameirinhas, e CS da Estação (um pouco mais deslocado e o ideal para chegar lá é de carro). Existe um polo em Seia, mas os IFG não vão para lá. A maior parte dos tutores é aberta à realização de estágios opcionais, mas não sei precisar como funcionará a gestão de estágios fora da ULS da Guarda, o que se torna limitante porque o próprio hospital não é muito diferenciado.

6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?

Não sei responder com precisão a esta pergunta, mas penso que sim, no geral os tutores e os diretores de serviço são bastante acessíveis, mesmo com as Comissões Gratuitas de Serviço. No entanto, não sei até que ponto haverá grande possibilidade para desenvolver especificamente trabalhos de investigação, tendo em conta que é um hospital com relativamente pouca diferenciação.

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher a ULS Guarda para realizar o internato de formação geral?

Vantagens

1) A principal vantagem é o horário, tendo em conta que conseguimos ter uma flexibilidade significativa, não fazemos noites, feriados, fins de semana;

2) Temos a possibilidade de fazer horas extra no serviço de urgência, que são remuneradas;

3) Não temos grandes problemas nas aprovações de Comissões Gratuitas de Serviço e temos liberdade para as submeter praticamente para quando queremos, desde que seja com 20 dias de antecedência (se submetermos com menos, também aprovam, sendo uma questão de comunicar isso aos recursos humanos);

4) Permite-nos conhecer a realidade de um hospital periférico, com menos recursos e menor diferenciação (algo subjetivo se é vantagem ou desvantagem, mas acho que é bom conhecermos as várias realidades);

5) Por fim, é uma terra bonita, com muita beleza natural para visitar (a Serra da Estrela fica a 30min de carro e também se chega facilmente a Espanha);

6) Consegue-se casas com arrendamento por preços relativamente acessíveis, especialmente se compararmos com outras regiões mais centrais, como Porto e Lisboa.

Desvantagens:

1) A principal desvantagem e que me faria ponderar voltar a escolher a Guarda ou não é a Urgência. Este ano esteve extremamente desfalcada, não havendo muitas vezes ninguém alocado à triagem médica nem à urgência respiratória. Portanto, nós, IFG´s, éramos muitas vezes colocados lá, praticamente sem apoio e a assumir doentes sozinhos. Acabávamos eventualmente por conseguir discutir os casos com alguém, mas muitas vezes chegávamos ao fim do dia com um número considerável de doentes “laranja” em nosso nome. Para além disso, tem existido um número absurdo de pessoas admitidas na urgência, muitas delas com necessidade de internamento, mas que acabam por lá permanecer dias por falta de vagas e a urgência quase a parecer “um segundo internamento”;

2) É um hospital periférico com poucos recursos e tem vindo a perder ainda mais por falta de especialistas, como é o caso da Gastrenterologia, como também nem todos os dias têm ecografias disponíveis na urgência, por exemplo. Isto torna-se limitativo no sentido de explorar outras áreas e porque qualquer caso mais complicado ou interessante acaba por ser referenciado para outros hospitais, como Viseu ou Coimbra.

8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?

Penso que acaba por ser um bom sítio para se realizar o ano comum, tendo em conta que temos um horário relativamente leve e flexível e o ambiente no hospital é geralmente bom. É fácil de se fazer a transição de estudante para trabalhador. Não sei até que ponto as horas extra no serviço de urgência compensarão tendo em conta a carga de trabalho e emocional que é, mas dependerá muito de cada um. 

Será uma boa escolha para se ter um ano relativamente calmo e com tempo para gastar noutros projetos ou atividades. Acima de tudo, é um bom ano para aproveitar e encher de descanso e lazer.


Testemunho do Dr. Eugénio Sousa
IFG na Unidade Local de Saúde da Guarda, E.P.E. em 2021

Entrevistador: Dr. Pedro Silva 

Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 40

Número de vagas para ingresso em 2021: 41
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 81,956
 
Número de vagas em 2020: 55
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 85,077
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia é o normal de um médico no internamento. Entrada entre as 08h e as 08h30, dependendo da especialidade, ir vendo os sinais vitais dos doentes, reunir com a equipa e dividir os doentes. Depois, juntamente com a equipa, reunir com a enfermeira de referência, que nos passa informações sobre os nossos doentes, se aconteceu alguma coisa durante a tarde/noite, se temos que fazer alguma alteração na terapêutica, se há algo pendente. Depois, cada médico passa visita aos seus doentes, normalmente ficamos com 3-6 doentes cada um e, no final da manhã ou início da tarde, reunimos a equipa para discussão de todos os doentes. Depois, há um dia por semana de Serviço de Urgência (SU).
O dia-a-dia varia consoante a especialidade em que estamos. Relativamente à hora de entrada, em Cirurgia e Medicina Geral e Familiar (MGF), entramos por volta das 08h, sendo que em MGF também varia consoante o tutor. No internamento, a primeira parte do dia passa por ver as vigilâncias dos doentes (sinais vitais, glicemias, débitos urinários, etc). A seguir, reunimos com a enfermeira-chefe que nos dá informações relevantes que lhe tenham sido dadas durante a passagem de turno. No meu caso, via os doentes de forma autónoma, escrevia os diários e ao final da manhã/início da tarde discutia os doentes com o chefe de equipa. Em Cirurgia, este processo podia ser mais demorado, porque muitas vezes os cirurgiões estão no bloco e temos de aguardar. Ainda assim, não é nada de extraordinário. Se tiverem interesse em ir ao bloco é só pedir. Acho que são muito recetivos a isso e até gostam, mas em primeiro lugar temos de garantir que o internamento ficou todo feito.
Em Medicina Interna, fazemos SU, mas em Cirurgia não.
No caso de MGF, a realidade corresponde à habitual de uma USF. No meu caso em específico, senti até que me foi dada autonomia. A minha tutora deu-me liberdade para fazer consulta aberta sozinha, o que a meu ver foi muito positivo. Sempre com o apoio dela para discutir, como é óbvio.
No meu ano em Pediatria só fizemos Atendimento Pediátrico Referenciado (urgência referenciada) e não fomos ao Centro Hospitalar Universitário de São João. Mais uma vez se tivermos interesse em ir ao Centro Hospitalar Universitário de São João (fazer SU de Pediatria “a sério”) é só pedir! Sem vergonha, eles são recetivos.
 
2) Faz noites?
No hospital Pedro Hispano, os IFGs só fazem noites na rotação de Pediatria (quando fazem Serviço de Urgência no Centro Hospitalar Universitário de São João, que são cerca de 2 noites no total dos dois meses de pediatria).
Não fiz uma única noite!
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Temos muita autonomia em Cirurgia, autonomia muito orientada em Medicina Interna e zero autonomia em Pediatria (exceto berçário). A autonomia nos Cuidados de Saúde Primários depende de orientador para orientador.
De modo geral, temos a autonomia adequada para as nossas capacidades. Não me senti “presa”, mas também não me senti desamparada. Da minha experiência, tive autonomia em Pediatria em particular no berçário e no internamento.
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Muito boa; a maioria das vezes, há uma excelente relação com todos os profissionais. É um hospital bastante acolhedor.
Espetacular. Escolhia de novo sem pensar duas vezes.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
A nível hospitalar, é sempre no hospital Pedro Hispano, acrescentado que fazem 4/5 no Serviço de Urgência de Pediatria do Centro Hospitalar Universitário de São João (dia ou noite).
USFs há várias - centros de saúde em Senhora da Hora, Leça da Palmeira, Custóias e Matosinhos.
        Hospital Pedro Hispano e ACES de Matosinhos.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Absolutamente.
Sem dúvida!
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Vantagens:
  - Não fazer Serviço de Urgência em Cirurgia Geral (fins-de-semana e noites livres durante 3 meses);
- Serviço de Urgência de Medicina Interna é sempre de dia (não fazem noite);
- Acompanhamento por especialistas e por isso, aprendemos;
- Possibilidade de ir para a pequena cirurgia da urgência, para aprender a suturar;
- Possibilidade de ir para o bloco com a cirurgia plástica e equipa de mama;
- 6 meses sem Serviço de Urgência, com fins de semana livres, noites livres;
- Localização!
Desvantagens:
- Registo biométrico sempre obrigatório;
- Não fazer Serviço de Urgência de cirurgia (para quem gosta de especialidades cirúrgicas, pode ser mau);
- Zero autonomia em Pediatria (estágio observacional, o que pode ser mau para quem gosta da especialidade);
- Em alguns centros de saúde, há pouca autonomia.
Vantagens: não fazemos noites, não fazemos SU de Cirurgia, disponibilidade dos profissionais para ajudar e ensinar, ambiente acolhedor, abertura para participar em diferentes atividades médicas (pequena cirurgia, consulta, SU à noite, ...) desde que se mostre interesse, parque de estacionamento ao lado do hospital.
Desvantagens: talvez o registo biométrico mas não considero que seja um fator de exclusão. É facilmente gerido.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Acho que deves escolher pensando naquilo que gostas, e se o hospital te oferece experiências que te possam ajudar a decidir a tua especialidade futura.
Todos os hospitais têm vantagens e desvantagens. Por isso não fiquem desapontados se não conseguiram o hospital que mais queriam, porque de modo geral acaba sempre por ser um ano de muita aprendizagem, mas também diversão. É um ano que passa rápido por isso o tempo que estão no hospital aproveitem para experimentar as diferentes especialidades para que depois a escolha seja feita de forma ponderada e pensada.
 
Testemunho da Dra. Raquel Diana de Lima Cunha
IFG na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. em 2020
Atualizado pela Dra. Ana Carolina Cordeiro da Silva Mendes Cerqueira
IFG na Unidade Local de Saúde de Matosinhos, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano


Número de vagas para ingresso em 2022: 36

Número de vagas para ingresso em 2021: 35
Classificação normalizada do último colocado em 2021: -16,837

Número de vagas para ingresso em 2020: 36
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 
Não fechou
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia nesta unidade hospitalar depende muito do estágio em que estejamos. Globalmente adorei fazer o internato em Castelo Branco.
Em Medicina Geral e Familiar (MGF), o dia típico é passado em consultas em que se faz o horário do nosso tutor. Por norma, temos alguma autonomia para poder fazer consultas num gabinete separado, mas depende do grau de confiança do tutor em ti e depois de se demonstrar ter capacidade para tal.  No meu caso, fiz consultas sozinho, mas no final a decisão do plano e seguimento do utente recaiu no tutor numa segunda parte da consulta. Eu fazia a anamnese, exame objetivo, analisava os exames complementares e fazia uma sugestão de plano. Por norma, temos também uma tarde de consultas complementares em que se faz atendimento de agudos. Durante os 3 meses de MGF, temos ainda a passagem durante 2 semanas em Saúde Pública, que durante a minha passagem foi totalmente vocacionada para COVID, porque a fiz nas 3 primeiras semanas de Janeiro (devido ao menor número de IFGs por vezes fazíamos mais 1 semana).
Em Cirurgia, o horário varia tendo em conta o dia de semana e dia de urgência. A hora de entrada é sempre às 8h e a saída depende do horário do tutor que pode ser mais prolongado ou curto em determinados dias dependendo do que está programado para ele nesse dia no seu horário mensal. Como as urgências são rotativas e não fixas, a restante atividade assistencial também vai rodando. No dia seguinte à urgência, fazemos internamento e normalmente o tutor descansa esse dia, 2 dias depois da urgência durante a manhã estamos no internamento e durante a tarde nas consultas, e ao terceiro dia (previamente à urgência) é dia de bloco. Fazemos 1 turno de urgência de segunda a quinta de 12 horas com a equipa do nosso tutor (nunca fazemos urgência à sexta, nem ao fim-de-semana). No dia seguinte à urgência normalmente estávamos em enfermaria a ver os doentes internados, sendo que muitas vezes apenas com Interno de Formação Específica (IFE) da nossa tira, porque o hospital tem poucos especialistas e fazem urgências de 24 horas a cada 4 dias e têm o dia seguinte de descanso. Todas as semanas temos também dia de bloco e dia de consultas. Em Castelo Branco e no estágio de cirurgia o horário à sexta é sempre até às 13h, o que era excelente para viajar no fim-de-semana para junto da família. 
No estágio de Pediatria, como existe um grande défice de especialistas, a urgência depende de prestadores de serviço indiferenciados com apoio de 1 especialista por dia e o nosso estágio passa exclusivamente por estar presente na urgência onde estamos acompanhados maioritariamente pelo prestador de serviço indiferenciado. Inicialmente temos menor autonomia, mas com o passar do tempo podemos fazer a observação das crianças com discussão do plano feita com a pessoa que está de serviço nesse dia. Globalmente todos são muito simpáticos e ajudam bastante, incluindo a equipa de enfermagem. E em tempos de COVID estivemos mais presentes na urgência também para ajudar na colheita de amostras para testes ao SARS-CoV-2.  Não passamos nem por internamento, nem por consultas externas neste estágio.
Em Medicina Interna, a opinião vai depender da altura em que o estágio foi feito. Os colegas que o fizeram no início do ano tiveram uma experiência totalmente diferente praticamente vocacionada para internamento COVID e em que a exaustão da equipa médica e do restante pessoal médico não ajudou no ambiente e relacionamento no serviço. Pessoalmente, tive uma experiência espetacular em Medicina Interna, tendo feito este estágio em último. O nosso horário é das 8h às 16h30 durante 4 dias por semana e uma urgência semanal que pode ser das 8h às 20h ou das 14h às 02h. Nesse caso no dia seguinte temos tolerância para chegar até às 10h tendo que compensar esse tempo até às 18h nesse dia. A urgência em Castelo Branco é variável dependendo do dia de semana, estamos presentes na sala de tratamento e apenas atendemos laranjas ou amarelos com carta do centro de saúde, temos também a área dos respiratórios que é assumida pela equipa da sala de tratamentos e muitas vezes quem vai observar os doentes são os IFGs. Em contexto de urgência, somos nós que fazemos os testes COVID a quem será internado ou realizar procedimentos mais invasivos em contexto de urgência. Os restantes dias estamos no internamento onde vemos os doentes internados em enfermaria com diversas patologias que estão atribuídos ao nosso tutor. Temos ainda um dia de consultas externas em que acompanhamos o nosso tutor. Uma das coisas que mais adorei neste estágio foi a interação com o IFEs do serviço que são todos espetaculares. De salientar que o serviço depende muito do nosso trabalho dia-a-dia em enfermaria e contexto de urgência. Neste hospital, por não existirem certas valências, temos a oportunidade de fazer técnicas como toracocenteses, medulogramas, paracenteses, punção lombar, etc.
 
2) Faz noites?
Em Cirurgia, não. Em Pediatria, como explicado apenas até à meia noite, e Medicina Interna por vezes 1 a 2 urgências até às 2 horas da madrugada (eu sei horário estranho).
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Temos a autonomia que é de esperar de um interno de formação geral. Existe sempre o apoio muito próximo dos IFEs, por exemplo, no serviço de Medicina Interna para tirares dúvidas e fazeres sugestões e existe uma altura do dia em que nos sentamos com o tutor e discutimos os doentes observados por nós em que são aceites sugestões pertinentes para o seu estudo e seguimento. No global, existe a possibilidade de tomares algumas decisões por ti desde que sejam justificadas e dentro de acordo com os interesse do doente e do plano para este já previamente planeado com o tutor e equipa assistente. 
 
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Em geral a relação médico interno-médico especialista é boa. Como em todo o lado temos dias menos bons ou alguém mais rígido, mas é tolerável e não são mal educados connosco nem nos rebaixam (no geral). 
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Os estágios de Pediatria, Medicina Interna e Cirurgia são feitos no Hospital Amato Lusitano. O estágio de MGF é feito nos dois centros de saúde presentes dentro da cidade, o CS São Tiago Saúde e São Miguel.
 
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Sim há essa flexibilidade. Nunca tivemos pedidos de comissão gratuita recusados, sendo que devem ser solicitados com alguma antecedência dependendo do serviço, normalmente com 2 semanas. Em Medicina Interna, aconselho a que seja com mais.
Em Medicina Interna, todas as sextas-feiras existe a apresentação de um trabalho de atualização ou revisão bibliográfica que pode também ser, e normalmente é, apresentado pelos IFGs.

7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Vantagens: é tudo muito perto, tem mais comércio do que esperava, a cidade é bastante acolhedora, as pessoas são muito acolhedoras, custo de vida acessível, autonomia com tutoria (há sempre alguém disposto a tirar dúvidas e a ajudar a tomar decisões), ambiente muito familiar por serem serviços mais pequenos, maior oportunidade de fazer procedimentos pelo maior número de internos e de não existirem tantas valências onde essas sejam feitas pelos internos dessas especialidades.
Desvantagens: no verão é muito muito quente (+35ºC e alturas de +40ºC); no inverno muito frio (muitas mantas e aquecedor), oferta imobiliária baixa muito absorvida pelos estudantes em outubro/novembro, não tem praia. 
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Pensem com ponderação no vosso futuro, depende muito da opinião de cada um e questionem-se se preferem um ambiente mais calmo com menos movimento onde tenham mais apoio ou se preferem um hospital maior com mais ação.  Este hospital proporciona um ano teoricamente mais calmo em que podemos repousar do estudo da PNA e reservar energias para o IFE que vai ser duro na maior parte das vezes ou se pretenderem repetir a prova um local onde terão mais tempo para estudar enquanto fazem o IFG. 
 
Testemunho do Dr. Miguel Lima Joaquim Simões Rodrigues
IFG na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, E.P.E. em 2021

Entrevistadora: Dra. Andreia Gi 

Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E.

Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano

Número de vagas para ingresso em 2022: 39

Número de vagas para ingresso em 2021: 38
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 54,886

 
Número de vagas para ingresso em 2020: 39
Classificação normalizada do último colocado em 2020: Não fechou
 
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
O dia-a-dia no Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada (HDES) é bastante variável consoante o Serviço/Especialidade e – mesmo no mesmo Serviço/Especialidade - consoante o tutor, o dia da semana e a quantidade de trabalho que existe para fazer, como em qualquer outro sítio.
De forma geral:
- O estágio de Pediatria divide-se em duas componentes. Duas semanas de Berçário e as restantes no Internamento de 2ª Infância. O Internamento propriamente dito (2ª infância) tem sido tendencialmente calmo, pelo menos este ano (eventualmente devido à diminuição das infeções por fecho das escolas/uso de máscara), com menos crianças internadas do que seria de esperar. Assim, após redigir as notas de entrada, observar as crianças internadas e elaborar os seus respetivos diários clínicos, temos oportunidade de observar consultas das várias subespecialidades (existindo abertura para assistir a consultas que não as do tutor que nos foi atribuído). Geralmente, existe uma grande flexibilidade para gerir o tempo de trabalho após completar o trabalho do Internamento. Durante as 2 semanas que passamos no Berçário, passamos por uma fase de observação (1/2 dias, de acordo com o conforto de cada um) e posteriormente assumimos a observação dos recém-nascidos na admissão e restantes dias (à exceção do dia da alta, em que são sempre observados por um especialista). Por fim, é realizada a apresentação de um trabalho de grupo para apresentação final do estágio, sobre um tema à nossa escolha, pertinente neste contexto.
- No estágio de Cirurgia Geral, a atividade de dia-a-dia realiza-se em 3 planos: Internamento (onde elaboramos as notas de admissão, diários e notas de alta, sob supervisão do nosso tutor e dos internos da especialidade), o Bloco Operatório (onde existe – de forma geral – uma abertura constante para a nossa observação/participação, de acordo com o interesse de cada um) e a Consulta (altamente variável de tutor para tutor). Por fim, a avaliação consiste na apresentação de um trabalho na reunião de Serviço (este ano, realizado a pares) sobre um tema à nossa escolha, e elaboramos um relatório final de estágio (com o intuito de nos preparar para a elaboração deste tipo de relatórios ao longo do restante Internato) que é discutido com o tutor e a Chefe de Serviço.
- No estágio de Medicina Geral e Familiar, a experiência dependerá (ainda mais) de cada tutor e Centro de Saúde, especialmente no que diz respeito a autonomia na realização de consultas e procedimentos. No entanto, de forma geral (na minha experiência e de outros colegas), o estágio consiste maioritariamente na observação de consultas (de Saúde de Adulto, Saúde Infantil e Saúde da Mulher) – presenciais e teleconsultas – e na realização de contactos indiretos, nomeadamente transcrição de resultados de exames complementares de diagnóstico, notas de alta de internamentos, relatórios cirúrgicos, etc. sem a presença física do utente, discutindo com os tutores o procedimento de acordo com o mesmo (marcação de nova consulta, tranquilização do doente, etc.). Há ainda alguns tutores, que permitem que seja o IFG a conduzir a consulta, intervindo quando necessário/respondendo a dúvidas. O estágio de MGF contempla ainda duas semanas de Saúde Pública, que, devido a pandemia, consistiu na nossa integração na Linha de Vigilância Epidemiológica.
- No estágio de Medicina Interna, o papel do IFG consiste maioritariamente na atividade do Internamento (sendo raro ser requerido que se assista a consultas, ainda que exista sempre essa possibilidade caso o Interno assim o deseje). Diariamente, os doentes atribuídos à equipa são divididos entre Especialistas, Internos da Formação Geral e Internos da Formação Específica. Os IFG são então responsáveis por observar o doente, escrever o diário e discutir as propostas de MCDTs e plano terapêutico com o seu tutor, elaborando ainda notas de admissão e alta. O estágio deveria contemplar uma avaliação através de um trabalho, no entanto, pelo que percebi, não se tem realizado a grande maioria das vezes este ano, por falta de disponibilidade de calendário.

Relativamente a férias, existe a regra de que apenas 50% dos IFG de determinada rotação podem estar de férias simultaneamente. Este ano partilhámos todos num Excel o período de férias que desejávamos de forma a identificar semanas/dias de potenciais conflitos, de forma a serem resolvidos entre nós da maneira mais conveniente, o que acabou por ser fácil.
 
2) Faz noites?
Como Internos da Formação Geral somos escalados apenas para fazer dias úteis e sábados (não somos escalados para fazer noites ou domingos/feriados). Este ano, ao contrário do ano passado, somos escalados para fazer sábados, mas como os sábados são rotativos entre os vários IFGs, acaba por ser uma raridade. O ano passado sei que os IFG eram responsáveis por fazer pré-triagem à COVID-19, mas este ano não fomos responsáveis por essa atividade.
 
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
O grau de autonomia na realização de atos clínicos é sempre variável de tutor para tutor e altamente dependente do contexto, no entanto, para tomada de decisões terapêuticas não é suposto o IFG ter autonomia, e as nossas decisões/planos têm sempre de ser aprovadas por um especialista ou interno da especialidade. De forma geral e de acordo com cada especialidade:
- Em Pediatria não existe autonomia na tomada de decisões clínicas, ainda que possas ter mais ou menos autonomia na observação dos doentes. Os doentes do Internamento são discutidos entre especialistas e internos todos os dias, e as decisões relativas a cada um são tomadas em equipa. No Serviço de Urgência, nunca vemos crianças sozinhos, sendo sempre acompanhados por um especialista ou interno da especialidade.
- Em Medicina Interna, a tendência no Serviço de Urgência é de juntar o IFG com um interno de especialidade. No entanto, dependendo do chefe de equipa e outras considerações como p.ex. a disponibilidade de gabinetes, pode ser pedido que o IFG assuma alguns doentes (sozinho ou em conjunto com outro IFG). A atuação terapêutica e o plano para o doente, no entanto, devem ser sempre discutidos com o chefe de equipa.
- Em Cirurgia Geral será talvez o estágio em que se tem mais autonomia na abordagem do doente, principalmente no Serviço de Urgência no primeiro contacto com o doente e primeira avaliação da gravidade da situação; visto os Cirurgiões e Internos da Especialidade poderem ser chamados para o Bloco Operatório a qualquer altura. No entanto, evidentemente, perante qualquer situação mais grave/séria, existe disponibilidade das outras especialidades para nos ajudar ou maneira de contactar os Cirurgiões/Internos da Especialidade.
 
4) Como é a relação médico interno-médico-especialista?
A relação dos internos com os especialistas é, regra geral, muito boa. Os médicos especialistas do HDES são tendencialmente disponíveis e interessados em ensinar, e senti sempre abertura e disponibilidade para assistir a qualquer consulta/procedimento/ato médico do meu interesse. Sinto que – de forma geral – adequam as suas expectativas e exigências ao nível de interesse de cada um na sua área específica, o que é ideal.
 
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Os estágios são todos feitos no Hospital Divino Espírito Santo, à exceção de Medicina Geral e Familiar, em que os IFGs são distribuídos entre o Centro de Saúde de Ponta Delgada, Lagoa e dos Arrifes (que eu tenha conhecimento). Existe ainda alguma abertura para realizar este estágio fora, sei que alguns colegas fizeram o estágio de Cuidados de Saúde Primários na Madeira.
 
6) Há flexibilidade para conjugar internato de formação geral com outras atividades, por exemplo, investigação?
Apesar de não ter conhecimento de causa, penso que deverá existir. O horário tende a não ultrapassar as horas previamente estabelecidas e todos sempre se mostraram disponíveis para ajustar o mesmo em situações pontuais, e ajustar a exigência/nível de atividade ao nível de interesse de cada um. Penso existirem alguns Internos da Formação Específica que realizam paralelamente atividade de investigação, pelo que existindo essa abertura, existirá também para os IFG (tendencialmente com menor responsabilidade e carga horária menor).
Temos ainda, como nos outros hospitais, os 15 dias disponíveis para formação.
 
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar internato de formação geral?
Vantagens de escolher o HDES: Na minha opinião, a grande vantagem do HDES é ser “o melhor de dois mundos”: por um lado, é um hospital altamente diferenciado, com presença de quase todas as especialidades e de referência no Arquipélago, o que nos permite contactar com patologias mais raras e uma grande diversidade de doentes. Por outro lado, existe a sensação de estar num hospital com um “staff” mais reduzido, o que permite um maior à vontade, familiaridade e bom ambiente entre todos. Pode ainda ser uma vantagem não ser escalado para fazer Urgência durante a noite (nem aos domingos). Este ano em específico, nos meses de Janeiro-Março, penso que o impacto menor que a COVID-19 teve em São Miguel também foi uma vantagem, pois permitiu que continuássemos focados na atividade “normal” e prevista para o Internato da Formação Geral, ao invés de sermos desviados para atividade relacionada com a COVID-19.
Desvantagens: honestamente não me ocorre nenhuma desvantagem.
 
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
O Internato da Formação Geral é uma excelente oportunidade para perceberes melhor os teus interesses e orientação clínica (especialidades Médicas vs. Cirúrgicas e Hospital vs. Cuidados de Saúde Primários e Crianças vs. Adultos). Para além disso, é um ano de aprendizagem mais “descontraído” sem momentos de avaliação demasiado formais. Aproveita bem para explorar as várias vertentes daquilo que queres ser/fazer no futuro :) 
 
Testemunho da Dra. Mariana Faustino Botelho de Griné Severino
IFG no Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi

Testemunho de 2020 também disponível em:
https://revistanemia.blogspot.com/2021/04/hospital-divino-espirito-santo-de-ponta.html