Ode ao Amor - A Challenge

Para Sempre, Fénix

Hoje vamos fazer amor junto à lareira.
Chove lá fora. Vamos ceder um ao outro e deixar que a loucura fale à luz da labareda. Vamos ser transparentes, invisíveis, vultos taciturnos na parede, acanhados de vida. Vais ser o sol, eu a chuva. Aparecerá algures no Paraíso um arco-íris quase tão bonito como a nossa paixão desmedida. É incurável, eu sei, mas deixo o antídoto para quem o queira. Aquele que se demora a ser feliz perde-se nas margens do rio do esquecimento, jaz para sempre na sombra do que poderia ter sido outrora.
Depois cantas aquela poesia de que eu gosto tanto, não tanto como de ti, ao meu ouvido, nessa tua voz rouca. Recosto-me sobre o teu peito e demoro-me nos teus caracóis dourados e brilhantes, na tua pele adocicada. A chuva cessará e as nuvens abrirão gentilmente caminho para a rainha da noite ser a testemunha eterna de uma felicidade só nossa. Lá perto do fim perguntar-te-ás o que fizeste para merecer uma mulher como eu e eu sussurrarei que és o homem mais sortudo à face da Terra. Adormeceremos pela alvorada.
Mas não, hoje vou comer sozinha, sentada à lareira.
Chove lá fora. Disseste que ias chegar mais tarde, tinhas uns assuntos a tratar com urgência. Vou ler aquela poesia de que gosto tanto, recostar-me sobre a almofada de veludo e tentarei desenhar a saudade numa folha branca. Entrançarei o cabelo e deitar-me-ei na nossa cama. Na manhã seguinte sei que repararás no facto de ter mudado os lençóis outra vez e também sei que não vou dizer que é por sentir o cheiro a outra fragrância, não a minha. Vou pedir-te mais cinco minutos contigo na cama contudo sei qual será a resposta.
Antes de saíres, ainda limparei as cinzas da lareira.
 

Ana Sousa




Cratera na Alma

Atingiste-me, um meteorito
Um irracional algoritmo
Um raro e indefinido atrito
 
Só no olhar, que impacto
No frágil coração – o epicentro
Devastando, sem um único contato
Que dócil sofrimento.
 
Depois do brusco choque
Foi só estilhaçar, nem reparas
Para ti foi só um simples toque."
 

Carolina Sequeira




Uma Ode ao Amor

Uma ode ao amor.
O amor das horas vagas,
Dos minutos preenchidos,
Dos segundos galopantes.
Peço só mais uns instantes,
Para olhar para ele e vê-lo sorrir.
O amor que preenche o vazio
E transborda o por si só completo.
Um quadro brilhante, nosso e certo
Pintado com cuidado, forrado a ouro.
O amor que abraça com mais do que o corpo,
Que embala e beija com a alma.
O cheiro dele traz-me esta calma,
A serenidade de um lar no fim do dia.
O amor do calor dos dois,
Do primeiro olhar ensonado,
Do céu enevoado ou ensolarado.
Daria tudo para o ver acordar todos os dias,
Enchê-lo de beijos com os bons dias,
Amá-lo do início ao fim (que fim?).
O amor que me segura,
Que me cresce e me constrói,
Que me molda e me melhora.
Uma vida inteira que demora,
Que às vezes chora, que devora,
Mas devolve em dobro. Em infinito.
O amor que ajuda, que é amigo.
Ele, que partilha comigo
A vida que move ambas as nossas engrenagens.
O amor que confia sem igual,
Que não julga, que protege,
Resiliente e incondicional.
Uma ode ao amor.
Ao amor que resiste.
Ao amor que me deste.
Obrigada.
Sara Cardoso
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