Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano
Número de vagas para ingresso em 2022: 3
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 88,270
Número de vagas para ingresso em 2020: 2
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 78,897
Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano
Número de vagas para ingresso em 2022: 3
Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano
Número de vagas para ingresso em 2022: 43
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto
interno na ULS Guarda?
Como em qualquer sítio, temos de fazer 40h
semanais, que são distribuídas como queremos, havendo sempre a obrigatoriedade
de termos 1 dia com 12h de urgência nos estágios em que lá estamos e uma hora
para o almoço que não conta para essas 40h (exceto nos dias de urgência em que
as 12h contam seguidas). Portanto para fazermos 8h num dia em que entremos às 9h,
teremos de “picar” a saída às 18h. E sim, há registo biométrico em todos os
estágios.
Posto isto, o horário e o dia-a-dia variam consoante o
estágio/tutor atribuído:
- Medicina: o serviço está dividido entre Medicina A e
B (eu estive apenas na A). Entramos às 9h e temos de fazer um dia de 12h de
urgência em que entramos às 8h, que vai variando consoante as disponibilidades
de todos e a escala. O trabalho no internamento é orientado pelos especialistas
e IFE’s com quem estamos. Eu acabava por ter sempre o trabalho orientado à hora
de almoço, mas depende um pouco da Medicina em que ficamos. Na Medicina A limitávamo-nos a ver apenas os doentes atribuídos aos nossos tutores, mas na B
funcionava por tiras e por vezes acabavam por ter um pouco mais de trabalho. No
que toca a consultas, por exemplo, volta a depender de com quem estamos, havendo
tutores que preferem que vão despachando o internamento e outros que gostam que
vão às consulta, prolongando-se um pouco o horário de trabalho. Resumindo, eu
acabava por ter as tardes livres, mas nem sempre é o caso.
- Cirurgia: Entramos todos os dias às 8h30, incluindo
o da urgência. Mais uma vez depende do tutor, mas na maioria das vezes tínhamos
as coisas no internamento orientadas ao fim da manhã e a maioria das tardes
livres. Também tivemos sempre liberdade para ir assistir ao bloco, ambulatório
ou pequena cirurgia (apesar de ter havido pouco quando passei por lá) e também
consultas.
- Cuidados de Saúde Primários: Nesta rotação, sim, depende completamente dos
tutores. Normalmente acompanhamos os horários dos tutores de MGF, mas há alguns
que nos dispensam nas alturas de trabalho mais “burocrático” (passar receitas,
baixas, MCDT´s). Eu acompanhei todo o horário da minha tutora, mas acabava na
mesma por ter uma tarde livre e uma manhã, por exemplo. Na saúde pública
depende um pouco da quantidade de trabalho que há nessa altura por causa do
COVID. No meu caso estava mais calmo, por isso só tinha trabalho praticamente
de manhã e era dispensado durante a tarde. Entrava às 9h e “saía” às 19h, tendo
a tarde de sexta completamente livre.
-
Pediatria: Na minha opinião, o estágio mais calmo. Entramos às 9h e há uma
reunião para passagem dos casos todos os dias a essa hora. Depois disso, íamos
para o internamento/consulta/urgência. Acompanhamos sempre os internos ou os
especialistas, mesmo na visita ao internamento, e tentamos estar sempre no
mesmo sítio dos nossos tutores. Temos as mesmas 12h de urgência semanais, que
são das 9h às 21h.
2) Faz noites ou fins de semana?
Não, obrigatoriamente. Este ano houve
colegas que fizeram urgência em regime voluntário e em horas extra, devidamente
remuneradas. No entanto, a diretora do serviço de urgência queria que os fizéssemos obrigatoriamente, portanto não sei dizer com certeza como será no
próximo ano. Normalmente estas horas extra eram feitas na triagem da urgência
geral e na urgência respiratória, em que eram um pouco abandonados e, apesar do
que nos era “prometido”, nem sempre tínhamos apoio na orientação dos doentes.
3) Tem autonomia para tomar decisões
clínicas?
Pedimos análises e MCDT´s e também temos acesso à
prescrição intra-hospitalar, apesar de o fazermos sempre (idealmente) com a
devida orientação dos especialistas ou internos. Muitas vezes discutimos os
doentes e somos nós a tratar dos pedidos e do ajuste das tabelas terapêuticas.
4) Como é a relação médico
interno-médico especialista?
No geral, boa. Há sempre pessoas menos
acessíveis e mais complicadas, mas da minha experiência é sempre possível ter
muito boas relações com os nossos tutores e as outras pessoas do serviço,
existindo sempre algum drama em todos os serviços (principalmente o de
cirurgia), especialmente agora que toda a gente está exausta pela pandemia.
Posto isto, a grande maioria dos IFG estão satisfeitos com as relações que
desenvolvem com os tutores.
5) Em que Hospital/ais e, no estágio de MGF, em que Unidades de Cuidados Saúde Personalizados (UCSP)/ Unidades de Saúde Familiares (USF) podem ser efetuadas as rotações? Há disponibilidade para fazer estágios opcionais?
No Hospital Sousa Martins (Hospital da
Guarda), na USF Ribeirinha, UCSP Guarda, conhecida também por Lameirinhas, e CS da Estação (um pouco mais
deslocado e o ideal para chegar lá é de carro). Existe um polo em Seia, mas os
IFG não vão para lá. A maior parte dos tutores é aberta à realização de
estágios opcionais, mas não sei precisar como funcionará a gestão de estágios
fora da ULS da Guarda, o que se torna limitante porque o próprio hospital não é
muito diferenciado.
6) Há flexibilidade para conjugar o
internato de formação geral com outras atividades, por exemplo
investigação?
Não sei responder com precisão a esta
pergunta, mas penso que sim, no geral os tutores e os diretores de serviço são
bastante acessíveis, mesmo com as Comissões Gratuitas de Serviço. No entanto,
não sei até que ponto haverá grande possibilidade para desenvolver
especificamente trabalhos de investigação, tendo em conta que é um hospital com
relativamente pouca diferenciação.
7) Quais são as vantagens e
desvantagens de escolher a ULS Guarda para realizar o internato de formação
geral?
Vantagens:
1) A principal vantagem é o horário, tendo em conta que conseguimos ter uma flexibilidade significativa, não fazemos noites, feriados, fins de semana;
2) Temos a possibilidade de fazer horas extra no serviço de urgência, que são remuneradas;
3) Não temos grandes problemas nas aprovações de Comissões Gratuitas de Serviço e temos liberdade para as submeter praticamente para quando queremos, desde que seja com 20 dias de antecedência (se submetermos com menos, também aprovam, sendo uma questão de comunicar isso aos recursos humanos);
4) Permite-nos conhecer a realidade de um hospital periférico, com menos recursos e menor diferenciação (algo subjetivo se é vantagem ou desvantagem, mas acho que é bom conhecermos as várias realidades);
5) Por fim, é uma terra bonita, com muita beleza natural para visitar (a Serra da Estrela fica a 30min de carro e também se chega facilmente a Espanha);
6) Consegue-se
casas com arrendamento por preços relativamente acessíveis, especialmente se
compararmos com outras regiões mais centrais, como Porto e Lisboa.
Desvantagens:
1) A principal desvantagem e que me faria ponderar voltar a escolher a Guarda ou não é a Urgência. Este ano esteve extremamente desfalcada, não havendo muitas vezes ninguém alocado à triagem médica nem à urgência respiratória. Portanto, nós, IFG´s, éramos muitas vezes colocados lá, praticamente sem apoio e a assumir doentes sozinhos. Acabávamos eventualmente por conseguir discutir os casos com alguém, mas muitas vezes chegávamos ao fim do dia com um número considerável de doentes “laranja” em nosso nome. Para além disso, tem existido um número absurdo de pessoas admitidas na urgência, muitas delas com necessidade de internamento, mas que acabam por lá permanecer dias por falta de vagas e a urgência quase a parecer “um segundo internamento”;
2) É um hospital periférico com poucos recursos e tem
vindo a perder ainda mais por falta de especialistas, como é o caso da
Gastrenterologia, como também nem todos os dias têm ecografias disponíveis na
urgência, por exemplo. Isto torna-se limitativo no sentido de explorar outras
áreas e porque qualquer caso mais complicado ou interessante acaba por ser
referenciado para outros hospitais, como Viseu ou Coimbra.
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Penso que acaba por ser um bom sítio para se realizar o ano comum, tendo em conta que temos um horário relativamente leve e flexível e o ambiente no hospital é geralmente bom. É fácil de se fazer a transição de estudante para trabalhador. Não sei até que ponto as horas extra no serviço de urgência compensarão tendo em conta a carga de trabalho e emocional que é, mas dependerá muito de cada um.
Será uma boa escolha para se ter um ano relativamente calmo e com tempo para gastar noutros projetos ou atividades. Acima de tudo, é um bom ano para aproveitar e encher de descanso e lazer.
Entrevistador: Dr. Pedro Silva
Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano
Número de vagas para ingresso em 2022: 40
Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3º ano
Número de vagas para ingresso em 2022: 36
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi