Cartaz: Gonçalo Sabrosa, 3ºano
Número de vagas para ingresso em 2022: 19
Número de vagas para ingresso em 2021: 20
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 79,128
Número de vagas para ingresso em 2020: 27
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 79,974
Classificação normalizada do último colocado em 2021: 79,128
Número de vagas para ingresso em 2020: 27
Classificação normalizada do último colocado em 2020: 79,974
1) Como é o seu dia-a-dia enquanto interno nesse centro hospitalar?
A nível hospitalar, a maior parte dos dias são passados na enfermaria. Em Medicina Interna, costumava ver os meus doentes sozinha e discutia o plano com a tutora no fim; em Cirurgia, fazemos ronda em equipa todas as manhãs. Depois, é escrever os diários clínicos e orientar o que for preciso em relação a exames, terapêutica, notas de alta… Em Cirurgia, costumo sair da enfermaria à hora de almoço. Em Medicina Interna, saía um pouco mais tarde, dependendo do que houvesse para fazer. A entrada é às 8h30 em ambos.
Para além da enfermaria, em Medicina Interna, há um dia por semana de urgência externa (12 horas – das 8h30 às 20h30). Em Cirurgia, também há um dia de "banco" semanal (das 8h30 às 24h00), bem como uma tarde de bloco operatório (cirurgias eletivas), que costuma acabar pelas 18h. Não assistia/assisto a consultas em nenhum dos dois, mas também nunca fiz muita questão em assistir.
Em MGF e Saúde Pública, todos os dias são passados no Centro de Saúde e os horários/dinâmica dependem muito do sítio para onde vamos e do tutor que temos. Estes meus estágios foram basicamente TraceCovid, o que não me parece que se vá manter no próximo ano (pelo menos não na mesma proporção).
Ainda não passei pela Pediatria, por isso não consigo dar grande feedback.
De uma forma geral, cumpro as 40 horas semanais estipuladas.
2) Faz noites?
Não faço noites, não faço fins-de-semana, e não faço feriados. Das poucas vezes em que fiz fim-de-semana (na altura crítica do Covid e de forma voluntária), pagaram como horas extra.
3) Tem autonomia para tomar decisões clínicas?
Tenho muita autonomia, tanto na enfermaria como no Serviço de Urgência, mas nunca me sinto desamparada ou insegura – há sempre alguém por perto a quem pedir ajuda ou com quem esclarecer dúvidas.
Não passo receitas e não posso efetivar altas no sistema, o que acho que até faz sentido nesta fase inicial da nossa formação. De resto, faço tudo.
4) Como é a relação médico interno-médico especialista?
Até hoje, fui muito bem tratada. Há algumas exceções (como em todo o lado), mas tive muita sorte nas equipas com que fiquei e não tenho grandes razões de queixa. Bom ambiente no geral e disponibilidade, quer por parte dos especialistas, quer por parte dos Internos de Formação Especializada. Costumo ir trabalhar muito feliz.
5) Em que hospital(ais) e USF(s) podem ser efetuadas as rotações?
Os estágios de Pediatria, Cirurgia Geral e Medicina Interna são feitos no Hospital de Vila Franca de Xira. Saúde Pública pode fazer-se no Forte da Casa ou em Vila Franca de Xira. MGF depende dos grupos – na minha rotação, estiveram disponíveis os centros de saúde de Alverca (USF Gago Coutinho), Vialonga (USF Vilalonga), Samora Correia, Alenquer e Vila Franca de Xira (USF Terras de Cira).
6) Há flexibilidade para conjugar o internato de formação geral com outras atividades, por exemplo investigação?
Por ser um hospital distrital relativamente pequeno, não sinto que a investigação esteja tão presente como em grandes centros universitários. Mas dada a flexibilidade do horário, acho que é relativamente fácil ter tempo para projetos extra internato.
7) Quais são as vantagens e desvantagens de escolher esse centro hospitalar para realizar o internato de formação geral?
Para mim uma das grandes vantagens é não fazer noites (gosto muito de dormir e foi um fator decisivo na minha escolha). Por ser um hospital mais pequeno, as pessoas acabam por se conhecer todas e o ambiente é muito acolhedor. Não me sinto explorada e as urgências de Cirurgia e Pediatria são muito mais calmas relativamente aos grandes centros (as de Medicina Interna são, provavelmente, o caos em todo o lado).
Para mim, a maior desvantagem é a distância relativamente a Lisboa; a viagem é rápida (20 minutos), mas gasto muito em gasolina e portagens, o que pode não ser um fator a favor de quem quer aproveitar este ano para poupar. Claro que para quem é da zona ou vive na zona esta regra não se aplica. Para quem não tem carro, fica complicado (a estação de comboios é longe e os autocarros valem o que valem). Outra desvantagem é não haver grande abertura para fazer estágio opcional. Na verdade, o nosso programa formativo já não o abrange - até estão a fazer aquilo que é correto, embora acabe por ser limitativo para nós. Alguns colegas meus falaram com o tutor e puderam passar algum tempo do estágio de Medicina Interna noutra especialidade médica; no entanto, há sítios onde os Internos de Formação Geral têm mais liberdade neste aspeto. Por fim, não contactamos com patologias mais raras ou mais emocionantes (esses casos costumam ser transferidos para hospitais mais diferenciados).
8) Que conselho daria a um finalista de medicina que está prestes a fazer essa escolha?
Acho que a escolha depende muito dos objetivos e personalidade de cada um. O meu objetivo para o internato de formação geral passava por ter um ano calmo, em que pudesse recuperar do 6º ano e dedicar-me mais à família e à vida no geral. Para quem quer mais adrenalina e gosta de andar a mil à hora, talvez um hospital central seja mais adequado.
O Hospital de Vila Franca de Xira foi uma parceria público-privada até maio de 2021, ou seja, passou a EPE há muito pouco tempo, pelo que podem surgir mudanças que não consigo especificar neste momento.
Testemunho da Dra. Ana Rita Ferreira Martins
IFG no Hospital de Vila Franca de Xira, E.P.E. em 2021
Entrevistadora: Dra. Andreia Gi