Hoje
venho falar-vos de saúde mental. Imaginem-se num Mundo paralelo a este, não tão
paralelo como queríamos porque inevitavelmente para lá caminhamos, onde a saúde
mental de cada um de nós estaria a ser levada por caminhos apertados.
Imaginem-se em situações desconfortáveis para vocês, para os vossos corpos e
corações e aniquilem a necessidade de se sentirem bem com isso, ficando, assim,
a vossa sanidade mental na primeira linha de combate. E querendo eu trazer-vos
motivos para acreditar que conseguimos tudo aquilo que quisermos e
ultrapassaremos este momento de maior dificuldade mundial – na saúde pública,
na economia, na política, na gestão de países, na rutura de stocks - assusta-me
que se fale (porque se fala, se olharmos com olhos de ver) na prioridade na
saúde mental.
Em
todo o Mundo existem, neste momento, milhares de pessoas fechadas nas suas
casas e, aqueles que não se encontram com as portas trancadas à pandemia,
encontram-se fechados em si: profissionais de saúde e profissionais na linha da
frente no que toca à necessidade de bens essenciais. Essencial é, também, olhar
para isto e parar para pensar. Pensar no impacto gigante que este processo
trará às nossas vidas, num futuro que ainda não sabemos quando chegará. Não
sabemos para onde caminhamos, mas caminhamos juntos. Importa olharmos para as
nossas rotinas que agora deverão ser sobrevalorizadas, redefinir objetivos e
mantermo-nos conscientes, mas em equilíbrio, como uma corda bamba entre a preocupação
e a satisfação de estarmos aqui.
Ninguém
pode sair para tomar o café da manhã na esplanada, ouvir a peça de teatro que
dá as boas vindas ao fim de semana, passar à frente na fila do supermercado
porque estava demasiado grande para a nossa pequenez e os segundos contados da
nossa agenda levam-nos a pedir permissão para passar à frente.
O
mundo foi chamado a abrandar e, individualmente, cada de um de nós teve de
parar ou teve de acelerar na luta contra a exponencialidade da curva
epidemiológica. O fim que queremos é o mesmo, nisto a humanidade está de mãos
dadas. Foi preciso algo invisível e poderoso para nos fazer dar as mãos, ironia
do destino ou não, sem nos podermos tocar.
E
falando daquilo que me preocupa para além de tudo aquilo que nos preocupa:
quero falar-vos de saúde mental.
Mantenham
hábitos de vida saudável: criem um ritmo de sono adequado às vossas
necessidades, saiam da cama como se fossem sair de casa (e saiam do conforto do
pijama), alimentem-se bem, sem exageros mas com espaço para aquecer o coração,
pratiquem exercício físico, mesmo que o sofá e a vossa inércia queira falar
mais alto, ouçam aquilo que vos faz feliz a cada dia e recordem-se disso todos
os dias quando acordarem, leiam, mas, acima de tudo, escrevam. Escrever
consciencializa-nos. Permitam-se. Não se descuidem, não deixem de olhar pela
janela e ver a coisa pelo lado bom. Mantenham a casa limpa e o cabeça no sítio,
atualizem-se com informações fidedignas e apenas durante o tempo necessário
para não gerar em nós (ainda mais) ansiedade.
Preocupa-me
o impacto da pandemia na saúde mental. Preocupa-me que quando possamos sair à rua
e nos socorrermos à liberdade, de livres pouco teremos. Preocupa-me os
profissionais que depois da guerra, terão pós-traumas importantes e que
necessitarão de ajuda para serem ultrapassados. Preocupa-me que não procurem
ajuda. Preocupa-me as populações, desde os mais novos aos mais velhos. Temos
que tomar medidas individuais que nos permitam sermos melhores e continuar a
alcançar objetivos e metas que antes nos pareciam insignificantes.
É
urgente cuidarmos uns dos outros, mas é urgente que cuidemos de nós.
E,
no meio da incerteza e da imprevisibilidade do destino, não se esqueçam de
acreditar. Não se esqueçam de ser pacientes, compreensivos e amigos deste que é
o único planeta que temos para estar. Encontrem-se. Acreditem. Vamos sair.
Vamos voltar a sair e nada vai ser como antes, o que não será necessariamente
mau, porque temos em nós as ferramentas necessárias para nos adaptarmos à
mudança desde que nascemos.
Cuidem
de vocês e cuidem da vossa saúde mental, porque sem ela, aí sim, estaremos
perante outra crise mundial.
Eu
acredito! E tu, acreditas?
Francisca
Pinho, 5º ano
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